Chegou a vez de Fernandão

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Publicado em 6 de novembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O discurso do técnico Roger Machado após o empate diante do Cruzeiro deixa claro que ele pretende manter Fernandão na equipe titular, pelo menos por enquanto. O centroavante barrou Gilberto e foi bastante acionado, sobretudo pelo alto, contra a equipe mineira. Por fim, foi premiado com um gol de pênalti, em jogada que ele mesmo provocou. Logo mais, quando sair a escalação do Bahia para a partida contra a Chapecoense, nesta quarta-feira (6), na Arena Fonte Nova, o nome dele deve estar lá.

A troca é mais uma aposta de Roger na tentativa de corrigir o rumo da equipe, que apresentou queda de rendimento em um momento delicado, na reta final da Série A, colocando em risco o sonho de buscar uma vaga na Copa Libertadores da América do ano que vem, objetivo que parece mais distante a cada tropeço. Artilheiro tricolor na temporada e fundamental durante toda a competição, Gilberto está em má fase. Os gols desapareceram, e com eles também foi embora a confiança. A mudança era necessária. O camisa 9 não balança as redes desde a 20ª rodada.

O treinador tricolor sabe que a troca no comando de ataque não é a mera substituição de uma peça por outra. Por mais que atuem na mesma posição, Fernandão e Gilberto têm características completamente distintas, e a escolha por um dos dois afeta o comportamento coletivo da equipe, que precisa se adaptar para municiar da melhor forma o seu principal referencial ofensivo. Gilberto tem mais mobilidade e é capaz de fazer diagonais em velocidade nas costas dos zagueiros. Fernandão é forte, faz bem o pivô e leva vantagem na bola aérea.

A presença de Fernandão no ataque já deu outra cara a equipe do Bahia. Sabendo do potencial do atacante pelo alto, a equipe abusou dos cruzamentos na área contra o Cruzeiro: foram 29, sendo que apenas três certeiros, de acordo com o site Footstats. A título de comparação, no jogo anterior, contra o Santos, com Gilberto na equipe titular, foram apenas oito. Contra o Internacional, foram dez. Contra o Ceará, no “abafa” pela busca do triunfo em casa, a média subiu: foram 33.

É claro que alçar bola na área depende de fatores específicos: a necessidade de buscar o resultado, a postura do adversário ou a falta de repertório ofensivo. No Bahia, não faz sentido ficar alçando bola na área se o atacante é Gilberto, por isso o time busca chegar ao gol por outras vias. No triunfo sobre o Grêmio, o último da equipe, foram 12 finalizações e apenas dez cruzamentos. Com Gilberto, o jogo é predominantemente construído pelo chão, até por isso Fernandão demonstrou tanta dificuldade ao longo da temporada. É que seu jogo não encaixa com a forma de jogar da equipe.

Por mais que Fernandão seja altamente perigoso pelo alto, é preciso que o Bahia não se atenha a ficar jogando somente bola na área e trabalhe outras formas de se chegar na meta da Chapecoense, até para que o time não se torne previsível. O próprio cruzamento na área, quando é fruto de uma jogada que foi bem preparada anteriormente, é consideravelmente mais perigoso e permite que o centroavante chegue na bola em condição de vantagem em relação aos defensores.

Rafael Santana é repórter do globoesporte.com