Corvina será estrela do prato dos baianos nessa Semana Santa

Alta de preços faz baianos mudarem os planos na hora de preparar o almoço

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  • Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2022 às 05:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/ Correio

Seja para garantir o pescado mais fresco ou porque a grana apertou, todo ano tem gente que deixa para comprar os produtos da ceia de Páscoa de última hora. Nessa corrida, os soteropolitanos agradecem por conseguir o que precisavam, mas lamentam pela alta dos preços. 

"Deixar para vir às pressas a gente não quer, mas como a grana está curta, primeiro eu escolhi pagar as contas pesadas e deixar para comprar a ceia com o que sobrar. Sobrou muito? Não. Mas aperta daqui e dali, que vai. Pelo menos o peixe já está garantido", conta Cirlene Almeida, de 31 anos 

O local escolhido para a compra do pescado foi o Porto das Sardinhas. Ela afirma que o valor do peixe estava amigável, mas ao somar o valor da corvina com o preço dos outros produtos da ceia, o total pesa no bolso, mais do que no ano passado. Por isso, parte da compra foi paga com o cartão de crédito. 

Para Paulo Correia, 39, o motivo de não ter adiantado as compras foi a falta de tempo. Mas ao chegar para comprar os pescados, percebeu que o dinheiro também poderia faltar. Além do peixe, ele foi atrás de camarão fresco e outros produtos para o preparo de uma mariscada. O peixe escolhido foi corvina, o camarão também foi garantido, mas dos outros pescados, ele desistiu.

“Os horários de trabalho dificultam que eu consiga adiantar as compras, e eu faço questão de vim escolher o produto. Consegui pagar um bom preço na corvina e no camarão. Estão mais caros, mas deu para trazer. O que eu não achei justo foram os mariscos, que a gente comprava de R$ 17, e agora está por R$40”, explica Paulo. 

Marcio Oliveira é dono da peixaria Ponto do Camarão, no Porto das Sardinhas, ele, assim como os proprietários de outros dois estabelecimentos na região, afirmam que o peixe mais procurado nessa Páscoa é a tradicional corvina, seguida da pescada amarela e da guaricema, que são os peixes com valores mais em conta.  

Mas quem foi buscar pelos pescados na véspera, já encontrou um pouco mais caro. No início da semana a corvina estava saindo por R$ 14, ontem, o valor foi ajustado para R$15. “O valor subiu um pouco, mas o pessoal ainda está comprando, e está dando para manter as coisas este ano, como quase sempre, a corvina é o carro-chefe”, afirma Márcio.

Na região, o valor da corvina está variando entre R$ 14 e R$ 16. No Mercado do Peixe, Claudio Menezes, 46, contou que a compra de última hora é na verdade uma estratégia para garantir um peixe mais fresco. Quanto ao preço, ele assegura que não achou caro, já que preferiu adquirir o pescado na véspera. 

“Assim você encontra o peixe mais fresco, comprando antes eu tenho que congelar. Comprei de última hora porque assim eu chego em casa e já coloco direto no tempero”, revela Cláudio sobre sua estratégia para garantir uma moqueca mais saborosa. Em seguida, ele partiu para a Feira de São Joaquim, em busca dos produtos para os acompanhamentos da ceia.

Lá, o cenário era diferente. Os preços eram mais altos e os vendedores estavam pouco satisfeitos. Ana Maria, de 62 anos, se arrependeu de não ter comprado o peixe antes, pois gastou a maior parte da quantia destinada à ceia na compra do camarão seco, do amendoim, da castanha, do quiabo e do azeite de dendê. 

“Faltou dinheiro. Vim com o balde para comprar meu peixe depois daqui, mas vou ter que substituir pela moqueca de camarão. Não sobrou quase nada depois que comprei os produtos do vatapá, do caruru e das outras coisas que a gente come junto. O jeito vai ser tentar voltar amanhã, para ver se a corvina ainda rola”, lamenta Ana.

Assim como ela, Leila dos Santos, 38, preferiu diminuir a quantidade da castanha e dos outros produtos, para não deixar de comprar o peixe. “Na minha casa vão 15 pessoas, isso porque uma parte viajou. O peixe não tava barato, mas deu para comprar, agora o resto… Fui diminuindo a quantidade para conseguir levar tudo".

O CORREIO realizou uma pesquisa de preços, na Feira de São Joaquim, em duas sexta-feiras e ontem -  1º, 8 e 14 de abril - e comprovou: quanto mais perto do feriado, mais caro ficam os alimentos. O cento de quiabo, por exemplo, sofreu um reajuste de 52%, saltando de R$ 8 para R$ 20. Já o camarão seco acumula uma alta de 22%, custando entre R$ 16 e R$ 48.   

*Com orientação da subeditora de reportagem Fernanda Varela