Com lixão desativado, Vitória ajudou a transformar a história do bairro de Canabrava

Aterro deveria ter funcionado por nove anos, mais durou mais de 20; chegada do Vitória transformou o entorno

Publicado em 22 de novembro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Em agosto de 1996, quando essa foto foi feita, o Barradão completava dez anos de inauguração e ainda tinha o aterro como vizinho, o que mudou a partir de 2001 (Foto: Paulo M Azevedo/Arquivo CORREIO)  Se você vive em Salvador e presta um mínimo de atenção em futebol, já ouviu a provocação um tanto preconceituosa de torcedores tricolores aos rubro-negros, quando se referem ao estádio do rival como ‘lixão’. De fato, o Barradão, estádio do Esporte Clube Vitória, já teve o lixão de Canabrava como vizinho, mas o aterro já não existe há quase 20 anos.

Foi em 2001 que a Empresa e Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) finalmente desativou o lixão, por onde circulavam cerca de mil pessoas por dia, e direcionou o lixo ao Aterro Sanitário Centro, no CIA.

A história do Vitória ali começa antes disso: o estádio foi inaugurado em 11 de novembro de 1986, com uma partida contra o Santos - o resultado final foi um empate, em 1x1. Naquela época, o estádio construído num terreno doado pela prefeitura ao clube ainda tinha o lixão de Canabrava como vizinho.

E houve, também, certa resistência em aceitar o Barradão como casa do Vitória. É o próprio clube quem conta essa história em seu site oficial:"Nesses primeiros anos de vida, o Estádio Manoel Barradas quase não era utilizado, nem mesmo para amistosos. Reinaugurado em 1991, em novo empate por 1 a 1 contra o Olimpia-PAR, o clube ainda dependia dos jogos na Fonte Nova, com o argumento de que a iluminação do Manoel Barradas impedia partidas que começassem após as 15 horas", explica o clube.O sistema de iluminação ficou pronto em 1994 e a estrutura foi reabilitada. "O clube combateu duramente a resistência de muitos em aceitarem o campo como oficial do Vitória, e a partir de 1995, finalmente, estabeleceu o Barradão como grande símbolo de mudança na história do futebol nordestino".

A instalação não só do Barradão, mas de um complexo esportivo ali, ajudou a mudar a história do bairro, cuja ocupação se deu de forma desordenada e acabou atraindo também muita gente justamente por conta da presença do lixão. Com a chegada do Vitória ao local, Canabrava ganhou novas vias de acesso. O aterro, que deveria ser provisório, sobreviveu durante quase 20 anos, até a mudança para o CIA e o fim, a partir de 2001.