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Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2022 às 05:30
Às 4h30 da manhã desta quarta-feira (7) o caminhoneiro Ryan Moraes, 34 anos, já estava no terminal marítimo de Salvador aguardando para pegar o primeiro ferryboat. Seu destino era a Ilha de Itaparica, onde descarregaria 18 toneladas de cimento. No entanto, o motorista deu de cara com o portão e precisou pegar o caminho mais longo até seu destino. Isso porque, desde novembro, a travessia de veículos pesados pelo modal é suspensa toda véspera de feriado e, com isso, não são poucos os caminhoneiros que, nesse período, desistem da travessia para cumprir longos trajetos pelas rodovias. >
Diferente do ponto facultativo do dia da celebração de Nossa Senhora da Conceição da Praia, hoje, que é do conhecimento de muitos baianos, a nova medida adotada no ferry ainda foi pouco divulgada entre os caminhoneiros. Por isso, antes de se ver obrigado a assumir um prejuízo de R$ 600, ao se deslocar pela estrada, Ryan e outros motoristas de veículos pesados protestaram, na frente do terminal, durante cinco horas. >
"De ferry eu levaria uma hora para chegar na ilha [Itaparica]. Pela estrada o tempo é de quatro horas e trinta minutos, até cinco horas e trinta minutos se o fluxo estiver grande. Além disso, há o prejuízo em dinheiro e o aumento das chances de sofrermos acidentes, pois a estrada é mais perigosa", afirmou o motorista que, até às 15h da quarta-feira, ainda seguia na rodovia tentando chegar à Ilha de Itaparica. >
Há dez anos dirigindo caminhões de transporte, Ryan Moraes descreve como frequente situações em que os veículos são impedidos de atravessar, mas nunca por ser véspera de feriado. De acordo com a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela administração do modal, a medida foi estabelecida para priorizar o embarque de veículos convencionais nos dias de maior fluxo. >
O decreto vale para os dois sentidos. Ou seja, a travessia de veículos pesados é suspensa a partir das 5h das vésperas de feriado, até às 15h do dia posterior, de Salvador para a Ilha. Já no dia seguinte ao feriado, a travessia da Ilha para Salvador é suspensa das 5h até as 15h do dia sequente. Ainda segundo a Agerba, os veículos pesados que estejam transportando alimentos, produtos perecíveis e pacientes em tratamento fora do domicílio podem embarcar normalmente. Assim como viaturas de segurança pública. >
Para o caminhoneiro Edvaldo Velame, 60, que também não conseguiu fazer a travessia de ferry, a solução para o problema do transporte não é limitar o embarque de veículos, mas, sim, a adição de novas embarcações. Quarta-feira (7), quatro ferrys funcionaram, segundo boletim da Internacional Travessias. Um a mais do que o número divulgado no boletim anterior, no dia 1° deste mês. >
Mesmo com os anunciados quatro ferries funcionando, Edvaldo não conseguiu entregar, em Itaparica, às 15 toneladas de argamassa que transportava. Com o impedimento, ele passou a tentar negociar um novo valor de frete para compensar o prejuízo. "Sai de Camaçari às três horas da manhã para ser barrado no terminal. O problema nem é o tempo, é o dinheiro", desabafou o caminhoneiro. >
A carga de eucalipto tratado do caminhoneiro Juarez Ribeiro, 36, também não chegou em Mar Grande na quarta-feira. Para ele, viajar pela estrada significava percorrer 300km a mais do que se fizesse a travessia pelo ferry. Sem possibilidade de arcar com o custo do deslocamento, ele permanecerá com o produto até o dia que conseguir negociar um novo valor de frete com a empresa que irá receber a madeira. >
"Fizeram descaso da nossa categoria. Nós pagamos uma travessia caríssima e, mesmo assim, não nos deixam trafegar. De um jeito ou de outro, nós é quem ficamos no prejuízo, porque a viagem pela estrada fica ainda mais cara", lamenta o motorista. A última travessia suspensa para veículos pesados havia ocorrido no dia seguinte à instauração do decreto que define a regra para os feriados, em 10 de novembro. Isso proque logo no dia 11 foi o Dia do Servidor Público.>
NOVAS REGRASPara quem vale: ônibus, jamanta, caminhão simples, caminhão trucado e micro-ônibus, reboque e utilitário com capacidade de carga a partir de 1.500kg.>
Quando vale: São Joaquim - Bom DespachoSexta-feira: das 5h de sexta até às 15h de sábadoFeriado: 5h das vésperas de feriados até às 15h do dia posterior>
Bom Despacho - São Joaquim Sexta-feira: das 5h de domingo até as 15h da segundaFeriado: 5h do dia do feriado até as 15h do dia seguinte >
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>
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