Conselho Guardião do Irã diz que apreensão de navio britânico é ato recíproco

Movimento seria resposta ao papel do Reino Unido no confisco de um petroleiro iraniano há duas semanas atrás

Publicado em 20 de julho de 2019 às 17:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

O porta-voz do Conselho Guardião do Irã, Abbas Ali Kadkhodaei, disse, neste sábado, que a apreensão de um navio petroleiro britânico no Estreito de Ormuz ocorreu em resposta ao papel do Reino Unido no confisco de um petroleiro iraniano, há duas semanas atrás.

Kadkhodaei foi citado na agência de notícias semioficial Fars dizendo que "a regra de ação recíproca é bem conhecida na lei internacional" e que as atitudes do Irã para "confrontar a guerra econômica ilegítima e a apreensão de navios petroleiros é um exemplo dessa regra e baseada em direitos internacionais".

Com 23 tripulantes a bordo, o navio de bandeira britânica Stena Impero foi apreendido pelo Irã na última sexta-feira. Radares marítimos mostram que ele se dirigia a um porto na Arábia Saudita.

Em 4 de julho, a Marinha britânica tomou parte na apreensão de um navio-tanque iraniano carregando mais de 2 milhões de barris de petróleo bruto iraniano perto de Gibraltar, um território ultramarino britânico próximo à costa sul da Espanha. Autoridades no local disseram que a apreensão ocorreu sob ordens dos Estados Unidos.

O Reino Unido disse que libertaria a embarcação se o Irã fosse capaz de provar que não estava infringindo sanções da União Europeia a embarques de petróleo para a Síria. No entanto, na sexta-feira, um tribunal em Gibraltar estendeu por 30 dias a detenção do navio de bandeira panamenha Grace.

A agência de notícias estatal IRNA havia relatado mais cedo neste sábado que o Irã havia apreendido a embarcação de bandeira britânica na sexta-feira após ela ter se chocado contra um barco de pesca iraniano - uma explicação que retratava a apreensão como uma tecnicalidade, em vez de uma retaliação no atual clima tenso.

Em Londres, o presidente do Comitê de Assuntos Externos da Câmara dos Comuns do Reino Unido, Tom Tugendhat, disse que uma ação militar para libertar o petroleiro seria "extremamente imprudente", especialmente porque a embarcação aparentemente foi levada a um porto bem protegido.

Tensões entre o Irã e o Ocidente vêm aumentando desde maio, quando os EUA anunciaram que estavam enviando um porta-aviões e tropas adicionais ao Oriente Médio, citando ameaças não especificadas representadas pelo Irã.

Secretário britânico fala em extremo desapontamento

O secretário de Assuntos Externos do Reino Unido, Jeremy Hunt, afirmou ter conversado neste sábado com o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, e expressado "extremo desapontamento" que Teerã tenha garantido anteriormente querer distensionar a situação que culminou com a apreensão de um navio petroleiro de bandeira britânica nesta sexta-feira, mas "tenha se comportado de maneira oposta".

Hunt pediu "ações e não palavras" para que os dois países cheguem a uma resolução. "A navegação britânica tem de ser e será protegida."

Mais cedo, o chefe da diplomacia do Reino Unido já havia escrito no Twitter que a reação britânica à apreensão da embarcação pelo Irã será "ponderada, mas robusta". "A ação de ontem no Golfo mostra sinais preocupantes de que o Irã pode estar escolhendo um perigoso caminho de comportamento ilegal e desestabilizador após a detenção legal de petróleo destinado à Síria em Gibraltar", comentou.