Assine

Corpo de segurança morto na Ribeira é sepultado no Campo Santo


 

A polícia suspeita que o crime esteja relacionado com o assassinato de uma transexual, em Águas Claras

  • Gil Santos

Publicado em 15/03/2017 às 18:08:00
Atualizado em 16/04/2023 às 21:53:04

Djair foi baleado quatro vezes (Foto: Reprodução)O corpo do segurança Djair Souza de Assunção, 40 anos, foi sepultado no cemitério do Campo Santo, na Federação, na tarde desta quarta-feira (15). Ele foi morto dentro do próprio carro, no Campo do Lasca, na Ribeira. O crime aconteceu na tarde de terça-feira (15) e foi praticado por dois homens em uma motocicleta. O assassinato de uma transexual em Águas Claras, horas depois, pode ter relação com o caso. 

O cemitério ficou cheio para o sepultamento. Alguns familiares e amigos de Djair usaram camisas brancas com a foto dele e a frase: "Saudade, Lombri", como ele era conhecido. Muitos policiais foram ao sepultamento. Um deles, fardado, não conseguiu ficar muito tempo dentro da Capela 05, onde o corpo estava sendo velado, e se afastou emocionado. Cerca de 500 pessoas estiveram no local e o corredor que antecede as salas dos velórios ficou pequeno para abrigar todos aqueles que foram se despedir do segurança.

O corpo deixou a capela por volta das 16h30, sob aplausos. Uma coroa de flores foi carregada à frente do caixão e o cortejo seguiu ao som de músicas do Olodum, grupo no qual o segurança trabalhava há mais de cinco anos, através de uma empresa terceirizada. Os pais, dois filhos e os irmãos de Djair estavam bastante emocionados.Olodum O cantor Lazinho, vocalista do Olodum, contou que conheceu Djair quando ele era garoto, na comunidade da Fonte da Vovó, na Sete Portas. Ele descreveu o amigo como uma pessoa alegre, que gostava de jogar bola e dedicada ao trabalho. Djair atuava fazendo a segurança da venda dos ingressos do Olodum e no translado dos músicos do aeroporto para o local dos shows. "Eu conheço ele há muitos anos, desde que ele era garoto. Ele batia o baba na Saúde e conhecia todo mundo na região. Ele era um excelente profissional. A gente até falava, algumas vezes, que, pela função que ele exercia, ele se expunha demais, mas ele era assim. Era um cara que todo mundo gostava e em quem você podia confiar. Vai fazer falta", afirmou. O presidente do Olodum, João Jorge, também esteve no sepultamento. Em nota, o Olodum lamentou o ocorrido e informou que Djair era terceirizado e prestava serviços ao bloco e outras bandas de Salvador. "O Olodum lamenta muito pelo assassinato desde colaborador. Era uma pessoa muito querido no centro da cidade. Esperamos que a polícia resolva o mais prontamente esse caso para dar resposta à sociedade", diz o comunicado. Camila foi morta algumas horas após a morte de Djair (Foto: reprodução)Águas ClarasNa tarde desta quarta, a Polícia Civil informou que a morte da transexual Camila Albuquerque, ocorrida na manhã de hoje, em Águas Claras, pode ter relação com o assassinato de Djair. A suspeita é que Camila tenha atraído o segurança até o local através de conversas pelo WhatsApp. Quando chegou no Campo do Lasca, na Avenida Porto dos Mastros, Djair foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta. Os bandidos atiraram diversas vezes contra o segurança e depois fugiram. A vítima foi atingida por quatro disparos, nas costas e nos ombros e morreu antes de receber os primeiros socorros.Algumas horas depois, Camila foi encontrada sem vida atrás de um contêiner de lixo, com os punhos amarrados e vários tiros no corpo, na Avenida Dois de Julho, em Águas Claras. O corpo estava em um canteiro, próximo à rotatória que dá acesso a Cajazeiras XI. A polícia acredita que a morte dela aconteceu como uma retaliação ao assassinato de Djair. Local onde o segurança foi encontrado morto, dentro do próprio carro (Foto: reprodução/ Google Maps)Os dois casos estão sendo investigados pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Ninguém foi preso.