Como Sobral, no Ceará, foi determinante para comprovar a Teoria da Relatividade, de Einstein

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  • Marcio L. F. Nascimento

Publicado em 10 de agosto de 2015 às 11:58

- Atualizado há um ano

Em 2015, celebra-se o Ano Internacional da Luz por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Tal data coincide com a comemoração de um importante marco na história das ciências: a Teoria da Relatividade Geral, proposta pelo Prêmio Nobel de Física de 1921, Albert Einstein.A Relatividade Geral é a teoria que explica os fenômenos gravitacionais do universo, desde a queda dos objetos até as órbitas planetárias, bem como as explosões supernovas. Centenária, mas ainda jovem em espírito, sobreviveu a um enorme número de testes sobre sua validade.

Poucos sabem, mas a primeira comprovação desta teoria ocorreu na cidade de Sobral, Ceará, numa quinta feira, dia 29 de maio de 1919. Tudo começou em 1905, quando da publicação da Teoria da Relatividade Especial, ou ainda Restrita.

Este trabalho subvertia as ideias fundamentais da física clássica ao mostrar que o espaço não era absoluto, e o tempo não corria de modo uniforme, mas eram sim grandezas relativas, que dependiam do observador. Isto apenas aconteceria ao se admitir dois postulados: as Leis da Física são as mesmas em todos os referenciais inerciais, ou seja, não existe um referencial absoluto; a velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c, igual a 300.000 km/s em todos os referenciais inerciais.

Se estes dois postulados fossem considerados verdadeiros, uma implicação direta da teoria resultaria na mudança de concepção do espaço e do tempo. Dois anos depois, ao rever este trabalho, descobriu que faltava algo, envolvendo a gravitação.De forma muito breve, uma espetacular consequência da nova teoria relativística, denominada geral, afirmava que o espaço seria encurvado, distorcido pela presença de corpos com massas enormes, como planetas ou estrelas. Assim, previu que as partículas de luz (fótons) seriam atraídas pela deformação causada no espaço, por exemplo pelo Sol, seguindo assim trajetórias curvas.Para comprovar esta previsão, foram elaboradas primeiramente duas missões de astrônomos ingleses, uma delas no Brasil e a outra na costa da África. A primeira envolveu três expedições: uma inglesa, uma americana e outra brasileira. Por qual motivo? Bem, um eclipse solar em especial seria uma oportunidade altamente favorável de teste.

Para verificar o fenômeno de encurvamento da luz, era preciso fotografar o céu durante um eclipse solar, quando é possível observar as estrelas próximas do Sol. Depois, comparar essa fotografia com outra, daquele mesmo grupo de estrelas, numa situação normal.

A previsão: como o raio de luz seria encurvado pela massa do Sol durante sua passagem, sem ele, chegaria na Terra numa posição levemente diferente. E isto foi registrado em Sobral. Importante salientar que a escolha pelo Brasil se deveu à indicação do engenheiro e astrônomo franco-brasileiro Henrique Charles Morize (1860-1930), que também participou da missão.O impacto desta particular observação astronômica foi simplesmente espetacular: logo Einstein era aclamado, talvez até com certo exagero, um gênio universal. As solicitações da fama o arrastariam a inúmeros países, inclusive o Brasil. Em 21 de março de 1925, numa viagem pela América do Sul, passou pelo Rio de Janeiro, onde escreveu: “A questão que minha mente formulou foi respondida pelo radiante céu do Brasil”. Desta forma, ao mostrar que o brilho das luzes das estrelas poderia ser desviado pela presença de matéria devido à distorção da malha do espaço-tempo, o mundo nunca mais passou a girar como antes.Professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química e do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA