Boxe vira programação especial de fim de semana

O esporte ganhou espaço no shopping e contou com a presença da medalhista Beatriz Ferreira

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de agosto de 2021 às 21:26

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Paulo Fróes

A visão de um ringue de boxe deixou o espaço das academias e das telas de televisão e ocupou o Piso L1 do Shopping Bela Vista nesse final de semana, durante a realização do Torneio das Estrelas, realizado pela Federação de Boxe do Estado da Bahia – Boxe Bahia. A iniciativa contou com a presença da medalhista de prata das Olimpíadas de Tóquio 2020, a boxeadora Beatriz Ferreira - que disputou na  categoria 60kg.

Aberto e gratuito, o evento teve ainda a participação dos atletas da seleção brasileira de boxe, Edson “Kalango”, Ronaldo “Índio” e Isaías Filho “Samurai”, além de outros boxeadores baianos e amantes da modalidade, que aproveitaram o final de semana para fazer um programa diferente e torcer pelos atletas que estiveram disputando no fim de semana.

No intervalo entre um cumprimento e uma foto, Bia Ferreira aproveitou para agradecer o espaço destinado ao boxe e anunciar que, dentro em breve, ela deverá iniciar um projeto voltado para a formação de novos atletas, não apenas no esporte de combate, mas em outras modalidades. “Estou muito feliz com as conquistas alcançadas até aqui e muito focada nos projetos para o futuro, como atleta e como cidadã”, disse Bia ao CORREIO.

Para a atleta, investir nos projetos sociais é o caminho para apoiar o boxe e os atletas, que ainda sofrem com muitos preconceitos em torno da modalidade. “As pessoas, os gestores públicos, as empresas precisam conhecer mais o esporte e perceber que se trata de um esporte com muitas possibilidades, mas que também necessita de apoio e incentivo”, disse.

Bia fez questão de destacar que o boxe é referência na Bahia graças ao esforço de inúmeras pessoas que investem justamente no aspecto social. “Muitos tiram dinheiro do próprio bolso para manter esses projetos em funcionamento, então essa visibilidade alcançada nas Olímpiadas precisa ser usada para facilitar o acesso ao esporte”, completou.

Com uma postura parecida, José Roberto Bel, responsável pelo Suporte Administrativo da Federação de Boxe do Estado da Bahia, fez questão de salientar que, apesar dos projetos sociais serem responsáveis por revelar esses talentos, as pessoas por trás desses atletas vivem na base do sacrifício pessoal. “É importante profissionalizar toda a cadeia preparatória desses atletas do boxe, que é um dos esportes que mais trazem resultado para o Brasil”, reforçou.

Para ele, apesar da importância da visibilidade do boxe conquistada nas Olimpíadas, essa é uma condição momentânea, que não se traduz em investimentos consistentes e duradouros nos projetos e grupos que hoje treinam boxe no estado. “Esses projetos sociais estão localizados em áreas periféricas e, hoje, o boxe é praticado por pessoas pobres, pretas e periféricas. Daí a importância do boxe ganhar visibilidade fora desses locais, como aconteceu nesse final de semana”, disse.

Roberto Bel fez questão de lembrar que, para haver renovação no esporte, é fundamental o investimento nessa base de atletas que começam a treinar, geralmente a partir dos 10 anos. A Bahia  é considerada um celeiro de atletas do boxe. Além de Bia e  Herbert Conceição, merecem destaque as trajetórias anteriores de Robson Conceição, Adriana Araújo e Acelino Popó Freitas.