Dançando, largada, o samba do 'agora sim'!

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 16:17

- Atualizado há um ano

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Antes, eu acreditava que precisava ter um homem ao meu lado e mantive algumas histórias do tipo "apesar de" para, enfim, "ter" um macho. Essa foi, de longe, minha pior fase. Precisamente, o império do sexo "meia boca", das viagens "mais ou menos", do esforço pra caber no jeito e nas roupas que eu não curtia. Nesse tempo, eu cuidava de homens como se fossem crianças, fazia vozinha de falar com nenê (confesso), ganhei bicho de pelúcia (credo!), puxava os sacos das "sogras" e reparava sempre se os sobrenomes deles combinavam com o meu. Retardamento emocional, não há outro diagnóstico possível. Meus pais deviam ter me prendido em casa pra eu não namorar. Mentira, eu tinha que viver aquilo, mas não foi legal.

Depois, eu entendi que não precisava estar com alguém, mas ainda queria. Já era bem melhor, porque não teve mais "aguentar" pra manter nada. Terminar relações ficou bem mais fácil e passei a fazer isso sem medo de "ficar sozinha". Nessa fase (que foi quase ontem, na verdade) eu já me sentia menos refém, mas ainda olhava os casais pensando "eu também gostaria". Nesse tempo, ainda achava que qualquer programa seria mais divertido se eu estivesse com o "meu" cara. Tinha um vazio que não era saudade do último. Tinha uma espera que não era o desejo por alguém específico. Era uma "vaga aberta", uma cadeira vazia, era sentir a falta de um homem que eu não conhecia. Ainda era me sentir menor, quando sozinha. E foi ali, sem estar apaixonada por ninguém, amando um namorado-modelo-imaginário que saquei: esse tipo de romantismo é maluquice, vício, problema. Resultado de adestramento, pura confusão mental.

(Turning point. Chuva de purpurina dourada sobre mim. Bateria de escola de samba tocando alto e eu dançando, largada, o samba enredo apoteótico do "agora simmm!")

Não quero nunca mais sair daqui. Congela, fica desse jeito. A sacada virou sentimento e, finalmente, eu PREFIRO estar solteira. PRE-FI-RO. Curto mais. Acho mais legal. Me sinto melhor. Gosto de viver desse jeito. Não por raiva, trauma ou medo. Só sei que foi assim: primeiro, percebi que não ficava mais melancólica, quando terminava relacionamentos e não me animava muito a assumir namorados. Depois, comecei a sentir alegria nos finais e lembro bem do dia em que, depois de acabar uma história, abri um vinho, botei um som e dancei sozinha por quase uma hora. Eufórica, comemorando, celebrando e em paz. Observe: eu não havia me livrado de uma pessoa ruim, só senti um imenso prazer por me desamarrar, por não ser mais "a namorada". Eu tava curtindo a delícia de não ser a "minha" de ninguém. Pra mim, ali ficou evidente que não quero uma relação. Cristalino. Notório. Fato.

(Depois, fui mandar mensagens do tipo "oi, sumido" pros contatinhos porque toda carreira solo tem participações especiais e eu não sou de ferro nem nada)

Sim, há o amor e eu sei que ele pode me pegar hoje mesmo, ali na esquina. Já aconteceu e foi lindo. Pode rolar outra vez e veremos em que termos. Não de qualquer jeito porque agora tenho muito a perder. PREFIRO estar solteira e isso é um prazer imenso, uma riqueza sem fim e a base de qualquer relação que eu, porventura, venha a ter. Viver uma história não é mais um objetivo, uma mira, sequer um desejo. Muito menos o grande projeto para suprir as minhas faltas. Não tenho mais uma vaga aberta, não há nada que eu precise nas mãos de nenhum cara. Com alguma terapia, é fácil perceber que os buracos são mais embaixo. Com algum distanciamento do senso comum, dá pra passar de fase no joguinho e deixar de viver, meio embriagada, no mundo das músicas de Roberto Carlos (para evitar citar o sertanejo universitário).