'Burocracia está valendo mais que vidas', diz Rui após Anvisa não liberar Sputnik

Na avaliação do governador, agência está privilegiando disputas e ideologias políticas

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  • Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 07:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O governador Rui Costa não escondeu, durante entrevista ao Jornal da Manhã nesta sexta-feira (22), sua insatisfação com a Anvisa após o órgão retardar a aprovação da vacina contra o coronavírus Sputnik, da Rússia. Na avaliação do petista, a agência está colocando as vidas humanas em segundo plano para favorecer disputas e ideologias políticas.

"Eu lembro para vocês, lá no início da pandemia, quando tentamos medir a temperatura das pessoas que chegavam de avião para ver se tenham a doença, e a Anvisa proibiu, dizendo que era função dela medir a temperatura e não do estado. E ela mediu a temperatura? Não. Isso é colocar a vida humana em segundo plano, colocando mais valor à burocracia e disputas políticas, uma irracionalidade que está vigorando desde o início da pandemia", disparou o governador.

Rui lembrou uma reunião feita com a Anvisa onde, segundo ele, a agência se comprometeu a aprovar a Sputnik desde que a empresa russa começasse a fazer estudos no Brasil. O requerimento para realizar as pesquisas em território nacional já foi feito e, mesmo assim, a liberação ainda não ocorreu.

"É isso que estou dizendo. A burocracia está valendo mais que as vidas humanas. A Sputnik tem, neste momento, 10 milhões de doses disponíveis para serem entregues, além de uma capacidade de produzir 8 milhões de vacinas por mês em território nacional. Temos que usar vários tipos de vacina para ampliar a rapidez da vacinção", analisou.

Também foi comentada pelo governador uma afirmação feita pelo secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, de que a Pfeizer estaria se negando a vender vacinas para o estado após realizar estudos em 1500 voluntários baianos. Rui discordou da visão de seu secretário e disse que a culpa da vacina deste laboratório não estar sendo aplicada na Bahia, e no Brasil em geral, é do governo federal.

"Não tenho a mesma opinião do secretário. Há algumas semanas a Pfeizer pediu uma reunião com a Bahia e o encontro era para dizer que eles tinham oferecido 60 milhões de doses ao ministério da Saúde, e não quiseram. Daí perguntaram se o estado tinha intenção de realizar a compra e eu na época expliquei que a lei não permite que unidades da federação comprem vacinas sem aprovação da Anvisa. E eles alertaram que o Brasil ficaria sem vacina pois eles não teriam estoque suficiente", revelou o governador.

Apesar das disputas e problemas burocráticos, hoje chegam ao Brasil 2 milhões de doses da vacina de Oxford vindas da China - das quais 160 mil devem desembarcar na Bahia -, além de, nos próximos dias, estar prevista a vinda de insumos para o Instituto Butantan produzir 5,5 milhões de unidades da CoronaVac. O governador evitou realizar previsões de quando os imunizantes virão para a Bahia.

"A logística para chegar aqui depende do ministério. Na primeira entrega teve um atraso de 12 horas. Então não posso fazer essa previsão. O que posso garantir é, assim que a vacina chegue ao estado, em 12 horas ela estará em todos os municípios da Bahia", avaliou.