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Alexandre Batista de Jesus vendia roupas no bairro há mais de cinco anos
Bruno Wendel
Publicado em 17 de janeiro de 2021 às 13:07
- Atualizado há um ano
(Foto: Reprodução) Alexandre Batista de Jesus, 36 anos, era de correria. Vendia roupas nas ruas para sustentar o filho de sete anos. Gente boa, facilitava para todo mundo, mas não admitia enrolação. Em dezembro, dois rapazes compraram 10 peças de roupas e não pagaram. Alexandre nunca teve medo de cobrar a dívida, mesmo ciente que os compradores eram traficantes. Nesta quarta-feira (13), Alexandre recebeu uma ligação dizendo que a dívida seria quitada. Acreditando que receberia o dinheiro, ele não hesitou e foi ao encontro dos clientes, mas acabou sendo morto com vários tiros no bairro de Vale dos Lagos.
O corpo de Alexandre estava como ignorado no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLRN), até a chegada da família nesta sexta-feira (15). Ele foi encontrado sem documentos. “Ele recebeu uma ligação dizendo que iam pagar ele, que era para ir a um ponto de encontro e nunca mais foi visto com vida pela família”, contou um amigo dos parentes de Alexandre, que não quiseram falar sobre o assunto. O autônomo foi enterrado neste sábado (16) no cemitério municipal de Plataforma. O CORREIO esteve em Vale dos Lagos e moradores relataram que os autores do crime integram a facção Tropa do A.
De acordo com amigos de Alexandre, o autônomo vendia roupas no bairro há mais de cinco anos. Sua loja era a rua e sua vitrine era uma corda amarrada em frente à casa onde as peças ficavam expostas. Ele vendia bermudas, camisas, bonés, saias, vestidos. Todos os seus produtos eram da loja de moda unissex, que pertence a um ex-cunhado do bairro de São Marcos. Dias antes do Natal, dois rapazes compraram 10 peças, com a promessa de pagar dias depois, o que não aconteceu.
“Ele era um cara trabalhador, se virava. Fazia de tudo para sustentar o filho e precisava do dinheiro, afinal, tinha que prestar conta à loja. Como os caras não pagaram, ele passou a cobrar, ficar insistindo. Ele chegou a ir até o encontro dos caras exigir o dinheiro, mas ficavam de enrolação”, contou um amigo.
Na quarta-feira, Alexandre atendeu uma ligação no celular. Ele estava em casa, na Vila São Francisco. Do outro lado da linha, era um dos devedores, dizendo que iam pagá-lo naquele momento, chamado-o para um encontro. E assim Alexandre fez e não mais voltou para casa. “No dia seguinte (quinta), os parentes procuraram ele em hospitais e delegacias. Na sexta, foram ao IMLRN e identificaram o corpo”, contou o amigo.
O CORREIO procurou saber sobre a investigação do caso. A Polícia Civil informou que foi encontrado um corpo de um homem em um matagal com vários disparos de arma de fogo. A vítima estava sem identificação. “A autoria e a motivação estão sendo apuradas pela 2ª DH / Central”, diz trecho de nota.