Djavan vai à Jamaica em boa companhia e fica mais dançante e viajante

Álbum traz hits de Djavan cantados em ritmos jamaicanos por Ivete, Arnaldo Antunes, Criolo, Seu Jorge, Chico César, Rincon Sapiência e Zeca Baleiro, entre outros

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  • Hagamenon Brito

Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Músico paulista que começou a carreira aos 18 anos na banda de rock Tokyo (liderada por Supla), na década de 1980, e que produziu álbuns importantes e inovadores como Afrociberdelia (1996), de Chico Science & Nação Zumbi, e Samba pra Burro (1998), de Otto, BiD acerta mais uma vez com Jah-Van (Sony), bom projeto de releituras de sucessos de Djavan em ritmos jamaicanos.  Arnaldo Antunes, o produtor BiD e o rapper Rincon Sapiência participam do bom álbum Jah-Van, com canções do mestre Djavan em ritmos jamaicanos (Foto/Divulgação) Com mixagem feita em Londres pelo lendário Dennis Bovell, que trabalhou com feras como Linton Kwesi Johnson, Fela Kuti e Alpha Blondy, o álbum reúne Ivete Sangalo, Seu Jorge, Arnaldo Antunes, Criolo, Chico César, Zélia Duncan, Fernanda Abreu, Zeca Baleiro, Rincon Sapiência, Black Alien e Assucena Assucena (da banda As Bahias e A Cozinha Mineira), entre outros, interpretando Djavan em levadas de reggae, ska, lovers rock e rock steady.

A variação de estilos regueiros foi fundamental para não tornar os arranjos repetitivos, conta BiD (Eduardo Bidlovski), 51, que pensou no projeto há três anos num encontro com os parceiros Fernando Nunes (baixista alagoano que morou em Salvador e integrou a banda de Cássia Eller) e Kuki Stolarski, em sua casa.

"De repente, veio à cabeça a ideia de um disco em homenagem a Djavan, todo com ritmos jamaicanos, e falei bem alto: Jah-Van! Literalmente, o disco nasceu a partir do nome, que traduz de cara o que ele é. Foi tudo espontâneo, incluindo os convidados. O primeiro a embarcar foi Arnaldo Antunes, que encontrei na rua três dias depois. Contei a ideia e ele disse: ‘tô dentro’". Djavan aprovou -  Arnaldo abre bem o álbum com Sina, que tem participação especial do rapper Rincon Sapiência e videoclipe já rolando no YouTube, onde também aparece o reggaeman Dada Yute, que brilha na releitura de Samurai, incluindo uma citação Isn't She Lovely, de Stevie Woner. O mestre americano demorou seis meses para autorizar.

Embora exista unidade no conjunto das dez releituras, algumas se destacam mais. Entre elas, Chico César com Nem Um Dia, uma das versões preferidas de Djavan; Seu Jorge em Meu Bem Querer; e Criolo em Cigano, com participação da  tradicional banda jamaicana de roots reggae The Abyssinians.

"Mostramos o disco para Djavan e ele gostou. Disse que respeitamos as harmonias das canções, coisa que nem sempre acontece quando regravam suas músicas. No fim do encontro, ele já perguntou pelo volume 2", afirma BiD. Ivete Sangalo gravou sua participação no projeto em Salvador: ela canta Lilás no ritmo contagiante do ska (Foto/Divulgação) Ivete Sangalo também faz bonito na versão ska de Lilás. "Fernando Nunes sonhou que Ivete participava do disco, a convidou e ela aceitou", conta o produtor, acrescentando que a autenticidade sonora jamaicana do álbum deve-se mesmo à ótima mixagem de Dennis Bovell. "Ele foi fundamental para que o instrumental soasse realmente jamaicano".

O show do projeto vai estrear em março e, para isso, BiD está montando uma banda. "Em Salvador, quero fazer o show de lançamento do álbum na Concha Acústica do TCA, com a participação de Ivete Sangalo e Russo Passapusso. Já imaginou? Russo não está no disco, mas vai estar no volume 2, que vai ter Gal Costa, Lenine, Céu, Rael... Já temos outras cinco canções de Djavan em ritmos jamaicanos, mesmo porque não daria para fazer o show apenas com o repertório de dez músicas do disco", revela.

Assista o videoclipe de Sina, com Arnaldo Antunes, BiD, Rincon Sapiência e Dada Yute