Bora Vitória, ocupar a Arena das goleadas

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  • Paulo Leandro

Publicado em 14 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Richard Giulianotti, em Sociologia do Futebol, cita John Bale, como o pesquisador mais atuante na legitimação do estudo dos espaços desportivos na esfera acadêmica, por sua série de monografias e artigos científicos.

Bale, por sua vez, utiliza-se dos conceitos de Tuan para explicar as dimensões afetivas dos locais onde se torce. O termo ‘topofilia’ (topos, de lugar; philia, de ‘xamêgo’ em baianês castiço) descreve a afeição das pessoas por estes espaços.

O caso da torcida do Vitória é um exemplo topofílico clássico em relação ao mando de campo da Arena Fonte Nova, cujo confronto de hoje retoma o relacionamento com este local capaz de alegrar o torcedor rubro-negro.

En (dentro) - theous (divindade) - siasmos (diálogo com o deus) é a palavra de origem grega (entusiasmo, em português) mais próxima de representar o sentimento do torcedor com a chance de compartilhar com os coirmãos a praça erguida para a comunidade.

Os recursos da cidadania e a parceria da indústria de cervejas Itaipava deram origem a esta arena, construída de acordo com a lógica mercantil de produtos e serviços, bem como a tecnologia mais desenvolvida.

A consciência do torcedor terá a percepção imediata da arena, logo ao entrar, e doará sentido a este reencontro, apenas o primeiro de uma série nos próximos três anos, enquanto a diretoria trabalha na requalificação do Manoel Barradas.

Inevitável será a recordação dos homéricos 5x1 da inauguração, em show disponível na íntegra e em HD no YouTube. Foi o Vitória quem estreou, com todo carinho e amor, o novo mando de campo dos baianos.

Coube também ao Decano a honrosa despedida da velha Fonte, quando Índio acertou quatro fechadas na vitória por 6x5, carregada da nostalgia do tempo, imanente à consciência, capaz de ‘presentificar’ e unir ontem, hoje e amanhã.

Outra recordação topofílica capaz de durar a eternidade de um tempo sem começo e sem fim é a goleada de 7x3, igualmente sobre o valoroso coirmão, também no mando de campo cujo compartilhamento inaugura hoje uma fase de mais união e menos discórdia.

A consciência do torcedor, capacitada a perceber a praça esportiva em vermelho e preto, estará pronta a recuperar recordações positivas e apta a antecipar novas glórias, graças à presença crescente de sócios e à conquista das vitórias necessárias.

A força da imaginação ajuda a antever alegrias, sem no entanto, permitir qualquer ação imoral de prejuízo ao equipamento, pois pertence a todos os baianos, uma vez servindo à cidadania para a qual foi erguido como um monumento.

Neste histórico 14 de Setembro é um dever do torcedor, não só o rubro-negro, mas todos os presentes, com atenção aos simpatizantes ao Guarani, preservar cada pedaço da estrutura construída na Arena Fonte Nova.

Este grande equipamento pode fortalecer mais clubes, reinventando nosso futebol com a recuperação de agremiações, além de incentivar o espetáculo de mulheres, para tornar-se rentável com o inegável e sinuoso talento de nossas moças.

Vamos à Arena, hoje e sempre, levar nosso incentivo, não só ao Leão, mas a todos os envolvidos na ereção deste novo paradigma: identificados na topofilia, com a boa vontade e o amor ao espaço onde aumentaremos a potência de torcer em paz e alegria.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.