Brasil diz ao Irã que nota do Itamaraty não é manifestação contra o país

Diplomata foi convocada para explicar apoio a ataque que matou general

Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 20:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

Chamada para explicar o apoio que o Brasil deu ao ataque dos EUA que matou o general Qassim Suleimani, a diplomata Maria Cristina Lopes disse ao governo iraniano que a manifestação não deve ser entendida como contrária ao Irã. A informação é da Folha de S. Paulo.

Maria Cristina foi convocada pelas autoridades do Irã depois de uma nota divulgada pelo Itamaraty endossando a operação que terminou com a morte de Suleimani. O texto fala em apoiar a "luta contra o flagelo do terrorismo", seguindo argumentação comum aos EUA, que acusam Suleimani de planejar atos de terrorismo contra americanos.

A diplomata é a encarregada de negócios da missão do Brasil em Teerã. Representantes de outros países que apoiaram os EUA também foram chamados para esclarecer a posição.

A convocação de um diplomata é o modo de um governo mostrar descontentamento com outro. Maria Cristina é a número dois da embaixada do Brasil em Teerã. O titular da missão diplomática no país persa, Rodrigo Azeredo, passa férias no Brasil atualmente.

Os iranianos se queixaram na reunião de que o governo Bolsonaro comprou de maneira integral a versão dos EUA para explicar o ataque que matou o general, em Bagdá. 

Também reclamaram porque o Itamaraty incluiu na nota uma menção a ataques sofridos pela embaixada dos EUA em BAgdá. Os americanos acusam o Irã pelo ato, mas o país nega.

Maria Cristina recebeu orientações do ministério em Brasília. Ela afirmou que a nota não é uma condenação ao Irã e que as relações entre o país e o Brasil são amplas, não devendo ficar restritas ao tema tratado no comunicado.

A diplomata afirmou ainda que o terrorismo não é problema exclusivo do Oriente Médio e que o Brasil se preocupa com o crescimento da ameaça também em outras partes do mundo, como a Venezuela.