Copa América: cooperativa estima lucrar R$ 3 mil por jogo com recicláveis

Cerca de 20 cooperados trabalham em cada dia de jogo

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 12 de junho de 2019 às 04:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

O primeiro jogo da Copa América em Salvador já é no próximo sábado (15). Argentina e Colômbia entram em campo pela fase de grupos da competição e prometem levar milhares de torcedores às arquibancadas da Arena Fonte Nova. Durante o jogo, enquanto torcem, baianos e turistas aproveitam para tomar aquela cerveja e acabam gerando bastante sujeira. O lixo, no entanto, terá um destino diferente e será transformado em renda para um grupo especial de torcedores. 

Trata-se da Cooperativa dos Recicladores da Unidade de Canabrava (Cooperbrava). Nos dias dos jogos, cerca de 20 cooperados irão trabalhar na Arena Fonte Nova e levar o resíduo produzido para ser vendido no galpão da cooperativa.  "Um trabalho como esse ajuda demais a gente. É quando conseguimos pagar um pouco das nossas dívidas", conta Daiana Gomes, 36, presidente  da cooperativa que foi fundada em 2003. 

A líder explica que a cooperativa conta com algumas parcerias. São empresas privadas onde o volume de lixo produzido é grande, que garantem a matéria prima para o trabalho do grupo. Com a Arena Fonte Nova, a parceria já está firmada há pelo menos três anos e garante bons resultados no galpão. No último jogo do estádio, entre Bahia e São Paulo pelas oitavas de final da Copa do Brasil, no último dia 29, a receita alcançou R$ 1.220. Nas partidas pela Copa América, como o público deve ser maior, a expectativa da cooperativa é que cada jogo gere uma renda de R$ 3 mil. Pelo menos para a primeira partida os ingressos já estão esgotados.

Processo O trabalho da cooperativa sempre começa quando o jogo acaba. Depois de cada jogo, os cooperados vão à Arena  retirar o lixo recolhido pelos funcionários do estádio. Já no galpão onde trabalham o lixo é separado de acordo com o material para depois ser vendido a parceiros, geralmente fábricas, que reutillizam a matéria prima. 

Nos jogos, o campeão dentre os materiais é a latinha alumínio, por conta do grande consumo de bebida alcoólica. Em um dia de casa cheia, a cooperativa consegue recolher entre 300 kg e 400kg do material. Depois de separado, na hora de vender, cada quilo sai por R$ 3,50. Com a renda gerada nas partidas, a cooperativa paga os custos para o seu funcionamento, como as contas de luz, salário de segurança e motoristas e o combustível do carro que utilizam para fazer o transporte dos materiais entre os parceiros e o galpão do grupo. Contas pagas, o excedente é dividido para garantir o sustento dos cooperados. 

Expectativas Uma das credenciadas para o trabalho na Copa América, a cooperada Severiana Conceição, 56, conta que em um mês de muito material vendido cada membro do grupo consegue receber entre R$ 400 e R$ 500. Trabalhando com material reciclado desde os 14 anos, a cooperada diz que foi o trabalho que a a apresentou ao futebol. “Só conheço a Fonte Nova por causa da cooperativa. Só fui lá para trabalhar, nunca pra torcer”, conta. 

Já Daiana, a presidente do grupo, diz que consegue conciliar as duas atividades. “A gente trabalha e se diverte também, né? Curte, torce, eu gosto de tudo”, brinca. Para além das brincadeiras, Daiana destaca a importância da parceria. “O futebol é fundamental para a gente. Num trabalho desses, conseguimos tirar num só dia R$400”, detalha ela, chamando atenção que um dia de jogo pode valer o mês inteiro de trabalho. 

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier