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Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A pandemia do novo coronavírus, que tirou a vida de milhares de baianos nos últimos quatro meses, foi responsável também por fazer outros 20 mil perderem os seus empregos no setor do comércio – o que representou uma retração de 10% no total das vagas. A revelação foi feita pelo empresário Carlos Andrade, presidente da Federação do Comércio, Serviços e Turismo da Bahia (Fecomércio-Ba). >
Em conversa com o jornalista Donaldson Gomes, na live Política & Economia, ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas), Carlos Andrade disse ainda que não vê uma perspectiva de recuperação destes postos de trabalho nos próximos três meses. Para ele, a tendência para os próximos meses é de um aumento no número de desempregados no setor, pelo menos até dezembro. Live foi transmitida pelo Instagram do CORREIO (Foto: Reprodução) “Eu pensei que em 30 ou 60 dias essa pandemia iria passar, mas não foi feito o dever de casa. Eu entendo que teremos uma queda de empregos nos meses subsequentes, em agosto, setembro e outubro”, projeta. “Vamos pedir a Deus e entregar a Irmã Dulce, para que possamos ter um Natal, pelo menos no número de empregos, reestabelecido em relação a dezembro de 2019”, diz Carlos Andrade. >
Carlos Andrade acredita que a retomada da atividade depende muito de um processo de reeducação para a vida no mundo pós-covid-19. “Eu sempre fui otimista, mas temos que ser realistas, tem muitas empresas quebrando e que não vão conseguir sobreviver”. “É um cenário lamentável. A coisa mais nobre que nós empresários podemos fazer é gerar emprego. Quando uma empresa fecha, em média são de quatro a cinco empregos perdidos”, diz. >
Reabertura O presidente da Fecomércio-Ba explica que os próximos dias servirão para avaliar o ritmo de retomada da atividade econômica, após a reabertura dos shoppings. “Está todo mundo avaliando como as coisas vão acontecer, mas eu temo que os números não serão muito agradáveis”. >
Segundo ele, nos primeiros dias de reabertura, as lojas venderam 20% do que vendiam antes. “De terça-feira para cá, as vendas aumentaram para 30%, mas a verdade é que está todo mundo esperando para ver o que irá acontecer”, explica. >
Segundo ele, as empresas estão trabalhando para dar tranquilidade à população para frequentar os estabelecimentos, porém ainda existe bastante receio de parte da população. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização em relação às regras”, diz. >
Para ele é importante contar com a sensibilidade do poder público em relação ao momento. “Temos que contar com o governo federal na liberação do crédito, do estado em relação ao ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e da prefeitura em relação às taxas”, pede. >
O presidente da Fecomércio-Ba acredita que a recuperação econômica passa pelo consumo. “O trabalhador brasileiro ganha muito pouco por um lado e do outro, o governo arrecada muito e faz pouco. Infelizmente esta é a dura realidade”, afirma. “Existe uma distribuição de renda perversa, com muitos ganhando pouco e poucos ganhando muito”, lamenta. >
“Todos nós sofremos, até a classe A, mas essa pandemia foi mais cruel com aqueles que vivem do salário mínimo e com os informais. Esse que ganha pouco foi altamente prejudicado”, diz. >
Poder público Para o presidente da Fecomércio-Ba, Carlos Andrade, o impacto da covid-19 na economia brasileira é muito mair do que se esperava lá atrás. Ele acredita que a crise perdura por mais tempo do que se imaginava inicialmente e por falta de planejamento do governo federal.>
“Uma coisa é certa, a decisão política do nosso presidente não foi muito boa. Ele não conduziu o país pelo caminho científico. Houve uma politização, não só dele – de alguns governadores e prefeitos também”, diz. >
Carlos Andrade acredita que faltou planejamento. “Aqueles governos que planejaram, que foi o caso do governo da Bahia com a Prefeitura de Salvador, se saíram bem melhor nesta crise, nesta guerra”, diz. “Nosso governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto, apesar de adversários políticos, foram muito competentes em olhar a coisa pública. Mesmo com todo esse trabalho, estamos chegando aos 90 mil mortos”, pondera. >
O presidente da Fecomércio-Ba ressalta entretanto que o auxílio emergencial de R$ 600 foi o que manteve um mínimo de fôlego na atividade comercial. “O auxílio e as regras trabalhistas foram muito importante. Houve uma preocupação em evitar um desemprego maior”, pondera. >
Para o presidente da Fecomércio-Ba parte das dificuldades enfrentadas durante a pandemia se devem às fragilidades que o sistema de saúde já tinha antes. “O Brasil não estava preparado. Deram pouca importância à saúde”, avalia. >
Crédito Apesar do anúncio do governo federal de ter liberado mais de R$ 3 bilhões em crédito para o setor produtivo, Carlos Andrade diz que pouca coisa chegou nas empresa. “O dinheiro ficou em Brasília. Não chegou nada ou quase nada para os empresários. E quando chegou, já no mês de julho, acabou rápido”, disse. Segundo Andrade, o setor produtivo aguarda a liberação de uma nova remessa de crédito, por parte da Caixa Econômica. “Esperamos que chegue alguma coisa para a Bahia”, torce.>
“O que alavanca o nosso negócio é o crédito. Quem tem lojas em shopping, passou quatro meses com as portas fechadas. As lojas de rua passaram três meses. E nossas despesas foram mantidas, os boletos continuaram chegando normalmente. As contas de luz, água e telefone vieram normalmente”, diz. “Os bancos não tiveram sensibilidade. Apesar dessa guerra, os bancos oficiais foram duros. O Banco Central melhorou as condições apenas em julho. Mas continuamos com muita dificuldade”, afirma.>