Cai em 29% o número de pessoas na fila por leito clínico na Bahia

Mesmo assim, governador admite que sistema de saúde está em colapso

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 18 de março de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

A Central Estadual de Regulação de Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) registrou uma redução de 29% no número de pacientes na fila à espera de leitos clínicos para tratamento da covid-19. No domingo (14), eram 255 pessoas nessa situação. Nessa quarta-feira (27), eram 180, segundo os dados do último boletim epidemiológico emitido pelo órgão. Embora a situação ainda não seja a ideal, a queda no percentual já traz um alento para o sistema de saúde baiano, atualmente sobrecarregado.

No mesmo período, também houve uma leve queda, de 495 para 489, no número de pacientes que aguardavam um leito de UTI no estado. Esse número já chegou a atingir 513, no dia 12 de março, quando o sistema de saúde esteve na iminência de um colapso, segundo a avaliação feita, na ocasião, pelo secretário Municipal de Saúde de Salvador (SMS), Leo Prates.  

Outra redução ocorreu no número de crianças que aguardavam por um leito de UTI pediátrica na Bahia. Eram 20, no domingo, e agora são 10, 50% a menos. Essa mesma queda, no entanto, não foi observada para os pequenos que precisam de leito clínico por conta da covid-19. Nesse caso, houve um crescimento de sete para 11 pacientes. 

Embora tímidos, para o infectologista Matheus Todt, da SOS Vida, os números podem já ser reflexo das medidas de restrição mais severas adotadas na Bahia desde o dia 26 de fevereiro.“Infelizmente, não acreditamos que já seja impacto da vacina e sim das medidas que o governo tomou. A vacinação ainda está muito lenta. Mas com as medidas de restrição, a tendência é que, em duas ou quatro semanas, já se tenha algum impacto. O isolamento social evita que as pessoas adoeçam de uma vez só, o que causa impactos no sistema”, diz.  Todt lembra também que os leitos clínicos são voltados para os casos menos graves. Para ele, a fila da UTI é que precisa reduzir de forma considerável. Ainda de acordo com o especialista, 85% dos casos de covid-19 são de pacientes que sequer procuram o hospital. 

“Os pacientes que têm comorbidades costumam ficar em um estado muito grave e precisam de ventilação mecânica, intubação e observação a todo minuto, não diária. Só na UTI isso é possível. O problema da covid-19 é que em torno de 5% dos casos precisam de UTI e, quando todos adoecem de uma vez só, não tem vaga para todo mundo”, lamenta.  

Sem o que comemorar Adielma Nizarala, infectologista da SMS, acredita que ainda estamos longe de comemorar algum avanço. “De fato, as medidas adotadas começam a fazer efeito a partir de agora no número de casos diagnosticados. Isso diminui a pressão no sistema de saúde. Porém, não tivemos uma restrição completa. Tem comércio que ainda podem funcionar e gente que não cumpre a rigor. A gente torce para que o pouco que conseguimos isolar seja suficiente para refletir nos números gerais”, disse. 

A médica também disse que as medidas devem demorar para refletir na ocupação dos leitos, devido ao tempo médio que o vírus leva para manifestar sintomas e para o caso agravar. 

A ocupação atual nos leitos de UTI na Bahia é de 86%. Já a ocupação dos leitos clínicos é de 65%. O governador Rui Costa afirmou, em entrevista à TV Bahia, na noite desta quarta-feira, 27, que o sistema de saúde do estado, na opinião dele, já está em colapso.“É um colapso toda as vezes que você tem um número grande de pacientes na fila. Na medida em que você não consegue regular, em menos de 24 horas, um paciente que precisa de UTI, isso já é um sinal de colapso”, disse.O prefeito de Salvador, no entanto, não considera que a capital esteja em colapso. "Graças a abertura de dois novos hospitais de campanha com leitos de UTI e transformação em unidades básicas de saúde em exclusivas para covid, nós estamos evitando o colapso. A regulação demora em média 48 horas", afirmou ontem, também à TV Bahia.   

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.