César Romero: Cor e Corpo

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Cesar Romero
  • Cesar Romero

Publicado em 12 de março de 2017 às 00:02

- Atualizado há um ano

Na Caixa Cultural Salvador, até 23 de abril, a exposição Tomie Ohtake - Cor e Corpo, da consagrada artista plástica Tomie Ohtake. Considerada como um dos maiores nomes da arte brasileira no século 20, a artista dedicou sua vida à arte.

Tomie Ohtake, após breve passagem pela pintura figurativa, define-se pelo abstracionismo. No início da década de 1960, emprega uma gama cromática reduzida, com predominância de duas ou três cores. Leva o olhar do espectador a percorrer superfícies em telas que muitas vezes lembram nebulosas. Utiliza, em algumas obras, pinceladas “rarefeitas” e tintas muito diluídas, explorando as transparências. Posteriormente, surgem em seus quadros formas coloridas, grandes retângulos, que parecem flutuar no espaço. Ao longo da década de 1960 emprega mais frequentemente tons contrastantes. Revela afinidade com a obra do pintor Mark Rothko (1903-1970), na pulsação obtida em suas telas pelo uso da cor e nos refinados jogos de equilíbrio. A artista explora a expressividade da matéria pictórica, mais densa, em texturas rugosas, ou mais diluída e transparente. Em Tomie Ohtake – Cor e Corpo, exposição inédita, gravuras, esculturas e pinturas revelam a maestria dos seus mais de 60 anos de trabalho.

Formas orgânicas e fluidas somam-se a curvas e cores, em obras que perpassam por diversos períodos criativos da artista. Sob a curadoria de Carolina De Angelis e Paulo Miyada, a exposição reúne esculturas, pinturas e, entre as gravuras, serigrafia, litografia e gravuras em metal. Comum a todas elas, a nomeação Sem Título, opção que, segundo os curadores, evidenciava o anseio de Tomie Ohtake em promover a reflexão e livre associação do observador.

Apesar de não trabalhar uma temática específica, sendo a própria expressão plástica visual o tema que permeia toda sua obra, é possível destacar no trabalho da artista características que remetem a formas da natureza, elementos humanos, marítimas e cósmicas ou ainda associadas à progressividade do crescimento e fecundação, aspectos evidenciados na exposição.

 Entre as gravuras, a exposição exalta a diversidade de obras que vão desde as mais antigas, dos seus primeiros anos de trabalho, com contornos irregulares, até aquelas, por exemplo, delicadamente programadas, com linhas finas sobrepostas. Popularizadas por meio de obras públicas da artista expostas em diversas capitais pelo mundo. As esculturas são estruturas metálicas fruto de torções e dobras realizadas pela artista em pequena escala e fielmente reproduzidas em maior dimensão. Já entre as pinturas, figuras sinestésicas que encerram analogias corpóreas e orgânicas. Tomie Ohtake - Cor e Corpo será a terceira mostra da artista na capital baiana, que recebeu exposições em 2009 e 2013.

Japonesa, naturalizada brasileira, Tomie Ohtake nasceu em Kyoto, Japão, no dia 21 de novembro de 1913, onde estudou. Em 1936, chegou ao Brasil para visitar um de seus cinco irmãos e, impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, permaneceu no Brasil. O ápice de sua carreira veio a partir dos  50 anos, quando realizou mostras individuais e conquistou prêmios na maioria dos salões brasileiros. Em seus mais de 60 anos de produção artística, participou de 20 Bienais Internacionais, somando em seu currículo mais de 120 exposições individuais (em São Paulo e mais 20  capitais brasileiras, Nova York, Washington DC, Miami, Tóquio, Roma, Milão, etc) e quase 400 de coletivas, entre Brasil e exterior, além de 28 prêmios.

Com seu reconhecimento, Tomie tornou-se uma espécie de embaixatriz das artes e da cultura no Brasil. Assim, durante toda sua vida, foi sempre convocada a receber grandes personalidades internacionais, como a rainha Elizabeth e o imperador, a imperatriz e o príncipe do Japão. Em 2013, chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições pelo Brasil. Dos 100 aos 101 anos concebeu cerca de 30 pinturas. Seguiu trabalhando até a sua morte, em fevereiro de 2015.