Coletivos de periferia inauguram a Casa do Museu Popular da Bahia

Espaço será inaugurado em homenagem aos festejos do 2 de Julho

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  • Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2022 às 10:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/Divulgação

Na data em que se comemoram os festejos da Independência da Bahia, a Casa do Museu Popular da Bahia será inaugurada no bairro de Fazenda Grande do Retiro pelos coletivos A Pombagem e Arte Marginal Salvador. Também a partir do próximo sábado, 2 de Julho, funcionará como um museu comunitário e um centro de referência em estudos de Artes de Rua, Educação Patrimonial e Museologia Popular. 

A ideia da Casa vem no sentido de satisfazer às demandas de ambos coletivos, principalmente a necessidade de prosseguir com as investigações em torno do que seus membros chamam de arte-educação patrimonial.

 De acordo com Janete Brito e Fabricio Brito, mãe e filho que encabeçam a ideia, ser arte-educador patrimonial é usar a arte-educação como expediente metodológico para valorizar e potencializar o patrimônio cultural. Em outras palavras, é articular arte, educação e patrimônio em prol do desenvolvimento da comunidade.  

Com base na afirmação de que “a rua é o museu do povo”, a Casa se colocará para além de um espaço de conservação, guarda e exposição de objetos ou peças mnemônicas.

Em vez disso, numa perspectiva de museu vivo, comunitário e popular, a Casa promoverá, através de seus coletivos residentes, ações culturais e educativas em ruas e praças do bairro de Fazenda Grande do Retiro, dialogando com os diversos patrimônios culturais da comunidade.  O bairro de Fazenda Grande do Retiro tem histórias incríveis, e uma delas é bastante inspiradora: a Festa do Lixo. 

Considerada um patrimônio cultural da comunidade, a Festa do Lixo remonta ao dia 2 de julho de 1975, data em que os moradores locais, num gesto considerado de Independência, reuniram-se para recolher o lixo das ruas e o abandonaram diante da Imprensa Oficial do Estado da Bahia, localizada no mesmo bairro.  A Festa durou entre 1975 e 1985 e acontecia sempre na data de comemoração da Independência da Bahia.

 Além de denunciar o descaso da prefeitura em relação à coleta de lixo, os festeiros se manifestavam dançando, cantando e protestando pelo fim da ditadura civil-militar no país. 

Inspirada nessa memória de luta e resistência, a Casa será inaugurada, no próximo 2 de julho, com uma roda de conversa sobre a Festa do Lixo enquanto patrimônio cultural.  

A Casa do Museu Popular da Bahia também será um espaço de pesquisa, pois, além das atividades estritamente artístico-culturais, promoverá encontros e seminários sobre museologia popular e novas possibilidades de musealização. 

Segundo mãe e filho, esta empreitada permitirá que as experiências museais em ruas e praças públicas, realizadas há mais de 10 anos pelo Grupo de Arte Popular A Pombagem e pelo Arte Marginal Salvador, constituam objeto de reflexões mais aprofundadas sobre o tema. 

No segundo ano de pandemia, os coletivos residentes iniciaram uma campanha virtual pelo instagram para mobilizar colaboradores em prol da inauguração da Casa. Via pix, as pessoas foram apoiando e se tornando uma base fundamental para ajudar nas demandas do espaço. 

Com a campanha foi possível pagar algumas contas de água e luz, além de adquirir dois bonecos gigantes. Tem ocorrido doações de todo tipo: instrumentos musicais, tecidos e adereços, bebedouro, uma mala de brinquedos etc. 

Para fazer parte dessa rede de colaboradores, basta entrar em contato através do @apombagem e @artemarginalssa ou doar pelo pix [email protected]