Caso Atakarejo: supermercado afasta seguranças após mortes de jovens

Supermercado abriu sindicância interna após tio e sobrinho, acusados de furto, serem entregues a traficantes

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  • Wendel de Novais

Publicado em 6 de maio de 2021 às 19:54

- Atualizado há um ano

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Depois da repercussão do caso de Bruno Barros da Silva, 29 anos, e seu sobrinho, Ian Barros da Silva, 19, ambos executados e deixados na localidade da Polêmica, em Brotas, após serem acusados de cometer um furto de alimentos no Atakadão Atakarejo de Amaralina, o supermercado afastou seguranças envolvidos no caso através de sindicância interna. 

Por meio de nota, o Atakarejo voltou a afirmar que tem colaborado para resolução do caso desde o acontecimento e citou o afastamento dos suspeitos. “Desde o início, a empresa vem colaborando com as autoridades policiais. O Atakarejo informa que foi aberta sindicância interna que decidiu pelo afastamento dos seguranças até que os fatos sejam devidamente esclarecidos pelas autoridades competentes”, escreveu. O CORREIO procurou a rede para saber o número exato de seguranças afastados, mas não obteve essa informação. 

A rede ainda prestou solidariedade às famílias das vítimas e declarou que jamais toleraria um ato de violência. “A Rede Atakarejo repudia o fato ocorrido e manifesta total solidariedade às famílias das vítimas de violência no Nordeste de Amaralina, em Salvador. A empresa reafirma o compromisso com o seu código de ética e conduta e que jamais irá tolerar qualquer ato de violência”, concluiu.

Investigação Após coletar novas imagens do circuito de câmeras de vigilância, de um supermercado, no bairro da Amaralina, na terça-feira (4), o Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) analisa os vídeos e a Coordenação de Perícia em Audiovisuais do Departamento de Polícia Técnica (DPT) realiza perícia no material. Laudos cadavéricos e periciais do local do crime complementarão as investigações. 

A delegada-geral Heloísa Campos de Brito acompanha as investigações e pontua a devida aplicação da legislação penal. “Cada desdobramento do DHPP sobre este caso é acompanhado por mim. Todos os envolvidos com este crime serão responsabilizados, sejam eles quem forem, no rigor da Lei”, afirmou. 

De acordo com a diretora do DHPP, delegada Andrea Ribeiro, mais de 10 pessoas já foram ouvidas. “Seguimos com desdobramentos das apurações, para a identificação e localização dos autores”, afirmou.  Outras providências não podem ser reveladas para não atrapalhar as investigações. 

Relembre o caso Os corpos foram encontrados no porta-malas de um carro, com marcas de tortura e de tiros, e identificados pela polícia. Segundo os familiares de Bruno e Ian, após serem acusados de furto no supermercado, os dois teriam sido entregues a traficantes por funcionários do estabelecimento. 

Fotos que circulam nas redes sociais mostram tio e sobrinho em três momentos. O primeiro logo após eles terem sido flagrados roubando carne na rede de supermercado. Os dois estão agachados numa área interna do estabelecimento, ao lado dos produtos que teriam sido furtados e de um homem, apontado como segurança da loja.

O segundo momento mostra tio e sobrinho sentados numa escadaria do Boqueirão - local do crime. Depois, os corpos foram levados para a Polêmica.“Foram mais de dez [bandidos], todos armados, e levaram eles para o Boqueirão. Lá, deram mais de 30 tiros de metralhadoras, pistolas, escopeta e ainda deram facadas”, disse um amigo das vítimas, que também teve o nome preservado. 

Por meio da assessoria de comunicação, a rede de supermercado informou que "o Atakarejo é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais. Não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei".

*sob supervisão da subeditora Fernanda Varela