Descarte de 500 kg de petróleo cru em área ambiental de Maraú é investigado

Prefeitura nega responsabilidade e diz que investiga culpados

Publicado em 11 de novembro de 2019 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/Arquivo CORREIO

Mais de 500 quilos de petróleo cru que atingiram as praias de Maraú, no sul da Bahia, foram jogados numa Área de Proteção Ambiental (APA) utilizada em parte como lixão.

Segundo a Prefeitura local, já houve a coleta do material e uma investigação na Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi aberta, para identificar os responsáveis por cometer o crime ambiental.

O caso veio a público após populares gravarem um vídeo acusando a Prefeitura de supostamente ter cometido o crime ambiental, o que foi negado. A gestão municipal de Maraú informou ainda que já iniciou a avaliação para saber a gravidade dos danos ambientais causados pelo descarte do petróleo cru na área do lixão, que funciona de forma irregular há mais de 10 anos e está e processo de desativação desde 2016, quando a Prefeitura de Maraú assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público da Bahia (MP-BA) com esse fim.

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Desde que o petróleo cru chegou ao litoral de Maraú, em 23 de outubro, já foram recolhidas 29 toneladas de petróleo cru, que estão sendo levados para um galpão da prefeitura que possui feito de cimento, com piso de 10 cm de espessura, e forrado com lona.

“Nós ainda jogamos uma terra por cima do óleo quando fazemos o descarte nesse galpão”, disse o secretário de Meio Ambiente de Maraú, Valdemir de Souza Lisboa Filho, segundo o qual a prefeitura recebeu de doação de uma empresa privada 200 tambores de ferro para armazenar o petróleo cru.

Em reportagem anterior do CORREIO, a Prefeitura de Maraú havia informado que o óleo recolhido estava sendo armazenado em um depósito de uma empresa privada.

Ainda de acordo com o secretário, outra quantidade da substância foi registrada nesta segunda-feira (11) entre as praias da Bombaça e Três Coqueiros. “Mas foi uma quantidade pouca e já foi recolhida”, afirmou.

Lisboa Filho informou que realiza a limpeza das praias com uma caçamba, retroescavadeira, 40 funcionários da prefeitura, com auxílio de oito homens do Corpo de Bombeiros, e mais 41 homens do Exército, além de voluntários.

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Turismo Recepcionista de uma pousada em Taipu de Fora, um dos principais destinos turísticos de Maraú, Leandro Rocha Silva, 29, informou que apesar dos impactos negativos iniciais com a presença do petróleo nas praias, os turistas não estão cancelando suas reservas.

“As reservas estão todas mantidas no Verão, tivemos, logo quando chegou o petróleo, uns oito cancelamentos, mas isso parou e para o verão estamos com lotação garantida”, disse. São 36 leitos na pousada que ele trabalha.

O dono de uma mercearia em Maraú, que se identificou apenas como Marcos, de 45 anos, disse que “a chegada desse óleo está sendo ruim para todo o Nordeste, mas creio que o momento pior já passou e a tendência agora é diminuir cada vez mais”.

Na sexta-feira passada, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) divulgou uma recomendação aos usuários das praias e pediu que, ao observarem presença de óleo nas praias, evitem frequentá-las e não toquem, nem removam os resíduos encontrados.

“Ações de limpeza estão sendo realizadas em todas as praias atingidas. Caso encontre um animal com vestígios da substância, não toque e não devolva para o mar. Ligue para as autoridades competentes”, diz o comunicado.

O Inema informou que segue acompanhando e mapeando as áreas atingidas para contribuir com as ações do Comando Unificado de Acidentes.