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Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 12:23
- Atualizado há 2 anos
Salah Abdeslam, único integrante vivo das células jihadistas que atacaram Paris em novembro de 2015, comparece nesta segunda-feira (5) a um tribunal de Bruxelas para responder por sua suposta participação em um tiroteio em 2016 em Forest, na Bélgica. Ele invocou o direito de se manter em silêncio, de acordo com a France Presse.>
Abdeslam se recusou a responder perguntas no início do julgamento, que começou pouco antes das 9h (6h de Brasília) no Palácio da Justiça de Bruxelas. "Eu testemunho que não há outro profeta senão Alá e Maomé é o seu profeta. Não tenho medo de vocês, coloco minha confiança em Alá", declarou ainda, de acordo com o jornal belga "Le Soir".>
No início, do julgamento ele se recusou a dizer o próprio nome e a ficar de pé quando foi solicitado pela juíza que preside o processo, Marie-France Keutgen. Desde sua detenção na França em abril de 2016, Abdeslam mantém silêncio diante dos investigadores.>
"Meu silêncio não me converte em um culpado ou um criminoso. Há provas tangíveis e científicas nesse dossiê. Eu quero que me julguem com base nelas", afirmou Abdeslam.>
Abdeslam está de camisa polo e usando barba, bastante diferente da foto divulgada na época dos atentados em Paris.>
Nesta semana, Abdeslam será julgado pelo tiroteio ocorrido em 15 de março de 2016, dia em que investigadores franceses e belgas foram surpreendidos por tiros durante uma operação de rotina em um dos abrigos da célula em Forest.>
Tiroteio>
Três policiais ficaram feridos enquanto que um jihadista de origem argelina, de 35 anos, Mohamed Belkaid, morreu ao enfrentar os agentes para encobrir a fuga de Abdeslam e de um cúmplice, Sofiane Ayari, um tunisiano de 24 anos, que também será julgado em Bruxelas.>
Os dois jihadistas foram detidos três dias depois, em 18 de março, em Molenbeek, uma prisão que, segundo os investigadores, representa o detonador dos atentados de 22 de março, quando três atacantes suicidas se explodiram no aeroporto e no metrô da capital belga.>
Abdeslam e Ayari devem responder pelas acusações de "tentativa de assassinato de vários policiais" e "posse de armas proibidas", tudo em "um contexto terrorista". Eles podem pegar até 40 anos de prisão.>
Forte esquema de segurança>
Esse processo que julga o tiroteio ocorrido em Forest é considerado um preâmbulo do julgamento que acontecerá na França pelos atentados de Paris que deixaram 130 mortos, em uma data que ainda não foi anunciada.>
Um comboio policial, escoltado por unidades de elite, acompanhou a viagem de quatro horas a partir da prisão de Fleury-Mérogis, ao sul de Paris. As autoridades também organizaram um importante dispositivo de segurança, dentro e ao redor do Palácio de Justiça.>
O francês de 28 anos e de origem marroquina, que cresceu e se radicalizou no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, fazia parte de uma célula jihadista envolvida em ao menos três grandes operações terroristas nos últimos anos.>
Os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris (130 mortos), os de 22 de março de 2016 em Bruxelas (32 mortos) e o fracassado ataque em um trem entre Amsterdã e Paris em agosto de 2015 foram de responsabilidade, "talvez, unicamente da organização Estado Islâmico", segundo a Procuradoria federal belga.>
Uma associação de vítimas de atentados, V-Europe, que diz representar cerca de 200 pessoas dos atentados de Bruxelas, reclamou ser parte civil no julgamento.>
A defesa dos acusados poderá aceitar de mau grado esta constituição em parte civil de última hora, apesar de várias fontes relacionadas com o caso excluírem qualquer novo adiamento.>
A audiência, que deveria ter acontecido em meados de dezembro no tribunal correcional de Bruxelas, foi adiada para dar tempo a Sven Mary, o novo advogado de Abdeslam, preparar sua defesa.>
Um renomado criminalista belga acompanhou o jihadista logo depois de sua prisão, mas jogou a toalha sete meses depois, criticando a incompreensível atitude de seu cliente.>
Abdeslam também será julgado na França pelos atentados de 13 de novembro de 2015, mas a data do processo ainda não foi determinada.>