Bahia terá serviços parcialmente fechados a partir desta sexta-feira

Lockdown parcial visa diminuir disseminação da covid-19 e desafogar UTIs

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 05:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Estabelecimentos comerciais fechados, proibição da venda de bebidas alcoólicas e garantia de funcionamento apenas do que é considerado serviço essencial. A partir das 17h desta sexta-feira, 26, até às 5h de segunda-feira (1º de março), a Bahia entra em um estágio de lockdown parcial para conter o avanço desenfreado da covid-19 e o colapso na saúde. A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado, foi anunciada nesta quinta-feira, 25, pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), o governador Rui Costa (PT) e o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro. 

Pelo endurecimento das regras, ficam suspensas todas as atividades que não estejam relacionadas à saúde pública, alimentação e segurança em toda a Bahia. O fechamento parcial terá início gradual e escalonado a partir das 17h desta sexta, com o fechamento do comércio de rua. Às 18h, será a vez de bares e restaurantes com atendimento presencial fecharem e, às 19h, os shoppings, galerias e demais centros comerciais também cerram portas.

A diferença de horário servirá para evitar aglomeração de trabalhadores no transporte público. Ainda segundo o decreto, os estabelecimentos deverão encerrar as atividades com até 30 minutos de antecedência, de modo a garantir o deslocamento dos trabalhadores.

A sugestão do ‘lockdown’ parcial foi dada pelo prefeito Bruno Reis. “Ontem (quarta-feira, 24), liguei para o governador após conversa com todos os prefeitos da Região Metropolitana. Tive essa iniciativa para mostrar a gravidade do momento que estamos enfrentando. Aqui em Salvador, os números de ocupação das UPAs, nas últimas 24h, superam o dobro do pico da primeira onda. Foram regulados 66 pacientes e há mais 67 aguardando vacância para serem transferidos”, afirmou.

Na entrevista coletiva para detalhar a medida, foi explicado que o toque de recolher já instituído pelo governo do estado continuará valendo, com a proibição das pessoas circularem nas ruas após às 20h. “O toque de recolher continua funcionando. Um lockdown total se refere a 100% das atividades fechadas, inclusive mercados. Nós até discutimos a possibilidade disso e optamos por não fazer. Se fechássemos, mercados iam lotar hoje (quinta, 25) e amanhã (nesta sexta, 26). Em  vez de garantir distanciamento, ia ter aglomeração. Todo mundo ia achar alguma coisa para comprar que está faltando em casa”, disse o governador.

As medidas de restrição serão monitoradas por policiais militares e civis, guardas municipais e agentes de fiscalização. Quem não cumprir o decreto pode ser indiciado por crime contra a saúde pública, segundo o governador. “Isso está em lei federal. Nós não queremos lotar cadeias e presídios. Queremos que as pessoas tenham responsabilidade com a sua saúde, de sua família e da comunidade”.  

Regras 

São considerados serviços essenciais os estabelecimentos que prestam serviços relacionados à saúde pública (a exemplo de farmácias e a campanha de vacinação), os que comercializam alimentos (mercados e padarias) e o transporte público. “As pessoas podem precisar do ônibus para se transportar, ir até uma farmácia, mercado ou até uma unidade de saúde”, explicou Rui Costa.  

O funcionamento por delivery estará autorizado até a meia-noite, segundo disse o governador na coletiva. “O dono do estabelecimento vai ter que levar as pessoas que trabalham para casa, pois não vai ter transporte nesse horário”, disse. No entanto, já a partir das 18h desta sexta, está proibida a comercialização de bebidas alcoólicas em qualquer estabelecimento da cidade, incluindo os mercados. Essa medida também vale até às 5h da segunda. 

Durante todo o período, nenhuma atividade coletiva de esporte poderá ser realizada, bem como as atividades presenciais de natureza religiosa, política ou cultural. “Eventualmente atividade esportiva Individual, ou de caminhada, tudo bem. Mas as atividades coletivas não podem para evitar imagens de torneios de futebol em comunidades com diversas pessoas acompanhando, com bebidas e tudo”, disse Rui.  

Praias

Em Salvador e Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, o fechamento das praias continua valendo e se une às medidas anunciadas nesta quinta. Em Guanambi, no sudoeste baiano, um lockdown parcial havia sido determinado para começar a partir da segunda-feira, 01. Diante do anuncio do governo do estado, a medida por lá está mantida, mas será adaptada ao decreto estadual.  "Vamos atender o que o governo disse e seguir as restrições propostas. O decreto de Guanambi só sairá amanhã (nesta sexta, 26) e tá prevendo manutenção só de serviços considerados essenciais. Não vai ser uma restrição em 100%, pois queremos manter supermercados, farmácias, padarias e unidades de saúde. Só iremos definir melhor como será a questão da restrição de mobilidade. O grande desafio é a fiscalização para cumprimento dos decretos”, afirmou Roberta Mota, secretária de Saúde da cidade. 

Dados 

Nesta quinta-feira (25), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) registrou 100 óbitos, o maior número desde o início da pandemia.  A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado fechou em 84% nesse dia. Esse é o mesmo índice de ocupação dos leitos da capital baiana. “A situação é muito próxima ao colapso dos leitos de UTI na Bahia, inclusive dos leitos dos hospitais privados”, disse Rui Costa.  

O prefeito Bruno Reis e o governador esclareceram que a restrição faz parte de mais uma ação para tentar conter o avanço da covid-19, diante desse atual cenário epidemiológico na capital e em toda a Bahia. Apesar dos esforços para ampliar a quantidade de vagas para tratamento de infectados com a doença, o sistema de saúde baiano, tanto rede pública quanto particular, tem sido pressionado em função do volume de pacientes que necessitam de internação em leitos hospitalares.  

No auge da primeira onda, Salvador chegou a contabilizar 64 pacientes regulados ou a regular. Hoje esse número está em 133, de acordo com Bruno Reis. “Os números de ocupação das UPAs, nas últimas 24h, superam o dobro do pico da primeira onda. Foram regulados 66 pacientes e há mais 67 aguardando vacância para serem transferidos”, afirmou. O prefeito também destacou que a decisão de determinar o fechamento das atividades não essenciais é fruto de diálogo entre estado, município e segmentos comerciais.  “Ontem (24), liguei para o governador após conversa com todos os prefeitos da Região Metropolitana. Tive essa iniciativa para mostrar a gravidade do momento que estamos enfrentando. Também conversei com a classe empresarial, como representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) para explicar a gravidade da pandemia na cidade e eles entenderam a necessidade de avançarmos nas medidas de isolamento social”, completou o prefeito  O governador Rui Costa assegurou que, caso os números da covid-19 continuem piorando, existe a possiblidade do estado ampliar as restrições. “Isso vai depender do quadro de demanda nas UPAs e hospitais. É preciso conter a contaminação. Não tem como abrir leitos na mesma medida em que a quantidade de contaminados cresce”, enfatizou.  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.