Doutor Áureo sofre acidente doméstico e reclama da estrada do Capão: ‘Sofri pacas’

Médico diz que condição da estrada piorou suas fraturas; prefeito diz que haverá mudanças

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  • Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 16:20

- Atualizado há um ano

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O médico Áureo Augusto caiu de uma altura de mais de três metros, no Vale do Capão, distrito do município de Palmeiras, na Chapada Diamantina, na madrugada da última quinta-feira (6). Ainda hospitalizado – e com parte do fêmur e o osso do pulso quebrados – gravou um vídeo nesta sext-feiraa (7), público em sua conta no Youtube, em que narra a saga para conseguir sair do Capão depois de cair de um mezanino da sua casa. 

Na gravação, Áureo conta que os solavancos durante a viagem pioraram as fraturas. E que, como médico da Unidade de Saúde da Família (USF) do Vale, já havia visto o sofrimento de pacientes que, machucados, precisam se deslocar numa estrada de barro e esburacada. Áureo é o primeiro baiano condecorado com a mais alta honraria dada pelo Ministério da Saúde a um médico, a de Comendador da Ordem do Mérito, em 2017.“Desta vez, experimentei esse sofrimento. Eu sofri pacas com aqueles tombos, com fraturas. Então, pessoal, por favor, vamos pensar nas pessoas que sofrem, a gente precisa dessa estrada bem legal”, disse o médico.Morador do Capão desde o final da década de 80, Áureo disse ser contrário aos vizinhos que são contra a melhorias na estrada com o argumento de que isso povoaria, ainda mais, o distrito – principalmente de turistas. Segundo a Prefeitura de Palmeiras, o percurso tem, em média, 21 quilômetros de extensão. “Eu sempre fui a favor de que aquela estrada melhorasse mesmo. Até asfalto, tá bom? [...]Vamos sentir. Nós somos partes da natureza, os seres humanos, tá? Vamos sentir".

Prefeitura diz que estradas vão mudar Para chegar até o Capão, é preciso pegar uma van ou carros particulares que fazem o percurso, iniciado do município de Palmeiras. Os 21 quilômetros do trajeto são entrecortados por uma ponte, cuja reforma foi finalizada em janeiro deste ano. O principal problema, agora, é justamente a estrada. O prefeito da cidade, Ricardo Oliveira Guimarães, disse ao CORREIO que entregou um projeto ao Governo do Estado em que solicita mudanças na estrada. 

Na última quinta, gestor municipal esteve com o superintendente de Infraestrutura de Transportes da Seinfra, Saulo Pontes, que disse que abrirá o processo licitatório. Mas não será de asfalto. O secretário de Saúde de Palmeiras, Valnei de Paula, disse à reportagem que pessoas com problema de saúde são as mais prejudicadas pelos problemas no caminho. “Existe uma resistência das pessoas que moram lá para que a estrada seja de asfalto. As pessoas acham que tirando ou colocando o Capão vai perder o brilho. Então, esse é um dos problemas”, disse Ricardo, ao CORREIO, por telefone.O secretário disse, ainda, que o problema das estradas – por onde também passam cargas pesadas para abastecer pousadas e restaurantes - é somado ao problema das ambulâncias. O próprio Áureo mora num lugar de difícil acesso.“A ambulância comum não consegue chegar a todos os lugares. E agora que o fluxo de turistas as coisas pioram”, reclamou ele.

A Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra) disse em nota que o projeto para recuperação em revestimento primário de 19 km da rodovia que liga Palmeiras ao distrito de Caeté-Açú, incluindo a pavimentação em paralelepípedo do acesso ao povoado, está em fase de finalização. A previsão da publicação da licitação no Diário Oficial do Estado é até o mês de abril. Também está em fase de finalização a construção dos 40 metros da ponte sobre o Rio Grande, entre Palmeiras e Caeté-Açú.