Carlinhos Brown: 'Mr. Catra, O Sultão do Funk'

Funkeiro carioca faleceu neste domingo, aos 49 anos

Publicado em 9 de setembro de 2018 às 20:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Brown e Catra no The Voice Brasil (Foto: Reprodução) Wagner Domingues Costa, que hoje perdemos é uma das expressões mais fortes e gritantes do desejo de comunicar o que revelam as favelas do Brasil. 

Costa como a minha avó Damiana Costa, como meu professor Paulinho da Costa, um dos maiores percussionistas de todos os tempos, e como mais da metade do povo de Cachoeira no Recôncavo da Bahia.

E tudo nele explica a grande origem do Reino de Daomé, Costa do Marfim dentre outras.

Mr. Catra vem de uma casta de alto nível e expressão da Mãe África. África essa que se revela nas fortes heranças dos ritmos de Angola, Congo e da cultura banto miscigenada no Brasil. 

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Fazendo com que um novo terreiro eletrônico com codinome de funk ecoasse com um dos ritmos mais vigorosos criado para a música. Desde as favelas cariocas para a América Latina e o mundo. Sentiremos a falta do homem, do esteta e do poder de comunicação e eu, do amigo. Daquele que usou na expressão de Zé Pelintra e de Maria Padilha um modelo de educação sexual para um país de estereótipo, transfóbico, transbordante e pouco transgressor no caminho da transformação.

Não era a voz de um semianalfabeto e sim de um Alfagamabetizado, acolhido por pais brancos miscigenados sem preconceitos de ajuda. Os quais lhes deram carinho e referência contribuindo na sua formação, estudado e formado pela universidade e que aqui no Brasil pôde expor a capacidade e o poder de uma etnia livre e consistente.

Nosso primeiro encontro foi no Barbican em Londres. A partir disso não houve desencontro na nossa linguagem e na sua forma de fazer dar certo. Unimos mais a Bahia e o Rio quando gravamos juntos Funk Baioca e pude constatar o quanto ele é original e generoso com a cultura da periferia. 

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Mr. Catra conseguiu fazer paródias incríveis de tudo o que o Axé fazia e se comunicou como um Rei da noite que é e mais ainda um Taata africano fino de filhos além dos seus 32 que tem, nos fará falta mas deixa um legado de que a “cultura de favela” tem mais a dizer do que um “sobe-desce.”

É no altar e no altivo que Catra se encontra agora e sua permanência em nossos corações se estende a sua ausência. Será ouvido a cada tambor que se bater, ou tamborzão como ele gostava de chamar as batidas híbridas do funk eletrônico. Com Deus Catra, até um dia. Já que você virou estrelinha do universo, brilhe muito no céu pra nós. Te amo meu irmão.