Bares e restaurantes ainda amargam prejuízos com a pandemia

Donos de estabelecimentos esperam recuperação com volta de funcionamento até 0h

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/Arquivo CORREIO

Bares e restaurantes do Rio Vermelho e Itapuã foram liberados para funcionar das 12h à meia-noite as sextas-feiras, sábados e domingos. O anúncio foi feito pelo prefeito ACM Neto na manhã desta quinta-feira (17). Mas, mesmo com o retorno dos horários, os donos dos estabelecimentos ainda contabilizam os prejuízos causados pela pandemia, que deixou os locais fechados de março a agosto. 

Os bares e restaurantes dos dois bairros foram obrigados a fechar as portas às 17h, de sexta à domingo, na última semana. A medida foi tomada no dia 7 deste mês, após o registro de aglomerações nas ruas do Rio Vermelho.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia (Abrasel-BA), Luiz Henrique do Amaral, o desafio para recuperar o setor é grande. “Estamos cientes da importância desse diálogo permanente na busca de soluções conjuntas, sempre somando com as melhores práticas e conhecimento”, disse, sobre os protocolos sanitários da prefeitura para evitar aglomeração e disseminação do novo coronavírus. ”O importante é cada um ter a noção clara de que, para existir um ambiente seguro, é preciso comportamento seguro".

Para Andrea Nascimento, proprietária do Solar Rio Vermelho, a revisão das medidas pela prefeitura foi assertiva. “A ação foi válida. A prefeitura vai continuar dando prioridade aos protocolos, assim como nós também. Dessa forma, a gente consegue equilibrar economia e saúde”, avalia.

No entanto, ela pondera que bares e restaurantes que estavam seguindo todas as regras estabelecidas pelas autoridades acabaram sendo prejudicados por quem descumpre as normas com a resolução da semana passada para que os locais fechassem às 17h.“As pessoas ficavam com medo e cancelavam as reservas porque viam as aglomerações que aconteciam nas ruas do Rio Vermelho. Elas não entendiam que a gente estava cumprindo todos os protocolos. Então foi válida a proibição do consumo de bebida nas ruas porque, sem bebida, não tem aglomeração nessas proporções”, acredita a empresária.Queda no faturamento

De acordo com o proprietário do Quiosque Portal Itapuã, Rodrigo Souza, de sexta a domingo passados ele arrecadou somente 24% do valor que costumava ganhar no mesmo período antes da pandemia. Os meses fechado também acumularam prejuízos: “Eu tive que usar quase a metade de todas as economias para poder pagar fornecedores e todas as contas. Com o quiosque fechado por tanto tempo, muitas mercadorias venceram, as mesas e freezeres se degradaram e eu tive que reformar o local. Ainda falta ajeitar muita coisa e seguimos no prejuízo”, conta.

O RiverMaki Sushi Bar, que fica no Rio Vermelho, também precisou passar por reformas e, segundo o proprietário Afonso Coimbra, a queda nas vendas de sexta a domingo no último final de semana foi de 50%. “Já tivemos a visita da fiscalização da prefeitura aqui, que constatou que estava tudo certo. Mesmo assim, no último final de semana, depois das 17h, só pudemos funcionar por delivery”, lamentou.

Segundo ele, logo após a reforma, feita visando a melhoria do atendimento ao público durante as férias de final de ano, veio a notícia da limitação do horário de funcionamento. “Foi justamente agora que o turismo está crescendo e as pessoas estão vindo para Salvador. Eu acho que, se tiver que restringir, tem que ser em toda a cidade e não somente no Rio Vermelho ou Itapuã. Não adianta fazer aqui e no Itaigara ficar tudo lotado”, ponderou o empresário.

Medidas restritivas

Além de liberar o funcionamento dos estabelecimentos até meia-noite, o prefeituro ACM Neto anunciou ainda algumas restrições. Com a nova resolução, fica proibido o consumo e comercialização de bebidas em espaços públicos no Rio Vermelho e Itapuã, das 17h às 7h, entre sexta e domingo. Ou seja, não pode ter ambulante e nem particulares com isopor nas ruas. 

Fica também proibida a venda de bebidas e comidas por bares e restaurantes para as pessoas que estejam de pé, que compram para consumir na rua. A comercialização só poderá ocorrer para quem estiver em mesas nas áreas internas e externas. 

Também haverá uma delimitação com barreiras físicas nas áreas externas dos restaurantes para que fique bem definido a quais bares pertencem as mesas e cadeiras.

Segundo o prefeito ACM Neto, a prefeitura vai fiscalizar e apreender bebida e isopor de ambulantes e particulares que estiverem consumindo ou comercializando bebidas alcoólicas nas ruas.

As baianas de acarajé não serão afetadas pelas medidas por não causarem aglomeração, segundo o prefeito. 

 *Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo