De bebida de coco a teatro com vista para a Baía: conheça sensações deste verão

CORREIO fez lista de possíveis tendências de passeios, lugares e bebidas da estação

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Santana
  • Fernanda Santana

Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 03:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Iuri Barreto

Desça as escadas da Vila Brandão e conheça o Cantinho da Jô. Se tiver tempo, vá até a vizinha Solar do Unhão, onde um bar  distribui boias para os clientes e organiza cadeiras em cima de um dos restos rochosos da cidade de Salvador. Também é tempo de conhecer o maltado de coco, o teatro com vista para o mar e passar uma noite na Lapinha. Há, ainda, outras sugestões. Chegou o verão e o CORREIO listou, abaixo, 10 (possíveis) sensações da estação. As opções vão da gastronomia à moda. Confira:

Maltado de coco  “Se depender de mim, vira o novo acarajé”, brinca o ator baiano Ciro Salles, sobre a bebida Maltado de Coco. Na Sorveteria Cubana do Elevador Lacerda, a mistura de sorvete de coco, leite líquido e leite em pó, batidos no liquidificador, é a bebida mais pedida e, aparentemente, a preferência para o verão. “Ô se sai. É o destaque”, comenta o vendedor Raimundo Santos, funcionário do local há 29 anos. Os pedidos começaram a crescer em junho, quando o artista provocou Iuri Barreto, criador da página Soteropobretano, a experimentar a bebida. A bebida do verão: Maltado de coco (Foto: Iuri Barreto) Na família de Ciro, o maltado acompanha as gerações de histórias amorosas. Seus avós, Agueda e João, namoravam com copos de vidro da bebida às mãos. A tradição seguiu forte no romance dos pais, Débora e Emerson. E, depois, na vida de Ciro.“Isso ficou sendo tradição. Quem vai comigo prova”, diz.Então, Iuri, ao saber da bebida, decidiu provar. Depois de publicar no Instagram todas as dezenas de vezes que foi à Cubana tomar maltado – que, apesar do nome, não leva malte -, a bebida se tornou febre. Principalmente depois da chegada dos dias mais quentes.“Me apaixonei e virou um problema na minha vida”, conta Iuri. Um corpo de 500 ml custa R$ 13. “Por isso o problema”, brinca Iuri. As postagens de Iuri sobre a mistura gelada de coco chegam a receber 500 curtidas. Se depender dos dois, seguidos de baianos e turistas que vão à Cubana só para provar a bebida, o maltado de coco já é tradição. 

Chácara Baluarte

O casarão do século 19 chamado Chácara Baluarte foi aberto ao público há três anos. Até então de propriedade de um italiano, ficou fechada até ser comprada pelo grupo JR. Neste dezembro, até o final do verão, acontecem os primeiros ensaios de verão da casa, de cantores como Saulo, Luiz Caldas, Alexandre Peixe e Bailinho de Quinta. É possível visitar a casa, tombada como patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também fora dos dias de evento. Chácara Baluarte durante o pôr do sol (Foto: Divulgação) A visitação acontece de segunda a sexta gratuitamente, a depender da agenda da casa. O horário é comercial, das 8h às 18h. Se decidir ir aos domingos, é preciso ligar para agendar a visita pelo número  99627-8785. O agendamento pode ser feito no mesmo dia da visita, como explicou a administração do espaço. Da casa, é possível avistar do Forte São Marcelo à Ponta da Humaitá.

A melhor forma de chegar é pela Ladeira de Água de Meninos. É possível estacionar gratuitamente em uma das 150 vagas disponibilizadas pelo casarão.

Teatro com vista para o mar   No fundo da Casa Boqueirão, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, uma escada nos leva a um anfiteatro - arenas circulares rodeadas de degraus a céu aberto -, cercado de jardim. O espaço estava fechado há pelo menos 10 anos e, no início de dezembro, foi reaberto ao público. A ideia é fazer eventos de verão todos os finais de semana, com poesia, música e artes visuais. Pós-lida no anfiteatro Helena Rodrigues (Foto: Alessandra Benini) Até fevereiro, acontecerão edições do Pós-Lida, organizado pelo poeta James Martins, com recital de poesias e músicos convidados.“Estamos fazendo esse teste, de aceitação do público, mas também de produção”, explica o artista plástico Alfredo Gama, dono da Casa do Boqueirão, junto à também artista e sua esposa Tânia Gama.O teatro-jardim também tem um bar, onde são vendidos petiscos e bebidas até o último cliente ir embora – geralmente, entre as 20h e 22h. Quando há show ou evento, o preço dos ingressos varia dos R$ 10 aos R$ 30. Nos dias sem evento, como neste domingo (222), o público pode acessar gratuitamente o local. A vista é para a Baía de Todos os Santos e, quando o sol se põe, cordões de lâmpadas iluminam o espaço, chamado de Teatro Helena Rodrigues. 

Cantinho da Jô  Em menos de 10 minutos, o último andar dos três andares do Cantinho da Jô já, num domingo, está lotado. O primeiro e o segundo pavimento servem, respectivamente, de depósito e cozinha.“Por isso que eu não reservo, não dá para controlar”, conta Joélia Ramos Bruno, 45 anos, a Jô que dá nome ao espaço, onde são servidos, principalmente, frutos do mar. O tacho de moqueca de camarão, carro chefe da casa, serve duas pessoas e custa R$ 66.

Para chegar ao restaurante, na Vila Brandão, basta descer as escadas vizinhas à esquerda da Igreja da Vitória. A placa do Cantinho, aberto há três anos, é vista logo na descida da escada. Vista do Cantinho da Jô (Foto: Reprodução/Facebook Cantinha da Jô)  Moradora do bairro há 28 anos, Jô decidiu abrir seu cantinho depois de sair de dois empregos, um como empregada doméstica no bairro da Graça e outro como vendedora de um shopping.“Comecei a vender lanches na praça de casa, e o boca a boca foi acontecendo, as pessoas foram chegando”, conta.Aos domingos, o cantinho fica aberto até às 20h. Antes de chegar ao restaurante, Dona Jô recomenda um passeio de barco pela Baía de Todos os Santos, que banha a região. 

A NoViDaDe  Quando a maré está baixa, é possível ajeitar mesas e cadeiras sobre os restos das estruturas rochosas de Salvador, no mar da Baía de Todos os Santos. O mais novo bar do Solar do Unhão sequer foi oficialmente inaugurado e, aberto há exatas duas semanas, já é um dos mais frequentados da região. Os donos são o grafiteiro Júlio Costa, 38 anos, e o chefe de cozinha Marcos Prisk, 38, que somente há dois meses começaram a planejar a abertura do bar que seria chamado de A Novidade.

Um amigo dos dois, afastado por um problema de saúde, foi quem alugou o espaço, situado, na opinião de Júlio, numa “rota gastronômica e cultural”, formada, por exemplo, pelo já famoso Restaurante de Dona Suzana e Pizzaria Solar.“A gente não pretende vender pratos, mas petiscos, nem rivalizar com ninguém. Um amigo que chegar aqui com um peixe também pode cozinhar, Prisk ajuda. Queremos que seja tipo uma sala de estar”, define Julio.Como ainda não há placa no bar, para chegar à novidade do Solar do Unhão, é preciso perguntar aos moradores pelo “bar dos grafiteiros”. Nas horas de maré cheia, as mesas retornam para dentro do bar, onde garrafas de 600 ml de cervejas de marcas estrangeiras saem por R$ 7 e uma travessa de peixe frito para duas pessoas por R$ 20. Os clientes também recebem boias para mergulhos.  

Samba do Boteco Na esquina da Rua Democrata, no Largo Dois de Julho, um bar colorido quer justamente oferecer um espaço de encontro entre negros – mas, todos são bem-vindos. Em domingos alternados, acontece o já tradicional Samba do Boteco. Não haverá samba neste domingo, mas Helder Conceição,  29 anos, proprietário do espaço com a sócia e namorada, Tayná Benecke, 22, disse que a música retorna ao bar no segundo domingo de janeiro.

A cartela de drinks combina com o calor do verão. São sete drinks fixos, pelo preço de R$ 10. O destaque é o ‘Sou Ricaaa’, sim, com três letras “a”. É composto por uva, gengibre, hortelã, cachaça, gelo e açúcar.

Museu de Arte Moderna Desde o início do ano, o Museu de Arte Moderna (MAM) já sediou 21 shows e eventos. No último domingo (15), um festival levou 10 mil pessoas ao museu projetado em 1963, pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. O espaço foi colocado, definitivamente, na rota cultural do verão. Ano passado, a chamada “prainha do Mam”, do lado esquerdo do museu, já levara centenas de pessoas, de passagem, até lá. Desta vez, no entanto, o museu tem sido o destino final. Museu de Arte Moderna é tendência no verão (Foto: Betto Jr/CORREIO) A atração mais antiga é o tradicional Jazz no Mam. Desde 1993, músicos organizam o Jazz no Mam, quando nomes como Ivan Huol, criador do evento, e Rowney Scott se reúnem para sessões livres de jazz. O próximo jazz acontece no dia 28 de dezembro (sábado), às 18h, e os ingressos custam R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia). No momento, não há exposição em cartaz, mas há outras atrações, como ir ao cinema ou no café inaugurados do local, ou simplesmente passear no museu e assistir ao pôr do sol, um dos horários mais movimentados.

Lapinha As pessoas começam a chegar a partir das 18h ao Largo da Lapinha, no bairro da Lapinha, entre a Liberdade e a Soledade. Na praça, é possível encontra food trucks -  carros de venda de comida – e barzinhos ao redor, que organizam mesas e cadeiras na própria calçada ou na pista de paralelepípedo. Hoje, os destaques têm sido os bares Entre Folhas e Ervas e Paisagem, com vista para a Baía de Todos os Santos. Num passeio pelo bairro, é possível descobrir outros espaços virados para o mar. "A Lapinha tem uma coisa muito massa, é uma coisa daquela rua, daquele bairro, que até quem não se conhece se conhece. Tem uma coisa no entardecer ali, que é muita gostosa. A Lapinha é uma delícia", opina o ator Thiago Almasy, sobre o bairro. Além dos bares, na Lapinha, é também possível conhecer um pouco da história da Bahia. Ao lado do Pavilhão Dois de Julho, no Largo, estão, por exemplo, guardados os carros do Caboclo e da Cabocla, símbolos da participação popular na Independência da Bahia. Os casarões históricos dão um clima de tranquilidade ao local. 

Feito à mão Peças feitas à mão devem ser a tendência de moda do verão. O destaque é para objetos de palha colorida, com cores neon, e mais rústicas, opina Giovanna Visco, proprietária de uma loja de chapéus e outros objetos artesanais, como bolsas. “O Handmade (feito à mão) cresce porque tem um peso diferente de algo feito em série. A gente sabe que são peças com características próprias”, explica. No verão, podem ser usadas tanto na praia e piscina, como em outros programas.