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Destaque do Vitória, Marco Antônio curte férias na Ilha de Itaparica

Zagueiro revelado na Toca relembra época em que fazia a travessia até Salvador diariamente para treinar

  • Foto do(a) author(a) Daniela Leone
  • Daniela Leone

Publicado em 12 de outubro de 2022 às 11:19

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: ARQUIVO PESSOAL

Moqueca de arraia, vatapá, feijão fradinho e mariscada. Marco Antônio estava com uma saudade danada do tempero da mãe e dona Rita não economizou nas iguarias. Depois de conquistar o acesso à Série B do Brasileiro, o zagueiro do Vitória está curtindo as férias na casa onde nasceu e cresceu em Gameleira, na Ilha de Itaparica. 

"A moqueca de minha mãe é sensacional e eu tô deixando meu corpo bem à vontade, relaxando mesmo. Todo dia é um peixe, uma carne, porque faz bem”, conta Marco Antônio, em meio a risos. 

“Tô com a cabeça tranquila, curtindo as minhas férias, porque foi desgastante passar semanas e semanas jogando com pressão. Nós mesmos nos cobrávamos porque sabíamos que tínhamos que tirar o Vitória da situação em que estava”, relembra o zagueiro de 22 anos.

Revelado na Toca do Leão, Marco Antônio se firmou no time profissional nesta temporada. Não só conquistou espaço como foi um dos destaques da campanha de acesso. Ele defendeu o Vitória em 24 jogos e marcou três gols, dois deles no duelo que garantiu a classificação ao quadrangular decisivo da Série C. O triunfo por 3x1 contra o Brasil de Pelotas foi o mais marcante do ano para o zagueiro. 

“A gente não tinha entrado em nenhum momento no G8 e era a única forma de conseguir a classificação. Deus pôde me abençoar para fazer dois gols, o que já é difícil em uma partida para um atacante, imagine para um zagueiro, então foi o jogo mais marcante da temporada para mim”, elegeu.

Aquele jogo no Barradão e a conquista do acesso fizeram um filme passar pela cabeça de Marco Antônio. Ele chegou à Toca do Leão com apenas 12 anos. A vontade de se tornar jogador profissional do Vitória era tão grande que se deslocou sozinho, diariamente, durante uma temporada inteira, da Ilha de Itaparica a Salvador. Marco Antônio curte o carinho da mãe Rita (esquerda) e da tia Sandra (Foto: Arquivo pessoal) Liberado pelas professoras, ele saia mais cedo da escola. No final da manhã, pegava o ferry-boat em Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, até o Terminal Marítimo de São Joaquim, na capital baiana. De lá, seguia de ônibus até a Estação Pirajá, onde descia para pegar outra condução até o Barradão. Somando ida e volta, o deslocamento durava cerca de 5h.

“Nunca joguei em nenhum outro clube. De lá até cá é uma vida. No começo eu voltava para a Ilha todos os dias. Fiquei um ano fazendo isso e depois fiquei o restante da minha vida morando no alojamento, só fui sair no ano passado para um apartamento”, conta Marco Antônio.

“Tinha uma idade para poder ir morar no Barradão. Eu ia e voltava sozinho por não ter como minha mãe me acompanhar. Ela tinha que trabalhar, então eu tinha que ir sozinho mesmo. Ela ficava preocupada e, hoje, eu entendo a preocupação dela, não consigo ver uma criança de 13 anos hoje indo e voltando da Ilha todos os dias sozinho, mas na época eu achava que já era homem". Dona Maria, 50 anos, trabalhava na época fazendo serviços gerais e precisou vencer os medos para permitir que o filho fosse atrás do próprio sonho.

“Valeu a pena. Não foi em vão o meu esforço. Foi necessário", avalia Marco Antônio. "Mesmo sendo muito novo, ainda uma criança, eu já tinha ciência que eu tinha que ser perseverante. Era a única forma de poder dar uma melhoria de vida para mim, minha mãe e minha família. Eu encarei e hoje estou sendo recompensado, está valendo a pena todo esse esforço”. 

O zagueiro tem contrato com o Vitória até dezembro de 2023 e a diretoria rubro-negra já sinalizou que tem interesse em ampliar o vínculo. O prata da casa começa a ver o trabalho ser reconhecido dentro e fora da Toca do Leão. 

“A galera já me reconhece, alguns pedem pra tirar foto, pedem até para autografar camisa. Isso é gratificante porque você vê o reconhecimento do seu trabalho. É algo muito diferente do que eu estava vivendo até uns meses atrás. É só gratidão por esse momento, por tudo que vem acontecendo, eu tô só disfrutando disso tudo e espero dar continuidade no ano que vem”, projeta. 

Marco Antônio e o restante do elenco do Vitória só voltam aos treinos em 28 de novembro, quando será iniciada a pré-temporada rubro-negra. Até lá, o zagueiro até vai tocar na bola, mas apenas pra fazer a resenha com os amigos de infância na Ilha de Itaparica. 

“Aqui eu vou todos os dias à praia, jogo futevôlei, brinco de altinha com os amigos. Sempre que tem o baba, eu jogo. Meus amigos até ficaram surpresa porque pensaram que eu não iria querer brincar, mas eu participo, na quadra ou na praia descalço, até mesmo para manter meu corpo em atividade”.