Conheça Ivan Sacerdote, o clarinetista que assina disco com Caetano Veloso

Show da dupla será em 8 de fevereiro, no Teatro Castro Alves (TCA)

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  • Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 09:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação Uns Produções

Carioca de nascimento, 32 anos, em Salvador desde os 14, mestre em Música pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). O companheiro de todas as horas: o clarinete.

A iniciação musical foi com flauta doce, ainda menino, depois de ganhar da mãe uma flautinha de R$ 1,99 e ensaiar um ‘Parabéns a Você’.

Estudou, tocou com grandes nomes, como Hermeto Pascoal, Paulinho da Viola, Rosa Passos, Seu Jorge, Lula Galvão, Jorge Helder, Armandinho, Saulo Fernandes, Luiz Caldas. Ganhou prêmios, o mais recente em dezembro: o Festival de Música Educadora FM, de melhor música instrumental, com ‘Coco pra Vicente’, composta por ele em homenagem ao filho de 6 anos.

Na quinta feira (16), foi o lançamento do álbum Caetano Veloso & Ivan Sacerdote. Uma excelente oportunidade de ouvir o clarinetista Ivan Medeiros Sacerdote, que conheceu o cantor e compositor baiano há dois anos, no verão de Salvador, levado por Magary Lord e Seu Jorge para uma das festas na casa de Caetano.

Quem segue o Neojiba, a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), a Frevos e Dobrados ou a cantora baiana Rosa Passos, porém, já teve a chance de ouvir o sopro de Ivan, que se encontrou, musicalmente, com o jazz, com a bossa nova de João Gilberto e com o clarinete de Paulo Moura - um dos maiores clarinetistas do país e que morreu em 2010. Ainda na adolescência, Ivan passou também por rodas de choro no Teatro Vila Velha.

O músico diz que tocar com Rosa Passos foi um divisor de águas em sua carreira. E Rosa se refere a ele como “meu afilhado do coração” e se diz orgulhosa de tê-lo no palco, por conta de sua “musicalidade profunda”.

A escolha pelo clarinete se deu de maneira orgânica. “Eu comecei com a ideia de que o clarinete podia ter, de novo, um protagonismo na música brasileira. Paulo Moura, pra mim, é uma grande referência de como esse instrumento pode fazer interpretações fortes dentro da MPB”, diz Ivan. E isso é o que se vê nas nove releituras com Caetano: a voz e o violão, lindos, a que estamos acostumados mais o sopro doce do clarinete. Ivan Sacerdote frequenta a casa de Caetano Veloso há dois anos (Foto: Betto Jr.) Na intimidade, Ivan é descrito como uma pessoa doce, amiga, sensível, atenciosa, determinada, humilde e também irreverente. O fundador do Neojiba, o pianista Ricardo Castro, diz que o jovem trouxe alegria para a primeira geração de músicos do programa.

Castro se diverte ao lembrar de quando o sisudo maestro polonês Antoni Wit veio reger a Osba em 2007 e disse que Ivan tinha muito a aprender no quesito disciplina formal. “Tem uma cena de Ivan azucrinando os oboístas durante uma gravação. É de morrer de rir. Ficamos muito felizes em tê-lo nos primeiros anos de Neojiba conosco. Ele trouxe essa irreverência, esse talento, essa relação com o instrumento que é tão natural e que só fez crescer desde então”, afirma Castro.

Ivan tocou também na Osba como clarinetista substituto. O maestro Carlos Prazeres, regente da orquestra, tem-no hoje como um dos maiores músicos populares do país em atividade. "A técnica é impecável, o domínio da improvisação é impecável, o que é fundamental para o músico popular e, ao mesmo tempo, sabe também se vender com um visual moderno”, elogia Prazeres, que destaca a leveza e a versatilidade do instrumento, incorporado à orquestra no classicismo, na época de Mozart.

Mas Ivan escolheu a música popular e, por isso, vemos o instrumentista atrelado a nomes da MPB. “Ivan se propõe ao encargo de ser um sucessor do Paulo Moura, ícone da clarineta [ou clarinete] popular”, completa Prazeres.

A técnica impecável citada pelo regente da Osba foi o que conquistou Caetano:“Sua suavidade sonora e sua precisão musical surpreendem e apaixonam ouvintes desavisados”, escreveu o cantor, no material de divulgação do disco, gravado em um estúdio da capital baiana e no estúdio da Vevo, em Nova Iorque, no ano passado.Sonho Há mais ou menos 10 anos, a aposentada Neuza Ribeiro de Medeiros, 64 anos, mãe de Ivan, passou na porta da casa dos Veloso, em Santo Amaro, e chegou a comentar com amigos: 'Quem dera eu tivesse um filho gênio como dona Canô tem'. “Nunca imaginei o que estamos vivendo hoje. Para nós, é um sonho”, relembra dona Neuza, fã de Caetano.

Ela diz que o sucesso do filho tem muito a ver com dedicação e persistência. “Sempre foi de correr atrás, de aprender, de curtir a música. Sofreu preconceito até por acharem que tinha que ser um músico clássico, mas Ivan foi por outra direção”, diz Neuza. 

Nas palavras de Caetano: pós-jazz, pós-bossa, pós-axé, Ivan Sacerdote é boa nova da nossa música. “Eu fico muito feliz em participar, ao lado de Caetano - que é um referencial - desse projeto que tem a cara da Bahia e dos sons que sempre fiz por aqui em Salvador com o repertório variado”, comenta Ivan sobre o álbum, já disponível nas plataformas digitais.

O show da dupla está marcado para 8 de fevereiro, no Teatro Castro Alves (TCA), e seguirá para o Rio de Janeiro e São Paulo ainda no primeiro semestre.

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