Bandeirolas mantêm São João vivo em bairros de Salvador

CORREIO foi à rua buscar vestígios dos festejos

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  • Luana Lisboa

Publicado em 24 de junho de 2021 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO
Bandeirolas em Cidade Nova por Arisson Marinho/CORREIO

Sem a possibilidade das aglomerações dos festejos, o São João ainda tem dado um jeito de estar presente na vida dos soteropolitanos, mesmo que de forma singela. Antes cheias, as ruas que tradicionalmente recebiam comemorações na véspera do feriado junino têm visto ao menos as bandeirolas coloridas, uma lembrança das festas anteriores, mas também uma esperança de que os momentos mais difíceis vão passar.

Na Rua das Almas, em Cidade Nova, todos os anos e em todos os feriados, quem organiza a decoração é o líder comunitário José Luis da Silva, conhecido como “Zé”. Nas Copas do Mundo, os asfaltos cinzentos são cobertos de tintas laváveis verde e amarela. Dia das Mães e Dia dos Pais, ele faz uma feijoada com 5kg de feijão para todos os moradores. No São João e São Pedro, não podia ser diferente. Mas ele encontrou dificuldades para conseguir decorar este ano.

“Quase ninguém da rua quis ou pôde contribuir, e o quilo da bandeira está R$ 35. Ano passado eu comprei a mesma quantidade por R$ 7, R$ 5. Normalmente, dá para fechar a rua toda de bandeirolas de várias cores. Coloquei este ano para não ficar vazio mesmo”, conta o líder comunitário.

Antes, o responsável pelas comemorações da rua era o pai de Antônio Brito, hoje falecido. Mas Antônio, 67 anos, e morador da rua há 19, ainda pôde contar sobre a tradição junina na rua, legado de sua família. “Quem bancava a quadrilha, decoração de todo feriado aqui era meu pai. O bairro era muito animado, tinha ensaio de quadrilha, toda residência tinha uma coisa. Agora só no Largo da Cidade Nova que ainda é animado. Nos últimos anos, as pessoas estão mais preservadas, independente da pandemia”, relata.

Apesar disso, o CORREIO ainda encontrou, nos estabelecimentos de alguns comerciantes, um inconfundível forró pé de serra, que não deixou esquecer do clima de véspera de São João.

Enquanto isso, na Rua São Domingo de Gusmão, na Liberdade, o responsável pela animação junina é conhecido como “Roque Prego”, marceneiro que há 14 anos constrói cenários e organiza bloquinhos juninos. Os Bloco dos Cornos e Bloco das Reveladas seriam as atrações do dia 23 no Largo de São Domingos. 

Esse ano, entretanto, ele só pôde construir a decoração para enfeitar a rua e auxiliar a esposa, Giovania Borges, a vender os quitutes juninos. Licor, bolo de aipim, bolo de milho e canjica são atualmente vendidos por encomenda, mas, aos mais próximos, Giovania oferece canjica de graça.

“Hoje a gente tá privado de venda por conta da pandemia, com a festa a gente tinha um lucro bom e ajudava a comunidade, dando um lugar para eles venderem as coisas deles, sem isso, a gente sente falta. Mas estamos vendendo por encomenda e fazendo o que podemos para manter o São João vivo”, diz Giovania.

O São João no Correio conta com o apoio da Perini,  Mahalo, E Stúdio, ITS Brasil, Hotel Vila  da Praia e Blueartes.