Chinês preso em Caetité queria investir na região

Homem é suspeito por lavagem de dinheiro oriundo do tráfico internacional de drogas

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  • Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2021 às 05:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Momento em que o suspeito foi preso pela Polícia Federal (Foto: Reprodução)

O homem de 48 anos de dupla nacionalidade preso em Caetité, no sudoeste da Bahia, na tarde desta terça-feira (4), estaria em busca de áreas de investimento na cidade. A informação é do site Radar 030. Preso por lavagem de dinheiro oriundo do tráfico internacional de drogas, ele teria alugado um apartamento em Caetité. A prisão dele ocorreu durante uma operação da Polícia Federal, por volta das 16h30 de terça, próximo à Praça Maria Neves Lobão, na Avenida Dom Manoel Raimundo de Melo.

O homem de nacionalidade chinesa e panamenha seria membro de uma organização internacional de lavagem de dinheiro em larga escala, tendo transferido recursos decorrentes do tráfico de drogas nos EUA e Europa para países da América do Sul e Central, e da Ásia. A informação é do escritório da Interpol, nos Estados Unidos. 

Outra fonte ouvida pelo CORREIO é um morador da localidade em que ocorreu a prisão. De acordo com a fonte, agentes da Polícia Federal estavam em uma caminhonete branca e, o suspeito, em outro veículo, estacionado próximo a Praça Lobão. Sem esboçar resistência, o homem foi abordado, detido e levado pela Polícia Federal. "Os policiais chegaram em um veículo disfarçado, acredito que para não levantar suspeita e pegar ele de surpresa. Aí eles foram bem discretos, foi tudo muito rápido, não deixaram ninguém chegar perto", disse o morador.

A Polícia Militar também teria participado da operação. Procurada pelo CORREIO, a PM preferiu não passar informações sobre o caso. 

Outro morador da cidade ouvido pelo CORREIO disse que a prisão foi discreta. “Foi algo muito sigiloso por aqui, não teve muita repercussão. Muita gente não ficou sabendo e quem ouviu falar não sabe de detalhes”, afirmou. Ele ainda comenta que o suspeito não chamou a atenção dos residentes, mesmo sendo estrangeiro em uma cidade do interior. “Aqui temos empreendimentos eólicos de fora e muitos bolivianos, colombianos e espanhois, por exemplo, trabalhando neles. Ou seja, pessoas de outros países circulam por aqui, mesmo sendo uma cidade pequena, então ele passou despercebido”. 

Caetité também é um grande pólo de minério de ferro e possui a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), um importante corredor de escoamento de minério do sul do estado da Bahia (Caetité e Tanhaçu) e de grãos do oeste baiano. No dia 8 de abril, o governo federal leiloou a concessão de parte da ferrovia. Chamado de Fiol 1, o trecho de 537 quilômetros de extensão foi arrematado pela Bahia Mineração (Bamin), que integra um conglomerado do Cazaquistão e pertence ao Grupo Eurasian Resources Group (ERG), a única empresa a apresentar lance no certame.

Como funcionava o esquema criminoso?

Os valores decorrentes da comercialização de drogas eram inseridos no sistema bancário dos EUA e, posteriormente, transferidos para contas em Hong Kong, controladas pelo preso.De acordo com a Polícia Federal, entre abril de 2016 e julho de 2017, o suspeito teria lavado mais de US$ 900 mil para cartéis mexicanos e colombianos atuantes no tráfico internacional de drogas.

A prisão preventiva foi decretada pelo Supremo Tribunal Federal com base em representação do Escritório Central Nacional da Polícia Federal no Brasil, fundado no Tratado de Extradição firmado entre Brasil e os EUA.

O preso foi conduzido para o Presídio de Vitória da Conquista e encontra-se a disposição da Justiça, que decidirá sobre o processo de extradição e transferência. Aparelhos celulares que estavam com o suspeito foram apreendidos pela polícia. Procurada pelo CORREIO, a Polícia Federal de Vitória da Conquista, à frente do caso, não quis dar entrevista.  

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro*