Barraca palco de triplo homicídio volta a funcionar na praia de Jaguaribe

Policiais militares estiveram no local, neste sábado (9), e movimento de público foi baixo

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  • Bruno Wendel

Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 14:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/ CORREIO

Manhã foi de movimento fraco (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Nas primeiras horas da manhã deste sábado (09), as 18 mesas começaram a ser montadas na Praia de Jaguaribe. É o primeiro dia que a barraca volta a funcionar após a tragédia da última terça-feira (05), onde no local, bandidos mataram a tiros um rapaz, que vinha sendo monitorado por eles. Na hora, duas pessoas que não tinham nada a ver com a situação, estavam na linha dos disparos e também acabaram atingidas e mortas.  “Esperamos dias melhores a partir de hoje. O que aconteceu deixou claro que não há segurança na praia. As pessoas que estavam na hora disseram que os caras vieram andando, tranquilamente, se aproximaram e atiraram. Precisamos de mais segurança”, disse um dos funcionários da barraca enquanto fincava o guarda-sol na areia.  Por volta das 15h desta terça, banhistas se divertiam, quando bandidos chegaram na faixa de areia atirando. O alvo da ação era Lucas Santos da Cruz, 27. O rapaz, que ocupava o cargo de liderança da facção Bonde do Maluco (BDM) na Boca do Rio, correu, mas foi alcançado e morto no local. A estudante de biomedicina na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Juliana Celina da Santana Silva Alcântara, 20, e o adolescente, Igor Oliveira Lima Filho, 16, que não tinham nenhum envolvimento com os criminosos, estavam próximos a Lucas e acabaram sendo atingidos e mortos.  O ataque é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já prendeu três pessoas envolvidas no crime: dois motoqueiros e um homem que dirigia um táxi. Nesta sexta-feira (08), a polícia divulgou os nomes e fotos dos atiradores. São os primos Felipe Nauã Fiúza Moreira e Caio Mateus Fiúza Catarino, ambos de 25 anos, que tiveram seus rostos incluídos no Baralho do Crime.  

Clientes Aos poucos o espaço que antes estava vazio pela tragédia, voltou a ser ocupado por cadeiras, meses, guarda-sóis. “A gente entende que o que aconteceu marcou a gente e principalmente as famílias dos inocentes, mas a vida precisa continuar. A barraca ficou fechada estes dias em respeitos às vítimas, a dor dos pais, mas precisamos voltar a normalidade. Temos nossas famílias também”, disse o funcionário enquanto retirava o material da barraca.   Este sábado foi o primeiro dia que a barrca de praia abriu após a tragédia (Foto: Bruno Wendel) O trabalho para montar começou às 08h, no entanto às 10h, as mesas ainda não tinham sido ocupadas, ao contrário das outras barracas que já havia movimentação de alguns clientes. “É normal. Estamos montando tarde. Eras pra ter sio mais cedo, mas não deu. Mas o movimento maior daqui é o de meio dia em diante”, disse ele, dando a entender que a ausência de clientes não está relacionada com à tragédia.  Já um outro funcionário não quis comentar a reabertura da barraca. “Não tenho nada a dizer”. O CORREIO esperou os proprietários do estabelecimento, mas eles apareceramInsegurança  O dono de uma barraca de praia disse ao CORREIO que o filho dele poderia ter sido uma das vítimas. “Igor era muito amigo do meu filho e no dia chamou ele para jogar bola. Meu filho disse que estava muito cansado e por isso não foi. Poderia estar agora chorando a morte de meu filho”, disse.  Ele reclamou da falta de segurança na Praias de Jaguaribe. Ele destacou a ausência policiais fixos e de câmeras. “Uma vez e outra passam uns policiais a cavalos, mas não ficam por aqui. Passam direto.  Isso não é suficiente. Preciso de pontos fixos.  Aqui não tem uma câmera sequer. Os bandidos que foram identificados, não foram pelas imagens daqui, porque não têm câmeras”, declarou. Pouco depois, passaram três policiais militares cavalgando na região.   O comerciante ainda fez um comparativo. “Porque as praias da Barra são todas monitoras por câmeras e aqui não? Aqui vem também muitos turistas. A bandidagem sabe que aqui não é como lá (Barra) e fazem de tudo: assaltam as pessoas e roubam carros”, disse.    Policiais estiveram próximo ao local do ataque (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Quem foi à praia hoje, não escondeu o medo. O CORREIO entrevistou algumas pessoas que estão próximas à barraca que o ocorreu o ataque.  “Normalmente eu trago meu filho para as aulas de surf. Mas hoje só criem coragem para trazê-lo porque meu marido veio junto”, declarou a pedagoga Ana Andrade Cabral, 52, junto com o marido, o administrador Marcos Cabral, 50, enquanto aguardam o filho sair do mar.  A nutricionista Neuza D’Almeida, 71, foi rapidamente à praia levar a neta. “Estou apreensiva, olhando para um lado e para o outro. Aqui não tem segurança, por isso que se torna propício para a tragédia de terça. Raridade a gente ver um policial. Aqui nem tem salva-vidas”, disse a idosa, ao lado da filha e da neta.  Já o médico Telio Diego Cantalice, 40, disse que o episódio de terça foi um fato isolado. “Me sinto seguro. Aqui foi o fato pontual. Acredito que os órgãos de segurança tenham reforçado a segurança”, declarou.