Cinco vezes em que Bell foi, de fato, um quinto beatle

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  • Da Redação

Publicado em 17 de março de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Deus é testemunha que não queria insistir nessa piada, mas fui compelido a fazê-la mais uma vez. Eu disse: “João, vai ficar sem graça. O povo já riu uma vez. Ninguém vai rir de novo”. E, ele: “vamos surfar na onda, velho. Se até Bell retuitou, não faz sentido falar de outra coisa agora”.

O embate durou pouco, admito. Lá no terceiro argumento, me dobrei e disse: “tá bom! Mas não tenho a mínima ideia do que escrever”. E, realmente, não tinha. Tanto é que nem comecei essa história pelo começo, só pra, antes, manifestar meu descontentamento com João Gabriel Galdea, meu consorte manipulador nessa coluna Baianidades.

Bom, agora descontada a zanga, podemos efetivamente iniciar pelo início e contar como minuciosamente essa resenha procedeu. Foi bem assim: na última sexta-feira (15), estava de boréstia quando o menino Zeca Forehead publicou em seu Twitter a foto do Instagram de Bell Marques, juntamente com os filhos Rafa e Pipo (ex-8794 e agora Rafa e Pipo mesmo) atravessando a faixa de pedestres da Abbey Road, famoso estúdio em Londres que gravou os Beatles nos anos 1960 e que, de lambuja, consagrou uma das capas de discos (o homônimo LP Abbey Road) como uma das mais famosas da história da música mundial. Vale o contexto que, depois da maratona de tocar nos seis dias do Carnaval, Bell foi curtir as férias na terra da Rainha e acabou dando uma de turista na famosa rua londrina. A rua (a rua não; a faixa de pedestres) é tão famosa -- tanta gente faz foto ali o tempo todo – que o estúdio até instalou câmeras em tempo real pra quem quiser acompanhar o que está acontecendo naquela esquina do mundo neste exato momento.

Possuído por um espírito zombeteiro, resolvi então fazer uma piada com a cena a mim revelada. Criei o LP ‘ABell Road’ (o nome foi uma contribuição do jornalista e primo Matheus Carvalho). Listei algumas músicas de Bell Marques que poderiam se assemelhar com canções do Fab Four. A postagem ganhou uma força desproporcional dado tamanho da bobajada. O pessoal da revista especializada em música Rolling Stones publicou a história e atribuiu a mim o epíteto de “fã de Bell Marques”. 

O cantor também gostou da brincadeira e até publicou em seu stories no Instagram um “adorei”. Mas, Bell, não diga “adorei”. Diga que valeu! Foi aí que começou a aporrinhação de Galdea. Eu tinha feito toda uma pesquisa pra contar a história de uma festa popular aqui em Salvador, que foi devastada pela força do tempo e da ação política, provocando seu esquecimento. Material tava nos trinques, bonitinho, azeitado pra sair na coluna de hoje, mas ele veio com a voz da censura e arrastou minha festa popular pro esquecimento mais uma vez: “Vamos falar de Bell”, decretou, em tom abusivo.

Eu não tinha mais nada pra escrever sobre Bell como um quinto beatle. Pra tapear, primeiro pensei em fazer uma relação de outros artistas da música baiana que poderiam ser também rockstars.Banda Beijo = Kiss Pimenta Nativa = Red Hot Chili Peppers Asa de Águia = Wings (banda do ex-beatle Paul McCartney) Armandinho = Jimi Hendrix Essas até que passam. Mas depois foi só ladeira abaixo.Luiz Caldas = Michael Jackson Daniela Mercury = Freddie Mercury Igor Kannario = Kurt Cobain Timbalada = Timbaland Finge até que você nem leu essas últimas.

Nesta altura, a amolação continuava em meu juízo e resolvi mergulhar na própria história que inventei. Resolvi listar os momentos que Bell (e o Chiclete com Banana) foi efetivamente um quinto Beatle. E, descontando a gozação, você verá que algumas coisas realmente procedem ou têm inspiração direta.

Vumbora mais eu!

1 – Marca visual

Os Beatles não foram os primeiros na música a criar uma marca visual forte. Elvis já tinha seu topete característico e Bob Dylan seus cachos e óculos escuros. Mas os meninos de Liverpool elevaram essa condição à enésima potência, ao apostar em cabelos de cuia, depois bigodes, óculos de grau e costeleta. Viraram marcas tão poderosas que muitos dos cartazes bastavam mencionar esses elementos para caracterizá-los. A simples menção na bandana, óculos escuros e barba são suficientes para identificar Bell. 2 – A maçã verde e o camaleão verde

No auge da fama, empreendedores, os Beatles criaram a Apple Corps para gerir o material produzido e tudo que fosse licenciado pela banda (depois até ganhariam um dinheiro absurdo de Steve Jobs pelo plágio da Apple Inc). Todo selo da banda passou a ser identificado pela maçã verde -- é comum ver esse símbolo em todos os produtos oficiais dos Beatles. O Chiclete também tem uma marca própria que o identifica. É a pata do Camaleão (também na cor verde). A marca representa o bloco Camaleão, criado em 1979 e que desde 1989 é puxado pelo Chiclete e, depois, por Bell. 3 – A mesma música

O Chiclete gravou a música “Menina Linda”, no álbum Tabuleiro Musical, de 2007. A música, por sua vez, é uma regravação da canção da banda Renato & Seus Blue Caps, gravada na década de 1960. Por sua vez, essa música é uma versão de “I Should Have Know Better”, composta por Lennon e gravada pelos Beatles em 1964.

Compare.

I Should Have Know Better:

Menina Linda:

4 – A última aparição

A última aparição pública dos Beatles como banda foi em 30 de janeiro de 1969. Eles já não tinham o menor clima para continuar (brigavam direto), mas cumpriam agenda para a gravação do último LP (justamente o Abbey Road. Sairia depois também o Let It Be, em 1970). De supetão, subiram no telhado da Apple Corp e se despediram do público após um show de 42 minutos. Nunca mais tocariam juntos, ao vivo, novamente.

No início de 2014, o Chiclete com Banana já tinha anunciado o fim da banda em uma propagada simultânea divulgada na televisão. Mas, em nome do profissionalismo e dos compromissos comerciais, tocaram na terça de Carnaval pela última vez juntos na folia baiana. Na borda do trio, uma espécie de sacada ambulante, se despediram em tom emocionado. 

5 – Missinho e Best

Tanto os Beatles como o Chiclete com Banana tiveram outras formações antes de efetivamente despontarem para o sucesso. Os Beatles, antes da fama, fizeram uma turnê na Alemanha com o britânico Peter Best na bateria. Logo depois do longo período no país germânico, descontente com a rotina puxada e o futuro incerto, pediu as contas e deixou a banda. Ringo Starr assumiu as baquetas e, pouquíssimo tempo depois, a banda estourou como um fenômeno global. Com o Chiclete aconteceu algo parecido. A banda, formada em 1980 ainda com o nome Scorpions, tinha inicialmente o cantor Missinho nos vocais. Com cabelos longos e uma voz potente, ele deixou a formação em 1986, quando o Chiclete já fazia sucesso no Carnaval de Salvador. Bell assumiu o microfone e a banda virou um fenômeno do axé baiano. Faixa extra

No irremediável Yahoo! respostas (aquele fórum onde todas as questões necessárias da humanidade já foram feitas em algum momento da vida), em 2012, alguém levantou essa lebre. Ou seja, isso prova que é uma questão presente na cabeça das pessoas, assim como beber água, pagar boletos e almoçar.  E aí? Fazer o que, cidadão?