Crise deve provocar queda de 36% nas vendas para os Dia das Mães na Bahia

Em lojas de móveis e decoração a redução pode chegar a 90%

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2020 às 17:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/Arquivo CORREIO

O Dia das Mães será totalmente diferente para muitas famílias esse ano. Com a queda de receita das famílias durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e também com o fechamento do comércio, a expectativa é que as vendas tenham uma queda de 36%, em relação ao ano passado.

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-BA), a estimativa é que, em termos monetários, a perda será de aproximadamente R$ 500 milhões. No ano passado, as vendas subiram 4,9% em relação ao mesmo período de 2018.

O consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, responsável pela projeção, acredita que as quedas mais relevantes nas vendas devem ocorrer nas lojas que tiveram que manter suas portas fechadas devido ao decreto de quarentena.

“As lojas de móveis e decoração devem ter uma retração de 90% no primeiro terço do mês. É importante ressaltar que o faturamento do setor é relativamente pequeno, por isso é natural que a variação fique acentuada”, explica Dietze, que fez a projeção considerando os 10 primeiros dias de maio e analisou apenas setores que têm alguma ligação com a data comemorativa.

Na sequência de quem mais deve ter prejuízo, vem o comércio de eletroeletrônicos, com expectativa de recuo de 78% em relação ao mesmo período do ano passado. “Esse setor em específico é muito sensível ao crédito, uma vez que as compras são feitas de forma parcelada. Com o risco da inadimplência, os bancos estão fechando a torneira do crédito e, além disso, as famílias estão com receio de perder seus empregos – se não já perderam – e priorizando os consumos básicos”, destaca o economista.

O setor de vestuário também será afetado. A expectativa é que as lojas de roupas, tecidos e calçados venda 71% menos. A Fecomércio ponder auqe, apesar de ser uma atividade de bens não duráveis, com um tíquete médio mais baixo e de muita penetração no comércio online, a queda nas vendas será alta.

Guilherme Dietze avalia que isso deve ocorrer porque os consumidores têm o hábito de experimentar as roupas ou calçados antes de efetuar a compra, além de comprá-los em lojas físicas, para que possam levar na hora e, caso seja preciso, trocar de forma imediata.

Pelo e-commerce acontece o inverso. O cliente não pode experimentar, o recebimento não é imediato e a troca tem que ser feita através de um meio de transporte de carga e o pagamento é recebido conforme condição na compra, podendo ser numa fatura de cartão.

O baque deve ser menos intenso em setores básicos de consumo, como farmácias e supermercados. Segundo aponta o economista, o primeiro tende a ter uma queda de 6% e o segundo de 3%. “As farmácias e perfumarias tiveram um grande movimento entre março e abril pela busca de medicamentos para gripe, máscaras e álcool gel. As necessidades no momento seguinte passaram a ser residuais, reduzindo o fôlego nas vendas”, comenta Dietze.

Os supermercados, por sua vez, continuam com alta demanda, mesmo durante o isolamento social. Porém, os clientes estão indo menos vezes aos estabelecimentos, o que afeta o faturamento do setor.

A queda nos setores na data dedicada às mães “nada mais é do que a consequência da soma do isolamento social com o medo do desemprego”, afirma Dietze.