Como fazer os cães perderem o medo dos fogos de artifício: conheça casos de sucesso e o que dizem especialistas

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  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2019 às 09:01

- Atualizado há um ano

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Malie pronta para encarar os fogos no São João (Foto: Divulgação) A primeira coisa a se entender aqui é o seguinte: não existe fórmula mágica, seus cabras! Para fazer cães (e gatos) perderem o medo do barulho de fogos de artifício é preciso ter a mínima paciência, dedicação e persistência. Cada cachorro é um cachorro. Por isso, em alguns casos, pode ser mais fácil rolar a chamada 'desensibilização'. Em outros, nem tanto. É sempre importante procurar ajuda profissional.

De qualquer forma, os depoimentos que reunimos aqui podem ajudar bastante para que seu filho de quatro patas fique mais tranquilo não só quando as bombas começarem a estourar no período junino, mas também em Réveillons, dias santos, jogos do Brasil ou até quando rolar trovoada. Bom entender também que o tempo para que seu cão fique de boa com os fogos pode variar bastante.

Por isso, é possível que, por mais que se treine, ele não esteja pronto para esse São João. Mas, não desista. O trabalho de desensibilização sonora é importantíssimo. Até porque há muitos casos de fuga, mortes súbitas por ataque cardíaco e até de suicídio.

Outra dica: faça esse trabalho com seu cão desde filhote. Quanto mais cedo, melhor. E um alerta: cuidado com a moda do uso de medicametos para "tranquilizar" o seu cachorro. Antes de qualquer coisa procure um veterinário. 

Bom, vamos aos depoimentos de tutores que tiveram sucesso e se ligue no que dizem nossos especialistas: 

Daniela Leal, 41 anos, empresária e tutora de Koda

No  primeiro São João, Koda tinha 3 meses e era o centro das atenção de toda família de “marinheiros de primeira viagem”.  A nossa reação aos primeiros “pipocos” dos fogos de artifícios foi de bajulação, desespero, pena ...insegurança total!  Claro que passamos tudo isso para o pequeno filhote!  A família inteira ajudou para que Koda parasse de sentir medo de fogos (Foto: Divulgação) No primeiro momento corremos para internet em busca de relatos em páginas confiáveis, de família e especialistas em cães. A internet usada com bom senso é uma boa ferramenta! Aprendi a deixa-lo em um cômodo fechado onde o som externo é abafado, ligar a  televisão ou música em um volume mais alto, além do ventilador ou ar condicionado! Deu super certo! Mas, somente essa mudança de postura era muito pouco. 

Resolvemos pedir ajuda de um especialista em comportamento animal! Nesses momentos de foguetórios, mudamos o foco para algo que ele gosta muito! Petiscos, brincadeiras e carinho! É um ritual! Batemos palmas, dançamos, pulamos, nos abraçamos, falamos frases de otimismo e celebração! A casa vira um hospício! Assim, Koda começou a associar os estampidos com algo positivo! Ele ouve fogos, toma susto e corre pra lamber toda família e ganhar petiscos!

Laura Fernandes, 31 anos, jornalista e tutora de Pat 

Preocupada com o bem-estar do meu cachorro, estudei algumas formas de deixar ele à vontade com o barulho dos fogos. O melhor caminho é o adestramento positivo e, na impossibilidade de contratar um adestrador, acompanhei dicas de profissionais no YouTube. O que funcionou comigo foi colocar o som de fogos bem baixinho no computador (você encontra fácil na internet) ao mesmo tempo em que brincava com meu pequeno. Importante associar o barulho a um momento prazeroso. Pat: sons de fogos no Youtube (Foto: Divulgação) Vale ressaltar que é preciso tomar cuidado para não reforçar um comportamento indesejado: ou seja, quando ele estiver com medo, evite dar colo ou petiscos. Apenas diminua o volume até um ponto que não incomode e espere ele relaxar com a brincadeira, até não ligar mais para o som. Só então dê todo o carinho que merece, incluindo os petiscos”.

Adriana Cristina Silva, 42 anos, psicopedagoga e tutora de Malie

Antes de Malie, tive uma Golden Retriever que tinha pavor ao barulho de fogos de artifício. Por conta do medo exacerbado, chegava a mudar a programação da família no período junino e de fim de ano para locais distantes dos festejos a fim de diminuir seu sofrimento.  Por conta de seu falecimento precoce, ao iniciar uma nova história com Malie, uma de minhas preocupações foi exatamente encontrar uma maneira de evitar que ela passasse pelo mesmo sentimento. Desde filhote, Malie foi habituada ao barulho de fogos (Foto: Divulgação) Então, aos 3 meses de idade,  comecei a apresentar para ela um cd que continha sons de fogos, batedeira e outros ruídos e nesses momentos demonstrar alegria, tranquilidade, segurança, bater palmas e oferecer petiscos. Alguns momentos continuava a fazer a atividade normal do momento para que ela compreendesse que estava tudo bem.

Hoje, com 4 anos, ela reage bem à esses ruídos e demonstra controle nessas situações. Algumas vezes chega acompanhar o clarão dos fogos e em outras ocasiões apenas procura um local onde se sinta mais tranquila e deita atenta. Poucas vezes reage com latidos. 

Treinador de cães e veterinária dão dicas e alertam para o uso de medicamentos e florais

- Rafael Ramos, treinador de cães e veterinário da Cão de Ouro Rafael: 'fique atento aos sinais do seu cão' (Foto: Divulgação) "É bem comum cães que não foram habituados a estímulos sonoros desenvolverem medo, fobias e sensibilidade com fogos de artifício, aspirador de pó ou qualquer coisa que emita um som mais forte. Se você tem um cão que passa por situações de desespero quando exposto a essas situações, a primeira coisa que tenho a dizer é que o treinamento deve ser feito agora para que ao longo de algum tempo venha surgir o resultado. Não tem como melhorar tanto o comportamento do cão às vésperas das festas juninas.

Em todo caso, é importante iniciar esse trabalho o quanto antes. Por isso, além de expor o cão a sons simulados e recompensa-los de alguma forma, como ensinaram os depoimentos acima, é interessante destacar que há outras formas de diminuir o desespero momentâneo do cachorro e de aumentar a segurança. Separe um local seguro em sua casa para ele ficar e onde possa colocar lá dentro tudo o que o seu cachorro gosta, como brinquedos e roupas com o cheiro do dono. 

Música ambiente ajuda a diminuir o foco dos estímulos sonoros externos. Nunca deixe seu cão nessa época sem identificação pois no desespero ele pode fugir. Diferente do que as pessoas pensam, se o seu cão for para perto de você pedindo atenção, não tem problema alguma você se dispor a dar a atenção necessária para que se se mantenha calmo.

O que você não pode fazer é, de forma ansiosa, tentar acalenta-lo pois poderá aumentar o desespero do animal. Quem está em desespero é ele e não você. Fique atento ao sinais que o cachorro dá. Sem ansiedade, você pode, sim, recompensa-lo com petisco quando ele demonstrar que está mais tranquilo. 

Por fim, cuidado com medicamentos. É comum que as pessoas busquem por soluções medicamentosas, petiscos com precursores de serotonina, o hormônio do bem-estar, que são vendidos como se fosse trazer a paz. Mas isso não é verdade. Muitos dos medicamentos não têm efeito imediato como as pessoas esperam e ainda assim a dose precisa ser definida de forma individual para cada animal. Antes de qualquer uso de medicamento consulte um médico veterinário.

O mercado aproveita do desespero de alguns tutores e também vendem florais “milagrosos” que não trazem o resultado esperado. Como estamos falando de um ser que está com fobia e alterações neuro químicas, precisamos, além das fórmulas, de alterações ambientais e de manejo. Ou seja, é importantíssimo a ajuda de um profissional que trabalhe com mudança de comportamento".

- Karen Rocha de Vasconcelos, médica veterinária da Clínica Amigo Pet Dra Karen lista cinco dicas preciosas (Foto: Divulgação) "Os cães e gatos têm a audição muito mais aguçada e desenvolvida que a nossa. Portanto, as comemorações com fogos de artifício podem ser um tanto traumáticas para eles. Problemas auditivos, nervosos, respiratórios, estresse e baixa imunológica são apenas alguns dos problemas observados nessa época. Por isso, algumas dicas são importantes":

1- Mantenha o animal em um local tranquilo e seguro, onde o som seja abafado ao máximo;  2- Se não for possível, consulte um veterinário para instituir medidas profiláticas e terapêuticas através da utilização de tranquilizantes ou fitoterápicos; 3- Não prenda seu animalzinho na corrente. Ele pode correr o risco de enforcamento com o barulho dos fogos; 4- Limpe o ambiente de objetos em que ele possa se machucar; 5- Não dê comidas típicas para o seu filho de 4 patas (podem provocar doenças gastrointestinais); 6- Mantenha os animais longe da fumaça e da fogueira; 7- Cuidado com fugas; 8- Use plaquinhas de identificação (especialmente em felinos), sempre!