Cenas de Carnaval: Badauê

O cometa que passou pelo Carnaval entre 1979 e 1992

Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Jorge de Jesus/ Carnaval 85/Arquivo CORREIO
Carnaval 1985 por Jorge de Jesus/Arquivo CORREIO

Ainda que siga vivo, o Badauê foi um cometa que passou no Carnaval de Salvador entre 1979 e 1992, quando fez seu último desfile na Avenida.  Fundado em maio de 1978 por um grupo de jovens do Engenho Velho de Brotas, surgiu como um afoxé de pegada mais pop, solto. Entre seus criadores e de enorme contribuição estava Moa do Katendê, assassinado no ano passado por motivações políticas. Algo que diferia o Badauê e outros blocos afro era sua origem: um pé na ancestralidade africana, nas entidades tradicionais da Bahia, como Ilê Aiyê e Filhos de Gandhy e outra na revolução negra da década de 60, com os Panteras Negras e o Black is Beautiful.  “Do ponto de vista estético, visual, performático e sonoro, aquele novo afoxé não se acanhava em transgredir a tradição e ao mesmo tempo se aproximar dela”, escreveu o pesquisador e artista Chicco Assis, em artigo no CORREIO de 18 de novembro do ano passado. Assim, afoxé também variava suas vestimentas de ano pra ano, nas cores azul, branco e amarelo, e permitia o acesso de homens, mulheres e crianças, fossem eles negros ou brancos. As músicas eram cantadas em português, numa época em que boa parte dos afros cantava em iorubá, e não tinha temática fixa.

[[galeria]] O Badauê encantou geral. Caetano Veloso mostrou sua inspiração nos versos de Beleza Pura. Clara Nunes cantou o Badauê em Ijexá, música de Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro. Moraes o eternizou em Eu Sou o Carnaval e até a Banda EVA se conectou o afoxé em Batuque Badauê.  O cometa Baduaê deixou saudades mas as homenagens musicais não deixarão a memória do afoxé se perder jamais. 

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio da Claro, Fieb, Salvador Shopping, Vinci Airports e Unijorge