Casos da Covid-19 no mundo dobram em uma semana e ultrapassam 600 mil

Balanço da Universidade John Hopkins mostra que os EUA são o país mais afetado, seguido por Itália, China e Espanha

Publicado em 28 de março de 2020 às 11:25

- Atualizado há um ano

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Os casos do novo coronavírus se aproximam de 615 mil na manhã deste sábado (dia 28), praticamente dobrando em uma semana. Os casos ultrapassaram a marca dos 300 mil há apenas oito dias, em 20 de março, segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins, publicado pelo jornal O Globo. O agravamento cada vez mais acelerado da pandemia é resultado do aumento exponencial de casos na Europa e nos Estados Unidos, que se tornou o país mais afetado pela doença na última quinta-feira. Até o momento foram diagnosticados 614.884 casos e 28.687 mortes em 177 países e territórios. O número de pessoas curadas é 135.671.

Desde que Wuhan, marco zero da pandemia, registrou seu primeiro caso em dezembro, foram necessários 67 dias para que o número de pessoas infectadas no mundo alcançasse 100 mil. Para que os casos chegassem a 200 mil, foram necessários apenas 11 dias. Apenas quatro dias mais tarde, a cifra bateu 300 mil. Na terça-feira, apenas três dias depois, os números ultrapassaram 400 mil. Impulsionada majoritariamente pelos Estados Unidos, a estatística havia superado os 500 mil na quinta-feira, há dois dias.

Sozinhos, os Estados Unidos, que segundo a Organização Mundial da Saúde poderão se transformar no novo epicentro da pandemia, já registram quase 105 mil casos da Covid-19, com 1.711 mortes – 450 delas na região de Nova York. Os americanos são seguidos pela Itália que, na sexta-feira, registrou 919 mortes, quantia diária recorde no mundo. Ao todo, o país tem 86,4 mil casos, com mais de 9 mil mortes.

O terceiro lugar ainda é ocupado pela China que, apesar de ser o marco zero da pandemia, parece ter conseguido controlar os casos no país com medidas draconianas de restrição. Entre sexta e sábado, foram registrados 54 casos da Covid-19 no território chinês, todos importados. Ao todo, 81.996 casos da doença foram registrados no país desde dezembro, com quase 3,3 mil mortes.

A Espanha, quarto país mais afetado pela doença, parece estar atingindo o pico de infecções. Entre sexta e sábado, o número de mortes no país bateu recordes 832, mas a taxa de crescimento dos óbitos vem reduzindo: passou de 18% na quinta para 14% na sexta e 12,7% neste sábado. No total, o número de casos é 72.248, com 5.690 mortes. O Irã, país cuja estrutura de saúde e acesso a remédios é amplamente afetada pelas duras sanções impostas pelos EUA, é o quinto país com mais casos da Covid-19, 35.408, com 2.517 mortes.

Frente à pandemia, mais de três bilhões de pessoas em todos os continentes estão confinadas. Neste sábado, o governo alemão se juntou a outras lideranças europeias, prorrogando até ao menos 20 de abril a quarentena no país. Em seu podcast, a chanceler Angela Merkel ressaltou que reduzir o número diário de novas infecções, no momento, é inviável (dado o período de incubação da doença), mas que as medidas de contenção são fundamentais para diminuí-los nos próximos dias, evitando uma sobrecarga do sistema de saúde, como muitos países têm visto.

Enquanto a quarentena é prorrogada em diversos países do mundo, a China vem, aos poucos, aliviando as restrições de movimento. Neste sábado, as estações ferroviárias de Wuhan foram reabertas para desembarque, desde que os passageiros comprovem seu bom estado de saúde. Sair da cidade só será permitido, no entanto, a partir do dia 5 de abril.

Teme-se, contudo, que a suspensão das restrições seja prematura. Relatos de médicos e enfermeiros levantam suspeitas de que o governo possa estar subnotificando os casos de infecção em Wuhan para fomentar seu discurso político de vitória da Covid-19. A China já não contabiliza casos assintomáticos da doença – que, segundo pesquisas, podem não só representar boa parte dos infectados, mas também serem amplamente contagiosos –, mas há relatos de que até mesmo pessoas com sintomas típicos da doença não estão sendo inseridas nas estatísticas em Wuhan.

No mundo inteiro, diferenças no método de contagem, no diagnóstico e na amplitude da aplicação de testes para o novo coronavírus dificultam um panorama mais amplo da pandemia.