Caixa anuncia medidas para organizar filas e barrar aglomeração durante a pandemia

Salvador e RMS terão reforço de 122 agentes de segurança privada

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 5 de maio de 2020 às 19:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
As filas em frente as agências da Caixa continuavam longas na manhã desta terça-feira (5) por Arisson/MARINHO

A Caixa Econômica se antecipou a uma possível determinação judicial e reforçou as equipes de vigilantes e recepcionistas encarregadas de atuar no atendimento dos beneficiários do auxílio emergência de R$ 600 pago pelo governo para diminuir os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus. O anúncio do reforço foi feito nesta terça (5) pelo superintendente regional da Caixa na Bahia, João Dácia, em entrevista ao CORREIO. 

No sábado (2), os ministérios públicos Federal e Estadual ingressaram com uma ação conjunta pedindo providências contra as cenas retratadas pela imprensa de aglomerações de beneficiários do auxílio emergencial em filas que se estendiam por quilômetros no entorno de agências localizadas em Salvador e cidades da Região Metropolitana. A aglomeração de pessoas favorece  o contágio pelo novo coronavírus.

Na ação, os órgãos pedem, em caráter de urgência, que a Justiça Federal determine à Caixa a adoção de medidas contra o ajuntamento de pessoas, sob pena de multa diária de R$ 30mil para todos os municípios atendidos pela Procuradoria da República na Bahia. A ação ainda não foi julgada.

Segundo João Dácia, a instituição financeira vai contratar, por empresas terceirizadas, 2,8 mil novos vigilantes e 389 novos recepcionistas em todo o Brasil. Do número total de novos agentes de segurança 122 vão atuar em agências de Salvador e região Metropolitana. Não foi informado a quantidade de novas recepcionistas que vão reforças as agências soteropolitanas e de municípios vizinhos.  

[[galeria]]

João Dácia garantiu que as contratações não têm relação com a ação dos dois ministérios público - que cobra também que providências sejam tomadas pela União e pelo Estado da Bahia. “A ação está sendo tratada pela área jurídica, mas, independente disso, a Caixa já adotou várias medidas para a diminuição das filas, como estender os horários de atendimentos de todas as agências", disse.

"Logo quando começou a pandemia, o atendimento era das 10h às 14h. Hoje, passou a ser das 8h às 14h, duas horas a mais. Além disso, as agências estão abrindo aos sábados, já foram dois. Iremos abrir novamente no dia 9 deste mês. Estamos relocando funcionários, fazendo demarcação do piso nas agências para evitar aglomerações, estamos melhorando”, completou o superintendente. 

Em reportagens já publicadas pelo CORREIO nos últimos dias, beneficiários do auxílio emergencial denunciaram que precisavam madrugar nas filas porque não conseguiam obter informações ou encontravam dificuldade em concluir a aoperação de acesso ao recurso nos outros canais de atendimento disponibilizados pela Caixa, a exemplo do Disque 111 (exclusivo para o auxílio emergencial), do site do banco e do aplicativo Caixa Tem.

Questionado sobre a situação, João Dácia respondeu com alguns dados nacionais: “No 111 a gente teve mais 125 milhões de atendimentos efetivados, é um canal operante. O site já obteve mais 666 milhões de visualizações e sem nenhuma indisponibilidade. Temos números que indicam que o aplicativo tem aumentado a eficácia do atendimento. Foram 272 mil códigos de pagamentos gerados pelo aplicativo Caixa Tem no Brasil até às 14h (de ontem, 4/5). Isso corresponde em até 35% dos pagamentos que foram realizados ontem. A cada dia, a gente está simplificando”. .

O CORREIO perguntou, ainda, se a Caixa tem pressionado o Governo Federal para que a instituição não seja o único banco a fornecer o saque do auxílio. O superintendente regional respondeu que "o auxilio emergencial foi creditado pela Caixa em 50 bancos diferentes. Ou seja, mais de 3,5 milhões pessoas receberam em conta de outros bancos”. 

Diante das aglomerações por causa das longas filas, na segunda-feira (4), a Prefeitura de Santo Antônio de Jesus, seguindo exemplo da Prefeitura de Salvador,  marcou com setas brancas no chão a rua que dá acesso a uma agência da Caixa, para que as pessoas mantivessem o distanciamento recomendado pela autoridades de saúde, mesmo em uma fila quilométrica. O superintendente aprovou a iniciativa. "Todas as ações para organizar as filas são bem-vindas. Estamos mantendo contatos com prefeituras e governos para que juntos possamos encontrar uma solução para minimizar os impactos da pandemia”, disse. 

Durante visitas às agências da Caixa, o CORREIO percebeu que algumas delas apresentavam filas menores. Questionado sobre a situação, se isso é resultando de remanejamento interno, por exemplo, o superintendente disse que, na verdade, se trata de uma oscilação. “A gente tem demanda em todas agências, todas elas têm atendimento. Algumas de bairros têm mais num dia, no outro não tem, aí já o outro tem uma demanda maior. Varia de um dia para o outro. Não é nada específico”, respondeu. 

Nesta terça, ocorreu o último dia do pagamento em espécie da primeira parcela do auxílio emergencial. Foram atendidos os beneficiários nascidos nos meses de novembro e dezembro.

Mudanças O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou em coletiva na segunda-feira (4), que podem ocorrer modificações no calendário de pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600. A possibilidade de novas regras foi debatida entre o ministro Onyx Lorenzoni e o presidente Jair Bolsonaro.

Inicialmente, a ideia é que que o calendário de pagamento seja dividido entre beneficiários do Bolsa Família e trabalhadores que não tenham conta em banco, que são os dois públicos considerados mais carentes. O objetivo é não repetir as cenas de aglomeração nas filas dos bancos.

O pagamento da segunda parcela para trabalhadores já cadastrados no Cadastro ùnico do Governo federal (CadÚnico, que lista os beneficiarios dos programas de transferência de renda ou de seguridade social) está atrasado, já que estava previsto para começar no dia 27 de abril. Não foi informada a nova data.

A mesma situação ocorre com os trabalhadores que estão fora do CadÚnico, que ainda aguardam divulgação da data para receber o valor. A Caixa informa que a data ainda não foi definida porque ainda estão em análise 6 milhões de cadastros. “Eles podem ser aprovados, não aprovados ou classificados como inconclusivos”, disse o presidente da Caixa.