'Chegou sangrando, me pedindo socorro', diz mãe de adolescente baleada em São Caetano

Menina de 14 anos foi atingida na cabeça dentro da casa do namorado - que está desaparecido

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  • Tailane Muniz

Publicado em 5 de junho de 2017 às 13:19

- Atualizado há um ano

A mãe da adolescente de 14 anos baleada na cabeça durante um atentado, na madrugada deste sábado (3), no bairro de São Caetano, em Salvador, narrou o desespero que viveu no dia do crime, ao acordar com os pedidos de socorro da filha. "Chegou lá em casa por volta de 2h, sangrando muito, me pedindo socorro", lembra ela, que levou a menina para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde vítima permanece internada. O crime aconteceu na Rua Ana Mariane Bitencourt, próximo ao Colégio Estadual Desembargador Pedro Ribeiro, no final de linha. A adolescente foi socorrida para o HGE (Foto: Betto Jr/ Arquivo CORREIO)Em contato com o CORREIO, a mulher, que não quis se identificar, disse que o namorado da filha foi baleado e levado pelos bandidos. À mãe, a adolescente afirmou que cerca de dez homens armados invadiram a casa do casal. Mesmo ferida, a adolescente conseguiu chegar até a casa da mãe. "Ela chegou lá em casa, me pediu ajuda, já ferida. Disse que estavam dormindo quando esses homens armados arrombaram os cadeados da casa e perguntaram se ela e ele [namorado] são de alguma facção", contou.

De acordo com a Central de Polícia, a ação aconteceu por volta das 2h, dentro da casa do namorado da jovem. Segundo a mãe da vítima, que mora próximo à filha, a menina explicou que, mesmo após responder que não tinha ligação com o tráfico, foi baleada pelos bandidos. "Mas aí deram tiros nos dois. Ela acha que mataram ele, porque levaram o corpo", completou. A mulher identificou o genro apenas como Iuri, de 26 anos.

Segundo ela, ele não foi mais visto no bairro. A vítima morava com o namorado há cerca de oito meses, segundo a mãe, contra a vontade da família. "Ela sempre me deu muito trabalho. Já fugiu de casa algumas vezes, até conselho tutelar eu já procurei. Ela estava com ele contra o meu gosto. Já briguei, saí na mão com ele e tudo, mas quando vi que eles não iam largar um do outro, pedi para que viessem morar próximo a mim, pelo menos", disse, acrescentando que a filha chegou a morar com o namorado em Praia Grande, no Subúrbio, e em Pirajá.

Ela, no entanto, não soube informar como os dois se conheceram. Quanto ao envolvimento do genro com o tráfico de drogas, a mulher afirmou não ter conhecimento sobre a informação.

"Eu não faço ideia do que pode ter acontecido, sei que minha filha estuda. Tinha pouco tempo que eles tinham ido morar lá, a meu pedido, isso aconteceu do nada. Há alguns meses, até ajudei ele a montar uma guia de doces para venderem. Estou morando em São Caetano tem um ano e meio, mas depois disso, fiquei com medo de continuar, pretendo me mudar", pontuou.

Separada do pai da jovem, ela contou que trabalha como doméstica para sustentar outros três filhos - um bebê e dois adolescentes. "Eu e o pai dela somos separados, nunca contei com a ajuda dele. É complicado para mim, tenho os outros três [filhos] para cuidar", ponderou. Ainda conforme a mãe, a garota está consciente mas não tem previsão de alta. "Sente muitas dores na cabeça".InvestigaçãoO posto do HGE, para onde a adolescente foi socorrida, registrou duas versões sobre o caso. A primeira, no sábado (3), diz que a jovem e o namorado foram baleados depois de ter a casa invadida por dez homens armados, e que o rapaz estaria desaparecido. A segunda versão, registrada no domingo (4), diz que foi o namorado quem tentou matar a adolescente, que ele tem envolvimento com o tráfico de drogas no bairro e que estaria foragido.

O boletim do HGE é redigido através das informações fornecidas pelas testemunhas do crime, incluindo as vítimas. Procurada, a titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Derca), Ana Cricia, informou que o caso foi encaminhado para a unidade e que as duas versões dos fatos serão investigadas. 

Em nota, a Polícia Militar afirmou que não foi solicitada para atender à ocorrência. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o desaparecimento do rapaz após o crime.