Bancos de sangue veterinários pedem socorro; saiba como seu cachorro pode doar

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Publicado em 4 de maio de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Chandon: doação com música para acalmar (Foto: Divulgação) O cabra tem nome estiloso, é bonito feito a peste, mas, acima de tudo, é sangue bom! Chandon, esse Golden Retriever aí de cima, é doador de sangue inveterado. Se pudesse falar, certamente diria que gosta do procedimento. Isso porque, no Banco de Sangue Dea+  Hemocentro Animal, em Lauro de Freitas, onde Chandon já fez três doações, é possível até tirar uma soneca à meia luz, ao som de uma música bem tranquila e, ao final da coleta, ainda ter direito a um prato de ração com patê e petiscos.  

Ah, se todos fossem como Chandon, Hazze, Mané e Athena, os cães doadores que ilustram essa página. O Hemocentro Animal não estaria nesse momento com apenas 100 ml no estoque. Não só ele, mas todos os bancos de sangue veterinários da Bahia pedem socorro. Muitos anjos de quatro patas estão perdendo suas vidas por esse motivo nas clínicas e hospitais veterinários. 

“A única bolsa que eu tinha fracionei para dois cães e só sobraram esses 100 ml”, diz a coordenadora do Dea+ Hemocentro Animal, Patrícia Estevam, que é farmacêutica bioquímica com especialização em hemoterapia e atualmente é graduanda de Veterinária na Ufba.

Veja mais detalhes sobre doação de sangue canino no Instagram do Cãogaceiro

A luta para obter mais sangue não é só de Patrícia, mas também das veterinárias Suzana Cláudia dos Santos, responsável pelo Hemodog, em Salvador, e Uilma Carla Carneiro, do Banco de Sangue Veterinário de Feira de Santana  (BSVET-FSA). As três coordenam os principais hemocentros da Bahia e todas clamam por doadores. 

“Todo sangue coletado é utilizado sempre em tempo curto pois os animais necessitados estão em maior número que o de doadores. Esse produto é nobre!”, afirma Suzana. "Nossa necessidade atual é uma média de 50 bolsas/mês. Mas só consigo atender atualmente uma média de 15 bolsas", calcula doutora Uilma, que entrou nesse ramo por ter se cansado de perder pacientes. Pitbull Hazze está no cadastro de doadores da BSVET (Foto: Divulgação) "Uma frustracão. De tempos em tempos precisava de bolsa de sangue para salvar os meus pacientes mais críticos e, na maioria das vezes, não conseguia um doador vivável em tempo hábil", diz Uilma.Claro, existem alguns pré-requisitos para ser um doador e nem todos os cães podem doar (ver lista de pré-requisitos abaixo). Mas, porque os bancos estão tão vazios? Cadê os cães de grande porte (só é possível doar a partir de 25 Kg) que não aparecem? Bem, em primeiro lugar não há campanhas e nem incentivo governamental. Depois, por falta de informação, há muito preconceito.   “Muitos tutores pensam que o animal pode sofrer, que ele será sedado para fazer a doação ou que iremos fazer a tosa no local da coleta”, explica Patrícia.Tudo lorota! Chandon não acredita nesses mitos que tanto afastam os cães saudáveis do ato de doar sangue. O Golden é doador desde a idade mínima, 1 ano. O procedimento é rápido, simples e sem sedação. "Chandon ficou bem tranquilo todas as três vezes que doou. Ainda mais com a música e a luz apagada", diz a farmacêutica Camila Pimentel, tutora de Chandon. Mané recebe carinho de Dra. Patrícia após doação (Foto: Divulgação) O processo de coleta do sangue para a doação, em si, é muito rápido. Dura, em média 6/7 minutos, a depender do doador. Apenas a triagem, quando são feitos hemogramas e exames sorológicos e bioquímicos antes da retirada do sangue dura por volta de uma hora e meia. “Todos esses itens são avaliados porque precisamos ter cuidado tanto com o paciente que irá receber o sangue quanto com o doador. Exemplo: se coletamos o sangue de um doador sem verificar se o mesmo está anêmico, essa anemia pode piorar com a coleta”.

Nos hemocentros sérios, toda uma preparação é realizada para que o cachorro esteja ainda mais tranquilo na hora do procedimento. “Os tutores acompanham todo o processo, deixamos o ambiente preparado com som ambiente, reduzimos a luz, dentre outros cuidados”, destaca Patrícia. Os bancos de sangue veterinários funcionam (ou deveriam funcionar) da mesma forma que o humano, com os mesmos padrões de qualidade. No caso dos gatos, a única diferença é que eles precisam ser sedados.  A Golden Athena deixou uma bolsa no banco de sangue (Foto: Divulgação) Por isso, é preciso ter cuidado na hora de saber a origem do sangue. Claro, há casos de emergência em que clínicas e hospitais fazem transfusões imediatas para salvar vidas. Mas, quando é possível esperar por uma bolsa de sangue, o mais indicado é buscar um hemocentro que seja referência. Essa é uma discussão que tem causado certo debate no meio veterinário. 

Os receptores de sangue não devem ser atraídos, por exemplo, por preços baixos. Depois de passar por todos os testes necessários, dizem as coordenadoras dos hemocentros, o preço de uma bolsa de sangue pode variar de R$ 550 a R$ 850.  "Tem gente que vende uma bolsa a R$200 porque simplesmente não faz todos os testes necessários e dentro dos padrões", alerta Patrícia Estevam. Dra. Uilma diz que o surgimento de hemocentros improvisados se tornou "modinha".  

"Atualmente eu e outros colegas sérios travamos uma batalhas. Existe a apropriação indevida do título: banco de sangue. É modinha. E isso vem se disseminando de uma forma assustadora. As pessoas acabam entregando seu bem precioso para um procedimento doloroso, traumatizante e que traz sérios problemas a saúde", afirma."Não, não é normal um animal ser amarrado para realizar uma coleta, não é normal sedar ou anestesiar um animal para uma doação, não é normal realizar apenas um hemograma para doação, dentre inúmeras tantas atrocidades", alerta Uilma.Doenças e cirurgias

Assim como os humanos, os animais necessitam de sangue por diversos motivos: cirurgias, doenças hematológicas e a famosa “doença do carrapato” (nome popular da Babesiose e da Erliquiose). Quando há necessidade de transfusão por um desses motivos, os tutores se deparam com muita dificuldade. “Costumo dizer que é ainda pior que os bancos de sangue humanos pois o processo de doação em cães ainda é muito pouco divulgado”.

Outra dificuldade é a quantidade de cães inaptos a doar sangue. A maioria dos doadores acaba sendo reprovada nos testes. "A saúde dos cães em um país onde doenças infecciosas e parasitárias são muito presentes limita muito o número de animais plenamente saudáveis negativos à maioria dessas doenças", lamenta doutora Suzana. Isso serve de alerta ainda maior para que os tutores busquem hemocentros sérios. 

Participe dos clubes de doadores e ganhe benefícios para seu pet

Faça do seu cão um doador, seu cabra! Todos os três hemocentros indicados aqui cadastram doadores para participar de clubes. Para participar, os tutores precisam firmar um compromisso com o banco de sangue de doar com certa periodicidade. O intervalo entre as doações é de dois meses, no mínimo, mas isso não quer dizer que a cada dois meses o animal deverá doar sangue. Seu cão ainda tem uma série de benefícios caso entre para o clube. Cada clube tem suas especifidades e regras. Mas, em geral, seu pet terá direito a:  

1 - Consulta clínica a cada doação

2 - Exames de sangue a cada doação

3 - Vacinação

4 - Descontos em procedimentos veterinários 

5 - Carteirinha de doador

No caso do clube de doadores da Dea+  Hemocentro Animal, caso necessite, o cão doador tem direito a uma bolsa de sangue enquanto permanecer no cadastro. No intervalo entre as doações, eles realizam atendimentos e exames bioquímicos e hemograma, se necessário. E além disso, após as três doações os animais passam a receber o reforço das vacinas, raiva e dectupla. 

Entre em contato com o hemocentro mais perto de sua região:

- Dea+  Hemocentro Animal (Lauro de Freitas): 71-98875-7526 

- BSVET-FSA (Feira de Santana): 75-3025-0060 / 75-98181-2890

- Hemodog (Pituba, Salvador): 71-3351-2960

- Pré-requisitos para o cachorro ser um doador

1 - Mínimo 25 Kg

2 - Entre 1 e 8 anos de idade

3 - Vacinas, vermífugo e carrapaticida em dia

4 - Não ter doenças crônicas

5 - Não estar usando medicações

- Pré-requistos para o gato ser um doador

1 - Mínimo 4 Kg

2 - Entre 1 e 7 anos de idade

3 - Vacina e vermífugo em dia  Banner do BSVET detalha pré-requisitos e benefícios para doadores (Foto: Reprodução)