'É um sinal': fiéis lotam igreja do Bonfim na última sexta-feira do ano

A data caiu no mesmo dia da celebração pelo nascimento de Cristo

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  • Gil Santos

Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 11:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/ CORREIO

A última sexta-feira do ano foi duplamente abençoada no Bonfim. A multidão de fiéis que tradicionalmente lota o Santuário da Basílica do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa, em Salvador, nessa data teve um motivo a mais para ir à igreja: celebrar o nascimento de Jesus Cristo nesse 25 de dezembro.  Nave da igreja na missa das 9h (Foto: Tiago Caldas/ CORREIO) Para algumas das muitas pessoas de branco que subiram a colina sagrada hoje pela manhã o fato de o dia do nascimento do maior símbolo do cristianismo cair justamente na última sexta-feira do ano não foi uma simples coincidência. A professora Elisangela Oliveira, 47 anos, é quem explica. 

"Esse é um sinal. Um sinal de que precisamos procurar Deus mais do que nunca. Esse foi um ano muito carregado. Tivemos, e ainda estamos tendo, muitas provações. O mundo precisa de mais amor, e Deus é amor", afirmou. Tradição de amarrar fitinhas para fazer pedidos foi mantida (Foto: Tiago Caldas/ CORREIO) E por falar em sinais, eles estavam por toda a parte mostrando que esse não era um ano normal. Dessa vez, havia um gradil do lado de fora da igreja que obrigava os fiéis a formarem uma fila para entrar no templo. Funcionário mediam a temperatura e aplicavam álcool nas mãos das pessoas. O uso de máscara foi obrigatório.

Do lado de dentro, o acesso a nave principal foi controlado e cadeiras foram postas no pátio e até na sacristia. Eram cerca de 350 lugares que foram ocupados em todas as missas. Aquela imagem de corredores aglomerados que todos os anos aparece na imprensa e nas redes sociais não aconteceu.

O reitor da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, padre Edson Menezes, contou que é preciso manter o distanciamento nos bancos, mas que quando os visitantes estão em grupo e convivem na mesma casa, é permitido que eles sentem juntos. Padre Edson fez uma leitura do cenário atual.

“Nós vivemos um ano difícil. Foram muitos desafios, muitas incertezas, mas foi um período em que as pessoas despertaram para valorizar a fé, para reconhecer que era necessário voltar-se para Deus e acreditar na sua proteção. Então, as pessoas estão vindo à igreja buscar esse consolo, essa coragem que necessitam, e a esperança de modo que possam continuar superando todos os obstáculos e todas as dificuldades causadas pela pandemia”, afirmou. Público observa imagem do Senhor do Bonfim (Foto: Tiago Caldas/ CORREIO) O prefeito ACM Neto também assistiu uma das missas. Ele postou uma foto nas redes sociais ao lado da esposa com uma mensagem agradecendo por tudo e disse que pediu que 2021 fosse um ano de recomeço, de superação e de virada de página para o mundo inteiro.

“Hoje, na última sexta do ano, e também a minha última como prefeito de Salvador, eu não poderia deixar de vir aqui, ao lado de Mariana, pra agradecer. Agradecer pela oportunidade de ter trabalhado pela cidade que amo, por ter conhecido tantas pessoas e histórias de vida em cada bairro que visitei e, principalmente, por encerrar o meu mandato sabendo que a Salvador de hoje é muito melhor que a Salvador de oito anos atrás” disse. 

Por todos os cantos era lembrado que estamos em quarentena e o tema pandemia apareceu até na homilia dos padres que se alternaram nas celebrações das nove missas do dia. O falatórios dos funcionários no acesso lateral da igreja e a movimentação da rua incomodou alguns fiéis na missa das 9h, mas eles não arredaram o pé. 

"Estou aqui para agradecer as bençãos conquistadas. Meu pai teve covid, ficou internado, mas se curou. Os dias em que ele passou no hospital foi de muita oração para mim, minha mãe e minhas irmãs. Todos nós somos devotos de Senhor do Bonfim. Fazemos a procissão em janeiro, estamos aqui na primeira e na última sexta-feira do ano, e sempre que podemos assistimos uma missa", contou a nutricionista Maria Alice Novaes, 35 anos.   Fiéis demonstraram devoção das mais variadas formas (Foto: Tiago Caldas/ CORREIO) O casal de paulistas Luís Antunes, 48, e Glaucia Moreira, 42, esteve na igreja do Bonfim pela primeira vez. "Acredito que ele terá menos trabalho para atender aos pedidos esse ano, porque provavelmente são os mesmo: o fim da pandemeia", afirmou Gláucia, após amarrar uma fotinha no portão da igreja. 

Após cada celebração os bancos e cadeiras são higienizados. Quem não conseguiu assistir as missas das 6h, 7h20, 9h e 10h30 ainda pode ver as celebrações das 12h, 14h, 15h30, 17h ou 18h30.