'Doença misteriosa' chega a Lauro de Freitas; veja áreas afetadas na capital

Moradores relatam manchas vermelhas e coceiras pelo corpo

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 19 de outubro de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Moradores de Cajazeiras, Canabrava, Canela, Dom Avelar, Fazenda Grande, Jardim das Margaridas, Pau da Lima e São Marcos, além de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, também manifestaram sintomas de manchas vermelhas e coceira pelo corpo - mesmo quadro que afetou, ao menos, 32 moradores de um condomínio em Patamares. A relação dos bairros, onde moram 11 pessoas acometidas pela 'doença misteriosa', foi divulgada ontem pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). Os pacientes foram atendidos no Hospital São Rafael. 

Além disso, há relato de mais um novo caso em um condomínio de alto padrão da capital, na Avenida Paralela, mesma região de Patamares. "Os sintomas começaram há cerca de duas semanas. As marcas não eram tão grandes como em algumas fotos que vi. No meu caso, foi mais espalhado pelo corpo todo”, contou a engenheira Adriana Brito, por telefone. A doença é investigada por uma força tarefa comandada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ao lado do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Imagens de moradores do condomínio em Patamares, com manchas pelo corpo (Foto: Reprodução) Após perceber os sintomas, ela foi até um clínico-geral, que a diagnosticou com uma espécie de urticária - irritação na pele que pode ser causada por diversos fatores como alimentação inadequada ou estresse. Foi receitado que ela tomasse antialérgicos e cortisona, diminuindo um pouco a vermelhidão durante a primeira semana, segundo Adriana. Depois disso, ela interrompeu a medicação.

Segundo a SMS, médicos infectologistas foram deslocados para o condomínio de Patamares, que registrou os 32 primeiros casos, onde estão avaliando o quadro de saúde dos pacientes afetados pela doença.Além disso, técnicos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) atuam através da montagem de armadilhas para capturar possíveis transmissores da doença. Após realizar a captura dos insetos suspeitos, o Centro envia os exemplares para a Fiocruz, que designa pesquisadores para analisar todas as amostras.   A Fiocruz afirmou ontem não ter recebido nenhuma amostra dos animais capturados para análise e que o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) do município é quem está fazendo o estudo dos animais apreendidos.

O CORREIO esteve no condomínio e foi nos três conjuntos onde houve relatos da doença misteriosa em Patamares.  No Conjunto Etco, uma menina na portaria tinha acabo de chegar da escola e apresentava manchas vermelhas na pele - perna, braço, orelha e boca – enquanto o vizinho dela, um menino relatou que mãe tinha os mesmos sintomas. Os dois optaram por falar com a autorização dos pais, que não atenderam ao CORREIO.   Ainda no local, o CORREIO manteve contato com a administração que informou não ter sido informada do problema por moradores. Já no Conjunto Platno, funcionários da portaria relataram não saber do problema e que o síndico não estava no local. Alguns seguranças do condomínio confirmaram a situação. Por fim, o Conjunto Atmos informou que o problema atingiu somente os moradores dos condomínios já citados.

Sintomas Os sintomas são bem aparentes: manchas vermelhas pelo corpo, principalmente braços e pernas, e muita coceira que duram entre cinco e seis dias. Foi o que sentiram 32 moradores de um mesmo condomínio em Patamares. Ao todo, o conjunto habitacional, que tem 18 torres, reúne 1.622 apartamentos e uma área verde de 305 mil m² dentro da própria estrutura, que fica ao lado do Parque Metropolitano de Pituaçu, um dos principais pontos da cidade com remanescentes de Mata Atlântica.

De acordo com a coordenadora do Cievs, Cristiane Cardozo, a principal suspeita é que os sintomas da coceira misteriosa sejam causados por picadas de algum inseto ainda não identificado. “São características de picadas de insetos. Nós já descartamos a hipótese de arbovírus, a exemplo de zika e chikungunya”, explicou ela.

O QUE SE SABE ATÉ AGORA1 Primeiro caso foi registrado em agosto, em um condomínio no bairro de Patamares2 Outros moradores do mesmo condomínio passaram a apresentar os mesmos sintomas3 Os moradores relatam primeiro sentir uma dor rápida, que chamam de pinicada4 Em seguida as manchas vermelhas e a coceira aparecem5 Os sintomas duram entre 5 e 6 dias6 Nenhuma pessoa conseguiu ver o inseto7 Cremes, pomadas e hidratantes estão sendo utilizados para aliviar a coceira8 As pessoas têm idades entre 4 e 64 anos9 O CCZ e a Fiocruz instalaram armadilhas no entorno do condomínio10 O condomínio Le Parc desmentiu boatos de que houve casos da doença na unidade12 Sesab confirma 11 casos - pacientes, um deles morador de Lauro de Freitas, foram atendidos no Hospital São Rafael  

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.