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Desfile da Resistência faz jus ao nome e leva espetáculo emocionante ao Santo Antônio

Ao todo, 150 modelos negros passaram pela passarela montada no Forte da Capoeira

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 4 de abril de 2022 às 02:00

. Crédito: Fotos: Sivaldo França/Divulgação

Foto: Sivaldo França/Divulgação A abertura com um trecho forte do espetáculo Navio Negreiro Dos Tempos Atuais, da Focus Produções, seguido de uma apresentação de dança afro da pequena Julia, 7 aninhos, indicava: quem esteve no Forte de Capoeira nesse sábado (2) não foi somente pra um desfile de moda. O nome já indicava isso. A prática só confirmou.

O Desfile da Resistência colocou mais de 150 modelos, jovens negras e negros, na passarela montada sob o céu azulzinho do Santo Antônio Além do Carmo.

A beleza de quem desfilou também era fruto do trabalho incrível das mais de 30 marcas que colocaram seus trabalhos para jogo no evento, que teve como tema "Gueto: As ruas falam", tentando colocar na passarela expressões cotidianas, artísticas e sociais das favelas da Bahia e pautando seu estilo com originalidade e fuga do padrão. Foto: Sivaldo França/Divulgação Cores, ousadia, beleza e representatividade subiam jà passarela junto de cada modelo e as cerca de 80 pessoas que acompanhava com olhares atentos tudo o que acontecia por ali.

Dono da loja Black Atitude e produtor geral do evento, Vander Charles comentou que fica emocionado ao ver o resultado do trabalho e valorizou a coletividade para alcançar o feito."Me sinto com a emoção do dever cumprido. Sabemos como é difícil. Nós negros não conseguimos acessar produtos que destacam nossa beleza, fortalece o black money e dá viabilidade a empreendedores. Muitas vezes, largam sua mão e fica difícil de continuar. Numa caminhada dura, só os duros caminham", apontou o produtor.Ele não escondeu a satisfação de ver as pessoas felizes num momento que alegou ser muito negado à comunidade negra no Brasil: de celebração das próprias belezas, traços, qualidades e, por que não, dos defeitos também? Afinal de contas, desfiles desse tipo são para resgatar a humanidade tão negada aos nossos. Foto: Sivaldo França/Divulgação Apresentadora do grande dia, Pérola Anjos fez um discurso emocionado sobre o propósito da iniciativa e mencionou a importância de ações do tipo para fortalecer e dar visibilidade à beleza negra. Nessa mesma linha, o diretor executivo da Focus Modas, Jonas Bueno, resumiu: "mais do que um simples ato estético ou desfile de moda, isso aqui é um manifesto, briga por revolução, fruto de um sonho por desenvolvimento coletivo", afirmou.

Jonas ainda destacou o próprio espaço. Muitos negros escravizados foram presos e apanhavam no Forte de Capoeira, onde aconteceu o evento, e estar ali anos depois recontando a história, falando das mazelas deixadas pelo período escravagistas se tornou uma maneira de contar novos capítulos."Chegamos vestindo as ruas de nós e por nós, fazendo barulhos que reverberam além dos nossos guetos e mostrando todo o nosso poder a ser ouvido, visto e desfilado pelas ruas", afirmou Vander Bispo.Vários modelos que passaram pelo Afro Fashion Day, maior passarela negra do Brasil e que chegará à sua 8ª edição em 2022, estiveram por lá. Seja na passarela, seja prestigiando amigos e colegas que estão buscando o mesmo sonho. Foto: Sivaldo França/Divulgação Hoje modelo internacional, Carlos Cruz iniciou sua caminhada no AFD em 2017 e desde então já desfilou em países como Milão, Inglaterra e China. O objetivo para 2022 é fazer trabalhos na Índia, mas antes disso ele aproveita a temporada em Salvador para tocar projetos pessoais. Um deles foi desfilar no Resistência.“Eu acho que estou já metade do caminho, mas nunca esqueço do primeiro passo. Toda vez que venho a Salvador, participo de projetos sociais e iniciativas como essa porque sei a importância que elas têm para jovens de periferia, como a violência acomete nossos bairros e a gente ter uma ação como essa é significante para meu coração”, disse Carlos. Como em todos os anos, o Afro Fashion Day acontece no mês de novembro, no dia 21, da Consciência Negra. As primeiras ideias para a edição deste ano começam a ser discutidas no próximo mês.

Mais de 250 modelos já passaram pela passarela do Afro Fashion Day, que já revelou muitos talentos. Entre eles, a top model Ana Flávia, primeira mulher negra vencedora do concurso Supermodel Of the World Brasil; Munik Lemos, que era vendedora de peixe frito na Ribeira e já participou de clipe da cantora Anitta.