‘Covardemente tiraram a vida dele’, diz filha de policial morto

O enterro de Pedro Rodrigues do Carmo Filho acontecerá neste domingo (5), no Bosque da Paz

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  • Laura Fernades

Publicado em 4 de maio de 2019 às 20:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Laura Fernandes/CORREIO

“Meu pai estava trabalhando e covardemente tiraram a vida dele, a vida de um servidor público”, disse, emocionada, a contadora Ana Lídia do Carmo, 37 anos, filha do policial civil Pedro Rodrigues do Carmo Filho, 63 anos, que foi morto a tiros ao interromper um assalto a ônibus no início da tarde de sábado (4), às margens da rodovia BR-324, no bairro de Águas Claras, em Salvador. O enterro acontecerá neste domingo (5), às 16h, no Cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília.

Segundo Ana, que faz aniversário no mesmo dia do pai, 17 de maio, a missão enfrentada por ele neste sábado (4) “não foi nada comparada ao que ele já cumpriu na vida”. “Ele era muito querido pela família, pelos profissionais da área e tem grande importância para a sociedade, porque serviu de coração à sua pátria”, justificou Ana. 

Diante do que aconteceu, ela só pede que as pessoas tenham “reconhecimento pela profissão” e que o poder público “invista no aumento de frota e de tropa, para coibir a violência”. O aumento no investimento em educação, “já que a proliferação da violência acontece por falta de educação”, também é defendido pela filha de Pedro, que atuava como policial há mais de 30 anos.“Ele vivia em risco. A gente estava contando os dias para que ele se aposentasse. Infelizmente a gente não pôde comemorar esse dia...”, lamentou Anderson, um dos seis irmãos de Ana. “Já tive vários pesadelos com isso, mas nunca pensei que esse pesadelo fosse virar realidade”, completou, emocionado.O crime Segundo informações preliminares da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o policial, que era lotado na 29ª Delegacia (Plataforma), reagiu ao roubo. Ele baleou um assaltante e rendeu outro. Nesse intervalo, Pedro Rodrigues chegou a pedir reforço pelo celular, mas acabou sendo baleado por trás e atingido na perna. A polícia investiga a existência de um terceiro suspeito, que ainda não foi encontrado.

De acordo com o delegado Nilton Borba, titular da 4ª Delegacia (São Caetano), ainda não se sabe se o policial estava dentro do ônibus que foi abordado pelos assaltantes quando seguia no sentido Salvador. Encontrado fora do coletivo, Pedro foi socorrido por guarnições da Operação Gêmeos, da Polícia Militar, que patrulhavam a região e conseguiram chegar rapidamente ao local. Ao ser levado ao Hospital do Subúrbio, porém, o investigador não resistiu aos ferimentos e morreu. Pedro Rodrigues do Carmo Filho, 63 anos, estava na Polícia Civil há mais de 30 anos (Foto: Reprodução) Um dos suspeitos foi localizado por policiais militares no final da tarde: Eliomar Cunha Dias, 22 anos, que foi baleado pelo investigador no momento do assalto e socorrido para o Hospital do Subúrbio, onde morreu. Eliomar já tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas e violência doméstica.

O segundo suspeito foi preso na noite deste sábado (4). De acordo com a SSP-BA, que trata o crime como latrocínio (roubo seguido de morte), Mateus Rodrigues Santos da Silva, 20, foi encontrado por equipes do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) na localidade do Boiadeiro, no Subúrbio Ferroviário. Com ele foram apreendidas a arma usada pelos bandidos a pistola do policial civil. Mateus Rodrigues Santos da Silva foi preso neste sábado (4) no Boiadeiro (Foto: Divulgação/SSP-BA) Investigação Pedro já havia trabalhado na 5ª Delegacia (Periperi) e na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, na Baixa do Fiscal. Atualmente, era investigador na 29ª Delegacia (Plataforma), no Subúrbio Ferroviário, e morava em Dias D'Ávila, Região Metropolitana de Salvador.

A Força-Tarefa da SSP-BA que investiga mortes de policiais apura o caso. Ainda segundo a pasta, policiais civis e militares de outras unidades de Salvador fizeram buscas para identificar e prender os outros envolvidos.

“Daremos todo apoio à família e as polícias que estão mobilizadas para encontrar os envolvidos. Infelizmente, estamos diante de mais um caso envolvendo criminoso que já foi preso, ganhou a liberdade e retornou a praticar atos ilícitos. Precisamos de uma reforma urgente no Código Penal”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa.