Bahia estima perdas de até R$ 60 milhões na crise do coronavírus

Com futebol paralisado, Tricolor teve que refazer as contas para a temporada 2020

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 7 de abril de 2020 às 16:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

O orçamento recorde projetado pelo Bahia para a temporada 2020 dificilmente vai ser concretizado. Pior. Com o futebol brasileiro paralisado por conta da pandemia do novo coronavírus, o tricolor precisou refazer as contas e estima que pode ter uma perda de até R$ 60 milhões nas receitas.

Em dezembro do ano passado, quando apresentou o orçamento para atual temporada, o Bahia estimou arrecadar em 2020 R$ 180 milhões. O valor superaria em R$ 36 milhões o orçamento de 2019 e derivaria de receitas como a bilheteria, direitos de transmissão, vendas de atletas, patrocínio, vendas da loja, entre outros. Mas o cenário mudou. 

Sem jogos e a incerteza de quando os campeonatos vão retornar, a diretoria tricolor tem refeito o planejamento e buscado soluções para enfrentar a instabilidade da crise. Em entrevista ao jornalista Jorge Nicola, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, explicou que no pior dos cenários, o clube estima ficar até três meses sem atividades. 

A última vez que o Esquadrão entrou em campo foi no dia 14 de março, quando venceu o América-RN, por 2x0, na Arena das Dunas, em Natal, pela Copa do Nordeste. 

“O impacto do coronavírus nessa expectativa de arrecadamento de R$ 180 milhões é grande ou médio, pequeno não vai ser. Eu diria que pode frustrar entre 20% e 30% da receita em um cenário ruim, perder entre R$ 50 e R$ 60 milhões talvez, e em um cenário médio perder entre R$ 20 e R$ 30 milhões. É com isso que estamos trabalhando para conseguir um faturamento mínimo para sobreviver no ano de 2020”, explicou o Bellintani.

As perdas estimadas pelo tricolor podem vir de múltiplas frentes. Para chegar aos R$ 180 milhões, o Bahia desenhou o seu orçamento da seguinte forma: R$ 60 milhões em contratos de televisão, R$ 30 milhões em venda de atletas, R$ 45 milhões entre o plano de sócio torcedor e bilheteria, e o restante em receitas variadas como patrocínios e venda de camisas. 

“Essas perdas podem vir do desconto dos direitos de televisão, o próprio plano de sócios, que pode ter uma perda significativa, a venda de atletas, que vai depender muito como o mercado vai reagir. Se o mercado internacional se recuperar, esses R$ 30 milhões de venda de jogadores a gente pode recuperar, mesmo tendo uma crise no mercado interno. Já essas receitas acessórias têm um impacto muito grande pois são muito variadas, vão desde royalties, venda de camisas e outras coisas”, analisou Bellintani.

Soluções  Para tentar reduzir o prejuízo, o Bahia já tem adotado algumas soluções. O clube aplicou desconto na parcela mensal do plano de sócios do mês de abril para os associados que manifestarem dificuldades. Além disso, lançou campanha para estimular a adimplência. Os associados que se mantiverem em dia vão ser homenageados pelo clube na construção de um monumento no CT Evaristo de Macedo.   O Esquadrão também tem renegociado o contrato com fornecedores, mas a principal medida vai recair sobre o salário de atletas e dirigentes. A diretoria do Bahia vem negociando a redução da remuneração dos jogadores enquanto as atividades estão paralisadas. O elenco teve férias de 20 dias antecipada no último dia 1º.   Outros membros do departamento de futebol e o próprio Guilherme Bellintani também vão ser afetados pela medida. “No plano de despesas, é lógico que repactuamos todos os contratos, inclusive jogadores. Eles não podem ficar à margem disso, fingir que não é com eles. Mas temos uma relação muito franca e aberta com os jogadores. Estamos conversando com muitos atletas, representantes e com o grupo no geral. Os atletas estão sendo muito compreensivos, mas, naturalmente, sempre levam muitas dúvidas e a gente quer fazer do jeito mais arquitetado possível”, esclareceu o presidente.

A medida não é uma novidade e tem sido adotada por vários clubes no mundo. No Barcelona, os jogadores tiveram as remunerações reduzidas em 70%. O Atlético-MG anunciou diminuição de 25% nos contratos de todos os funcionários que ganham mais de R$ 5 mil. 

Já Vila Nova, Atlético-GO e Goiás se uniram e propuseram um desconto de 50% nos salários dos jogadores nos meses de abril e maio, mas a proposta foi vetada pelo sindicato da categoria no estado.