Destinos baianos chegam a 100% de ocupação hoteleira no feriadão

Setor aponta que o 12 de Outubro marca consolidação de recuperação no setor e projeta abertura das fronteiras internacionais

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 11 de outubro de 2021 às 07:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agnaldo Novais/AGECOM

Foram cerca de seis meses de planejamento até o policial militar Jackson Santana concretizar o sonho de passar um mês rodando a Bahia com a família. O roteiro, saindo de Salvador, iniciou em Itacaré durante o feriadão do 12 de Outubro e só vai parar no final do mês após passeios em Morro de São Paulo e Chapada Diamantina. A viagem da família acontece num momento em que o turismo volta a ferver de verdade em todo o Estado, com hotéis registrando ocupações de até 100%.

De férias, Jackson já conhecia todos os roteiros por onde vai passar e agora quer que sua esposa, Manu Vieira, e sua enteada, Ágatha Vieira, também tenham a mesma oportunidade. Viajar para fora da Bahia sequer passou na cabeça dele, que prefere conhecer tudo que puder da Bahia antes de fazer outros roteiros. "Somos privilegiados com várias belezas naturais, vários locais bonitos, fáceis de chegar e que são experiências incríveis. Por isso a ideia foi sempre ficar por aqui mesmo", disse o policial, que montou os roteiros com agências de viagem e também de maneira independente, por aplicativos como o Airbnb.

Soteropolitano de nascença, Jackson e sua família representam uma fatia importante de movimentação do mercado turístico da Bahia, principalmente com a pandemia e o fechamento de fronteiras internacionais. Segundo o Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes, o estado de São Paulo representa 40% do fluxo turístico no Estado, compondo a maior parte da fatia, mas cariocas, mineiros e os próprios baianos têm colaboração importantíssima. Jackson e a família curtem piscina no Hotel Boutique Terra Boa, em Itacaré (Foto: Acervo Pessoal) Este feriadão do 12 de Outubro é encarado pelo setor como um período de afirmação do retorno e consolidação das atividades turísticas. No último feriado, de 7 de setembro, a Bahia já havia registrado o seu melhor desempenho turístico desde o Réveillon de 2021, quando o país estava às vésperas de enfrentar a segunda onda de contaminações e a rede hoteleira registrou 82,5% de ocupação. Naquele feriadão, a média foi de 79,5%, com o pico de 90%.

“Esse feriado de 12 de Outubro foi muito significativo porque em todo o estado da Bahia houve um aumento muito grande de reservas. Em Salvador, ficou em torno de 90%, um dos melhores feriados do ano. Morro de SP, Itacaré, Ilhéus, Porto Seguro e outros destinos tiveram ocupação acima de 90%. Foi o melhor feriado após a pandemia de forma consolidada”, afirmou Luciano Lopes.

Salvador teve um desempenho mais tímido, como explica o presidente da Salvador Destination, Roberto Duran. Ele explica que a cidade foi mais cautelosa no processo de reabertura e, por isso, os números só tiveram um aumento expressivo agora, com o final de semana que precedeu o 12 de outubro registrando ocupações de até 90%. Antes disso, a média girava em torno de 60% na ocupação.

Gerente-geral do Hotel Fasano, em Salvador, Leticia Alcazar afirmou que todos os feriados deram retorno positivo para o estabelecimento em 2021. Não é diferente no atual feriadão, em que o Hotel registra 100% de ocupação até o final do feriado, recebendo, principalmente, clientes do Sudeste brasileiro. Hotel Fasano está 100% ocupado até o final do Feriadão (Foto: Divulgação) Outro hotel conhecido da capital, o Wish Hotel da Bahia também não tem mais quartos até o final do feriado: ocupação total. Gerente-geral do empreendimento, Alejandro Geis percebeu que a maior parte dos clientes vêm de estados do sudeste, famílias, em sua maioria.

Presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade do Estado da Bahia (Fetur-BA), Silvio Pessoa apontou que a cidade fechou setembro com 70% de média de ocupação e já havia sido o melhor dos últimos 16 meses anteriores e a primeira vez que o setor trabalhou no azul.

"No feriado de 7 de setembro tivemos pico de ocupação de 77% e média de 70% e esse agora temos 90% de ocupação. As companhias aéreas estão operando com 85% da demanda do mercado anterior [à pandemia], em setembro deste ano foi igual a 2019. Bares e restaurantes, com ampliação de horário, empregaram mais pessoas. A divulgação que a Secult do município fez é permanente. Isso rende frutos. Estamos aguardando o mercado internacional voltar à ativa porque ainda vivemos do regional e nacional", explicou Pessoa. 

Segundo a Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, a previsão até o fim do feriado é de uma ocupação girando em torno de 90% e um fluxo turístico de aproximadamente 151 mil pessoas. 

O avanço da vacinação é o que o setor aponta como grande trunfo para aumento nos números. Além de trazer mais confiança e segurança para os turistas, também é esse avanço que permite aos governos, em todas as esferas, flexibilizar as medidas de isolamento, aumentando as aberturas e oferecendo mais campanhas para atrair o fluxo de pessoas.

"A demanda reprimida que tem, principalmente no caso do mercado brasileiro que não conta com turistas internacionais, é de dois anos. A população está ávida para retornar a alguns destinos e Salvador vem se posicionando muito bem ao longo dos anos. É um dos destinos que a população brasileira busca para reviver momentos agradáveis", disse Roberto Duran.

Foi essa demanda reprimida que fez o trio de primos Rafael, Leonel e Gabriel Azevedo fechar um pacote com destino a Praia do Forte logo após tomarem a segunda dose. 5 anos separam o mais velho, Leonel, do mais novo, Rafael, e por isso tomaram as duas doses da vacina praticamente juntos - menos de 15 dias de intervalo.

“A Bahia é um lugar que todos nós gostamos muito, cheguei a morar em Salvador durante bons anos da minha infância. Depois de todo esse tempo com medo, fechados em casa ou saindo com muita restrição, a gente tinha que ir para um lugar especial para comemorar a imunização. Acho que é um sinal de que podemos sonhar com a volta da normalidade. Esperamos que na próxima viagem, a gente já possa vir sem máscara”, disse Leonel.