Aumento no consumo de vinho é um caminho sem volta, diz Carlos Cabral

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  • Paula Theotonio

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Vem aí uma nova leva de vinhos portugueses para a gente provar. As unidades baianas do Cencosud, Pão de Açúcar, Makro e Atakarejo já aderiram ao Festival Vinhos de Portugal, realizado pela entidade representativa Vinhos de Portugal em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Entre os dias 23/10 e 01/11, quando o evento acontecerá em todo o Brasil, está prevista a promoção de até 1.500 novos rótulos de quase 200 vinícolas lusitanas.

De acordo com o consultor do evento, o especialista Carlos Cabral, a ação pega carona no aumento do consumo de vinhos no Brasil para consolidar a produção portuguesa no paladar brasileiro.

“Portugal já está hoje em 2º lugar no ranking nacional de vinhos importados, perdendo apenas para o Chile. E isso se explica pelo excelente custo-qualidade do vinho português, seus rótulos de fácil compreensão e o fato de não serem estandardizados, com o mesmo sabor. São pelo menos 14 regiões produtoras com estilos diferentes e mais de 250 uvas nativas, trazendo um diferencial”, comentou Cabral.

Buscando capacitar os estabelecimentos para os ajustes necessários e preparar os colaboradores para as vendas, o próprio Cabral vai fazer um treinamento virtual. “Serão pelo menos três horas de aula e cada um dos participantes irá receber uma apostila de 96 páginas para estudar. Eu gostaria de fazer o workshop pessoalmente, inclusive com degustação, porque muitos vendem vinho sem nunca terem bebido uma taça. Devido à pandemia não conseguiremos, mas a gente espera que as pessoas se dediquem”, conta.

As escolhas dos rótulos e os preços praticados ficarão a cargo de cada empresa, que vai receber materiais publicitários para decoração e ganhará divulgação nacional. Para aderir à ação, basta enviar um email para Carlos Cabral ([email protected]) e para Alfredo Rente ([email protected]).

Um caminho sem volta Carlso Cabral, consultor do Festival Vinhos de Portugal (Foto: Divulgação) Para Cabral, o aumento no consumo de vinhos no Brasil não é uma simples tendência passageira. “Quando você compreende esse universo – nunca se falou tanto em vinho como agora! – e passa a encarar vinho com naturalidade, não tem volta. O novo consumidor redescobriu o vinho, passou a bebê-lo acompanhando refeições em casa e não somente em ocasiões especiais. Comprou uma taça adequada e descobriu que é uma bebida agregadora, que traz alegria”, analisa.

Ele conta que, ao longo de sua trajetória no Pão de Açúcar, transformou em enófilos centenas de colaboradores que nunca tinham bebido uma garrafa. “Formei 525 pessoas nos últimos 20 anos, fazendo cursos de uma semana. Cerca de 90% dos alunos iniciaram os estudos tomando vinho pela primeira vez e chegaram a provar 400 amostras no processo. Ninguém voltou atrás. Meninos que ainda continuam como atendentes, mas economizam para comprar algumas garrafas ao final do mês e ensinaram toda a família a beber vinho”, revela.

Para o especialista, só existe um obstáculo nessa nova etapa da história do vinho no Brasil: “Nossa situação político-econômica”, opina. “Até eu deixaria de beber vinho se ficasse insustentável financeiramente. O câmbio está muito desfavorável e pode até vir a frear um pouco o consumo aqui no país. Passada a pandemia, veremos se o aumento continuará. Mas eu acredito que seguirá, ainda que mais lento”, revela.

Ainda de acordo com Cabral, o novo consumidor de vinho trará um desafio aos restaurantes que servem vinhos.“O cliente aprendeu a beber em casa, pagando um preço mais em conta nos mercados e adegas. É inadmissível que estes estabelecimentos sigam com margens de lucro de 200%, 300% em cima de uma garrafa que já está ali, pronta para ser servida. Eu, inclusive, já deixei de beber quando vi o valor absurdo. Ou colocam um preço honesto e justo, ou não irão vender”, aponta.