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Ator baiano denuncia abordagem racista em aeroporto: 'Protocolos sempre acham pessoas pretas'

Sulivã Bispo voltava de Recife para Salvador: "Racismo não descansa"

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 9 de setembro de 2021 às 11:54

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Reprodução/Instagram

O ator e humorista baiano Sulivã Bispo denunciou uma abordagem racista que sofreu no Aeroporto de Recife na quarta-feira (8), quando voltava de dias de férias em Porto de Galinhas para Salvador. Ele fez uma série de posts nas redes sociais expondo a situação. "Esses protocolos deles sempre acham as pessoas pretas", afirma Sulivã, em conversa com o CORREIO. "O racismo não descansa e sempre dá golpe na gente, mas a gente tem que reagir".

Sulivã diz que está com alguns adereços nas tranças do cabelo, mas passou normalmente pelo raio-x no Aeroporto de Salvador, na viagem de ida. "Meu cabelo está com uns tererezinhos, que estão com umas partes metalizadas. Passei no Aeroporto de Salvador e foi tranquilo, passei no raio-x e não apitou nada", conta.

No retorno, foi diferente. A máquina apitou. Primeiro, Sulivã tirou o óculos que usava, por acreditar que poderia haver algum material que o detector indicasse. Não resolveu. Um funcionário da segurança então fez uma busca com um detector de metais passando por todo corpo de Sulivã. "Ele disse: 'você quer que eu te reviste aqui ou numa  sala?' Como já sei que nessas salas acontecem tudo, preferi ali".

O detector apitou quando passou no cabelo de Sulivã. "Deduzi que pudesse ser os adereços do meu cabelo. Mas aí ele falou 'vou ter que te revistar novamente, porque é protocolo". Houve uma revista apalpando Sulivã e pedido para ele retirar os sapatos. "Por que você vai pedir que eu tire os sapatos se já viu que apitou na cabeça?", questionou o humorista. Novamente, a resposta é de que era uma revista seguindo protocolo. Os sapatos foram retirados e nada foi encontrado.

O funcionário pediu para Sulivã soltar os cabelos e foi atendido. "Ele começou a passar a mão dentro do meu cabelo, coçar meu couro cabeludo. Falei 'isso faz parte do protocolo?' e ele disse que fazia. E eu comecei a ficar constrangido", relata.

'Super agressivo' Depois, Sulivã foi liberado, mas quando já estava no portão de embarque resolveu voltar e confrontar o segurança, questionando a abordagem, ouvindo mais uma vez que se tratava do protocolo. "Mais de quatro vezes passando mão no meu cabelo. Para mim que sou de candomblé, pessoa iniciada, passar a mão no meio da cabeça da pessoa é super agressivo. a parte principal do meu corpo, uma parte que é sagrada", desabafa Sulivã.

Um supervisor da área foi chamado e também disse que era uma questão de segurança e protocolo. "Eu disse a ele: o protocolo de vocês está aqui (apontou para pele). Está na melanina. Porque pessoas brancas vieram atrás de mim com coisas que poderiam ser suspeitas e não pararam. O protocolo de vocês é o racismo, vocês são racistas".

O funcionário não gostou e disse que Sulivã estava praticando crime ao chamá-lo de racista. "Eu que sou a vítima agora sou criminoso? Se a intenção dele era de me humilhar, eu constrangi ele", afirma, dizendo que é preciso "gritar aos quatro cantos do mundo" quando situações e sistemas racismas são colocados em prática.

Na conversa, Sulivã diz que em outros tempos talvez chorasse de raiva e não reagisse, mas hoje em dia coloca em prática a política do constrangimento. "O racismo quando não mata, ele enlouquece. Eles que têm que enlouquecer. A gente tem que devolver, infelizmente a gente tem que devolver dessa forma. Quando a gente conversa a gente é mimizento, quando a gente explica é racista reverso. Quando a gente grita, é criminoso?", questiona. "Tem que gritar, constranger e dizer que isso nos fere".

Sulivã diz que não registrou o caso na polícia, até por medo de perder o voo. Ele chegou em Salvador à noite. "Mas a minha intenção eu consegui: foi chamar ele de racista, mostrar que o protocolo dele é racista e constranger ele na frente de boa parte daquele aeroporto".

Em nota, a administração do aeroporto pediu desculas pelo episóidio e afirmou que os funcionários são treinados para que as abordagens sejam feitas de maneira adequada. "O Aeroporto do Recife pede desculpas ao ator Sulivã Bispo pelo constrangimento e reforça que repudia qualquer tipo de discriminação, por isso abrimos um procedimento interno para investigar o caso. Ressaltamos que essa não é uma prática da nossa equipe e que os colaboradores recebem treinamento para que esse tipo de situação não ocorra", diz o texto.

Repercussão Sulivã postou o caso tanto no Twitter quanto no Instagram. "Em outros tempos eu choraria de raiva ou de vergonha, mas assim como Orixá a arte negra também nos dá força, ousadia e coragem para duelar contra as injustiças", reforçou ele na legenda do post feito no Insta. 

Várias pessoas se solidarizaram com o humorista. "Pedagodia do constrangimento sempre funciona. Uma vez em GRU a mulher invocou com o torço, a outra, que era preta, falou “ se ela fosse mulçumana vc ia mandar tirar o véu, passe moça” Eu ri", escreveu a jornalsita Rita Batista. "Olhe, parece que nada vai para frente.. que ódio", comentou o influencer O Cleidson. A apresentadora Astrid Fontenelle deixou uma mensagem. "Pedagogia do Constrangimento!! Boa!", escreveu.