Casal é assassinado a tiros por encapuzados em Boa Vista de São Caetano

Bandidos procuravam rapaz por dívida de droga: R$ 400

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 7 de abril de 2021 às 19:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Bruno Wendel/CORREIO

As cápsulas de escopeta encontradas próximas ao banheiro e à cozinha mostravam o desespero da comerciante Jucilane Cordeiro dos Santos Santana, 36 anos, para se livrar da morte. No entanto, o corpo dela foi encontrado no corredor da casa, a alguns metros do marido, Gildo José Cordeiro Santos, também executado a tiros dentro do imóvel, na madrugada desta terça-feira (6), no bairro de Boa Vista de São Caetano, em Salvador.   Sobre a morte do casal, a Polícia Civil disse apenas que foi agendado o interrogatório de testemunhas e que o crime é apurado pela 3ª DH/BTS e que ainda não tem autoria e motivação para o duplo homicídio. O CORREIO esteve no local e apurou com os moradores que as execuções teriam sido cometidas por conta de uma dívida de droga não das vítimas, mas sim de um dos clientes que frequentam o bar de Jucilane, conhecida também como Galega. O bar funciona no andar térreo de um prédio, onde ocorreu o crime.  Quatro homens chegaram em um carro, mas apenas dois deles, que estavam mascarados, arrombaram o imóvel em busca de um cliente, que vez e outra dormia no local e que devia R$ 400 de droga. Como o alvo não estava, os bandidos exigiram de Galega R$ 800. Diante da recusa, o casal foi assassinado.  Encapuzados O casal e o filho moravam no segundo andar do prédio - primeiro é um outro ponto comercial. O edifício está situado no início de uma ladeira, na Rua da Alegria, cercada por residências e alguns estabelecimentos comerciais.  De acordo com os vizinhos, por volta das 3h, um carro parou em frente ao prédio. “Um ficou dentro do carro e o outro do lado de fora, como quem ficasse vigiando, enquanto os outros dois, que usavam brucutu, quebraram os cadeados dos portões e chegaram ao segundo andar e arrombaram a porta”, contou um morador.  Testemunhas relataram que os bandidos gritavam com o casal, que já havia acordado com o arrombamento da porta. “Eles perguntavam por um rapaz, que é amigo do filho dele. Eles diziam que o rapaz tinha o hábito de dormir na casa e que estavam atrás dele, que eles queriam de qualquer jeito os R$ 400 da droga”, contou.  O casal disse que, desta vez, o rapaz anão estava na casa. “Inclusive, Galega mandou eles procurarem. Foi então que os dois caras armados começaram a revistar tudo. Entraram nos quartos, no banheiro, cozinha e nada. Jogaram roupas, objetos, móveis, tudo no chão. Mas não encontraram nada”, relatou a testemunha. Tiros Como não encontraram o alvo, os assassinos exigiram de Galega R$ 800. “Ela disse que não tinha o dinheiro e mesmo que tivesse não daria, que eles fossem cobrar a dívida a quem é de direito.  Nessa hora, o marido dela agarrou um dos bandidos e começaram a briga, mas o cara conseguiu se livrar e os dois atiraram. Gildo foi primeiro a morrer. O corpo dele ficou na sala”, disse.  Após testemunhar a execução do marido, Galega correu dos tiros disparados contra ela. Saiu da cozinha em direção ao banheiro, mas acabou caindo no corredor. “A polícia recolheu várias cápsulas de escopeta pela casa”, contou o morador.  De acordo com a Polícia Militar, soldados da 9ª CIPM (Pirajá) foram acionados para atender denúncia de disparos de arma de fogo contra duas pessoas dentro de uma residência na Ladeira da Alegria. “Segundo populares, os autores invadiram a residência e realizaram disparos contra as vítimas e depois fugiram. A equipe policial realizou rondas na localidade, mas ninguém foi encontrado”, diz nota da PM. Bar Moradores disseram ainda que Galega era uma pessoa tranquila. “Uma mulher maravilhosa. Ela sempre que podia ajudava as pessoas. Se você não tinha o dinheiro para comprar comida com ela, não tinha problema. Ela sempre dava um jeito de a pessoa não sair de mãos vazias. E ela sempre falava com todo mundo. Poderia ser um desconhecido. Se passava por ela, recebia pelo menos um ‘bom dia’ ou um ‘boa tarde’”, disse um vizinho.  Ainda de acordo com ele, apesar da pandemia, o bar funcionava com a porta aberta pela metade e que, nos últimos dias, pessoas que não eram da área passaram a frequentar o recinto. "Foi a forma que ela encontrou para sobreviver na pandemia. Porém, uma galera estranha passou a ir direto pra lá, inclusive, dizem que o rapaz que eles estavam procurando era dessa turma", contou um morador.