Bojack Horseman encerra sua história de maneira brilhante

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 11:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Depois de me despedir de The Good Place, chegou a hora de dar adeus a Bojack Horseman, que, como já disse neste mesmo espaço, é minha série preferida da Netflix. Spoilers a seguir, claro!

Seis anos atrás, uma animação sobre um cavalo que vivia uma eterna ressaca pelo sucesso passado estreou na Netflix. Apesar do humor voraz, a série trazia um protagonista problemático que lembrava mais séries como Mad Men (veja essa thread de comparação visual).

Bojack Horseman (voz de Will Arnett) é um astro em decadência de uma sitcom dos anos 1990 que ainda tem dinheiro e nenhum objetivo de vida que não envolva uma garrafa de bebida.

Em meio a todos os absurdos, a série de Raphael Bob-Waksberg sempre tratou o personagem como alguém real, assim como Diane (Alison Brie), contratada para escrever a biografia de Bojack e que acaba se tornando uma amiga, a empresária Princess Carolyn (Amy Sedaris), o por vezes amigo e por vezes rival Mr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins) e até o mais caricatural, o colega de casa Todd (Aaron Paul).

Na temporada final, a série encarou as consequências de todas as ações destrutivas e predatórias de Bojack ao longo dos anos. Bojack Horseman se passa em Hollywood (ou Hollywoo e na finale Hollywoob), imersa na cultura pop, e não se eximiu de tratar da responsabilização na era pós-Me Too.

Há um paralelo claro entre Bojack e figuras reais do mundo do entretenimento que abusam, de algum modo, do seu poder e fama.

Na primeira leva de episódios, que foram disponibilizados ainda no ano passado, vimos Bojack fazer terapia, ir para uma clínica de reabilitação lutar contra o alcoolismo e tentar reconstruir suas relações e sua vida.

Agora, abrimos a reta final com Bojack buscando um novo significado para sua vida profissional, dando aulas em uma universidade, além de tentar voltar a ter um papel significativo na vida da irmã Hollyhock.

Mas o passado não vai embora. A série usou e brincou com os clichês das séries de drama com seus anti-heróis charmoso, sempre explorando o tema de uma maneira inteligente, e não deu um passe livre a Bojack. O papel dele na morte da colega Sarah Lynn vem à tona, com todos os detalhes sórdidos, em uma exposé de mídia.

Sem respostas demais, a série dá um momento para cada um dos personagens mais relevantes – na finale todos têm um momento com Bojack. E ainda tivemos o belíssimo penúltimo episódio, que faz um balanço emocional final de toda a história de Bojack de uma maneira tocante.

Bojack vira um vilão para a opinião pública, acaba na prisão e não consegue reparar todas as relações que lhe eram caras. Há dor real, necessária e não obrigatoriamente uma redenção, embora a série tenha mostrado que nenhum poderoso fica permanentemente “cancelado”. No episódio final, há menção de que, afinal, talvez apareça um novo papel, um novo caminho, mesmo com todas as perdas. Às vezes, como diz Diane invertendo o hit de Nas, “às vezes a vida é uma merda, mas você continua vivendo”.or, ao defender a cultura, a arte e a ciência como pilares para unificar o país.